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Coreia do Norte explode escritório de relações diplomáticas entre-Coreias

Após cortar relações com o país vizinho e ameaçar romper o acordo militar, Kim Yo-Jong, irmã mais nova de Kim Jong-un e sua principal aliada, cumpriu a promessa de demolir o escritório em Kaesong. Entenda a situação.



Na última terça-feira (16), houve uma explosão no prédio Escritório de Relações Diplomáticas, localizado em Kaesong, cidade próxima à Zona Desmilitarizada (DMZ), entre as Coreias. A nação comandada por Kim Jong-un assumiu o ataque a construção, que após ser construído em 2018, auxiliava na conversa entre Coreia do Norte e do Sul. O complexo estava desativado desde janeiro de 2020, devido às restrições impostas durante a pandemia de COVID-19, e o fechamento total das fronteiras entre os países.

Em declaração oficial, o Ministro de Unificação das Coreias, declarou que responderiam fortemente, caso o país vizinho continuasse a piorar ainda mais a situação. No mesmo documento, disseram que o ataque “abandona as esperanças de todos que queriam o desenvolvimento da relações entre-Coreias e a paz estabelecida na Península Coreana”. Ao fim do comunicado, o governo sul-coreano não deixou indicações de retaliação iminente, mas diz: “O governo deixa claro que toda a responsabilidade nessa situação está no norte”.

Ainda no mesmo dia, a agência estatal de notícias, KCNA, reportou que tropas seriam implantadas em áreas nas quais – ambas – Coreias concordaram em desmilitarizar, incluindo a zona industrial de Kaesong. A KCNA, citando um porta-voz para os funcionários do Exército das Pessoas Coreanas, disse que as unidades de balística se reforçariam e a os postos policiais da Coreia do Norte, retirados anteriormente, iriam se restabelecer.



O ataque ao prédio em Kaesong, cidade norte-coreana, veio após sistemáticas ameaças. Em 5 de junho, Kim Yo-Jong – irmã mais nova de Kim Jong-Un, sua principal aliada, membro importante da cúpula política norte-coreana e responsável pelo Departamento de Propaganda e Informações – enviou um comunicado pela imprensa oficial da Coreia do Norte à agência estatal KCNA, onde dizia estarem “dispostos a romper o acordo militar entre as duas Coreias” e, – mais diligentemente – “desligar oficialmente o escritório criado em 2018 para negociações entre elas, caso a Coreia do Sul não impedissem ativistas de enviarem mensagens e panfletos, com denúncias relacionadas a violações dos direitos humanos e a política nuclear do país.”

“As autoridades sul-coreanas irão pagar um preço elevado caso permitam que a situação continue, enquanto apresentam todo tipo de desculpas”.

Declarou Kim Yo-Jong.
Kim Yo-Jong, irmã mais nova de Kim Jong-un, membro do Departamento da Propaganda e Informações da Coreia do Norte (Crédito: AP Photo/ Felipe Dana)

As manifestações políticas mencionadas vêm sendo feitas por expatriados, fugitivos que foram chamados de “cães bastardos podres” pela irmã de Kim Jong-un. Os mencionados em questão, lançam panfletos, mensagens por drones e até mesmo balões de ar através da fronteira, procurando alertar seus conterrâneos.



Na terça-feira (9), outros comunicados foram lançados por Kim Yo-Jong através da estatal KCNA, onde dizias ter a “intenção de diminuir ainda mais a comunicação com a Coreia do Sul” e, durante o fim de semana, ameaçaram enviar tropas à zona desmilitarizada (DMZ) entre as Coreias. De acordo com o anúncio, aquele era só “uma parte do plano contra o inimigo”.

“Se eles falharem em corresponder os passos [contra os protestos contra o regime de Kim Jong-un na fronteira], é melhor se prepararem para a possibilidade de uma retirada completa do, já desolado, Complexo Industrial de Kaesong, seguido do impedimento de tours pela Montanha Kumgang [ponto turístico na Coreia do Norte, também usado pela vizinha ao sul], ou o fechamento do escritório de relações diplomáticas entre norte-sul, este que a existência sozinha causa problemas, ou o descarte do acordo militar entre-Coreias, do qual dificilmente é de qualquer valor”.

