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A influência de outras culturas e a transformação no K-POP

Conforme o K-POP ganha visibilidade no contexto internacional, o mundo também encontra uma forma de preencher os MVs coreanos. Cultura é algo que se respira, se identifica nas pequenas coisas – e nações do mundo todo servem de inspiração na hora de compor o trabalho final dos artistas.

Cenário, coreografia, figurinos ou em elementos da própria música: a cultura atravessa fronteiras e traz orgulho aos seus representantes, aquela sensação gostosa que esquenta o peito por saber que seu país está ali, sendo visto, amado e homenageado, mesmo que sutilmente.

O calor latino ganha espaço entre os vídeos coreanos. A princípio, parece uma mistura inusitada e exótica, mas a energia mais quente somada a sutileza tipicamente asiática resulta em uma combinação agradável e de tirar o fôlego.

A sensualidade do tango

Apesar das adaptações para as necessidades dos vídeos, o tango argentino mantém a potência não importa onde esteja. A escolha de roupas pretas e vermelhas aliadas a flor no cabelo são essenciais. Na apresentação de “Traicíon”, Taecyeong (2PM) segue os passos de origem e representa o país em uma coreografia dançada em par.

Gyuri (KARA) em “Day Dream”, por outro lado, aposta nos passos individuais, quando o casal está separado, e a presença de máscaras reforça a aura dramática do estilo.

Mamacitas y mariachis

Impossível deixar de citar um nome atemporal no K-POP. Super Junior já possui a tradição de investir do nosso lado do hemisfério e é muito associado ao ritmo dançante latino. “Mamacita” é um verdadeiro clássico, além de utilizar roupas típicas e os bigodões mexicanos, o MV se passa no Velho Oeste e faz alusão à tourada (comum na Espanha e no México) em elementos da coreografia e nos próprios personagens.

O México também segue representado em “Airplane pt. 2” dos Bangtan Boys. O vídeo se passa em um saloon retrô, típico das cidades mexicanas e norte-americanas, e tem o Sol como elemento de destaque: ele aparece através da arquitetura aberta, dos vitrais coloridos e até mesmo na leveza das roupas largas. Apesar de não ter os mesmos instrumentos que os mariachis, a festividade e o clima da época estão bem presentes.

E Brasil, tem?

Coreano mais brasileiro que o KARD é impossível encontrar. As coreografias do quarteto são recheadas de passos que lembram o nosso funk e a sensualidade de Somin e Jiwoo é inquestionável. Hola Hola teve o photoshoot e o choreography video gravados em Salvador, isso sem contar os movimentos leves e que remetem à capoeira.

Senorita” do SHINee segue a mesma pegada. É possível sentir os instrumentos de percussão brasileiros ao fundo e na própria coreografia, movimentando-se como se estivessem tocando. Há quem diga que há uma pitada de samba no pé dos meninos também, bem brasileirinhos mesmo.

A potência do violão espanhol

O som reina nas músicas coreanas como um fortíssimo representante latino. Inúmeros grupos o utilizam ao seu favor, entre eles, “O Sole Mio”, que embora tenha o título em italiano e um pequeno trecho em latim, usufrui do violão, de passos de dança característicos e até apresenta uma catedral espanhola ao fundo.

Egoistic” do Mamamoo grita Espanha a plenos pulmões. Há figurinos semelhantes ao flamenco e a tourada, a predominância das cores fortes, a presença do Sol e do calor, a arquitetura típica e a decoração que também representa o violão.

Outros mvs dignos de citar são “I knew it”, Sonamoo, que utiliza passos de flamenco, e “Senorita” do VAV, que leva a Espanha na coreografia e na arquitetura. 

Do mundo para a Coréia

Cuba encontrou seu espaço no mv de “Daddy