Disse Kim Yo-Jong, através da agência estatal.

Na segunda-feira (15), o presidente sul-coreano Moon Jae-in fez um pedido à Coreia do Norte, solicitando que parassem com ameaças e hostilidade, fazendo um apelo pelo retorno das discussões formais e diplomáticas entre os países, assim não voltando atrás no acordo de 2018. Segundo o Associated Press, a quebra do acordo militar resultaria em possíveis ofensivas e confrontos nas fronteiras terrestres e domínios marítimos. As declarações dadas por Kim Yo-Jong fez com que o escritório presidencial da Coreia do Sul fosse palco de uma reunião com Conselho Nacional de Segurança, para discutir a crescente tensão  entre ambos os lados.

As ofensivas norte-coreanas vieram marcadas por um longo significado histórico: em 15 de junho marca-se o aniversário de 20 anos do primeiro encontro entre o líder Kim Jong-il e o presidente Kim Dae-jung, enquanto 25 do mesmo mês é o aniversário de 70 anos desde o início da Guerra da Coreia.



O Complexo Industrial em Kaesong a partir de 2018, passou a ser usado para conversas entre ambas as Coreias, como um escritório para discussões diplomáticas. No primeiro momento, foi palco para o encontro de Kim Jong-un e Moon Jae-in, quando assinaram a Declaração de Panmunjom, um compromisso para desnuclearizar a Coreia do Norte também a do Sul. Esse acordo foi reafirmado mais tarde naquele ano, quando Kim encontrou-se com Donald Trump – presidente dos EUA -, e se comprometeu com o desmonte de seu sistema nuclear, medida que provocaria o relaxamento das sanções econômicas, impostas pela Organização das Nações Unidas. De acordo com a matéria publicada pelo G1, o documento final não continha prazos e metas, funcionava simplesmente como uma garantia sem data. 

Encontro histórico entre Kim Jong-un e Donald Trump, em 2018. (Crédito: Evan Vucci/ AP/ Shutterstock

A relação moderadamente estável entre Coreia do Norte/Coreia do Sul e Kim Jong-un/Donald Trump durou até fevereiro de 2019, na cúpula em Hanói (Vietnã), quando as negociações estagnaram. Os EUA exigiam o desmantelamento total do Complexo em Yongbyon, para liberarem as sanções. Após se retirar da reunião, cerca de um mês depois, Pyongyang anunciou sua retirada do estabelecimento em Kaesong. Mesmo sob o acordo de Panmunjom, o regime de Kim Jong-un continuou seus testes nucleares.

O prédio espelhado era encontrado no complexo industrial de Kaesong. Em 2003, a área viu o crescimento da indústria norte-coreana, em seu melhor momento registrou cerca de 120 fábricas, empregando mais de 50.000 norte-coreanos e centenas de administradores sul-coreanos. Com a tensão cada vez mais palpável entre os países da Península, acabou sendo desligado em 2016, como um cessar do símbolo de cooperação. No espaço, então, em 2018, foi inaugurado como escritório entre-Coreias, localizado na fronteira, mas ainda tecnicamente mais ao norte. Na época, representava a primeira possibilidade de conversa diplomática regular entre as nações, uma eventualidade pouco plausível desde a guerra que separou oficialmente as Coreias.



Prédio explodido em Kaesong, em sua inauguração, setembro de 2018. (Crédito: Korea Pool/ AFP)

A Guerra da Coreia aconteceu entre 1950 e 1953. Apesar do time-out entre os países e definição de seus novos líderes, – na época, o avô de Jong-un, Kim Il-Sung se tornou o líder supremo do regime totalitário. Enquanto na parte sul da península, foi estabelecida uma democracia, nomeando o primeiro presidente, Rhee Syungman. Não havendo um acordo de paz definitivo entre elas, logo os embates e separatismo nas formas de governo, a tensão nunca esteve plenamente certificada.

Fontes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9
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  • Bárbara Contiero

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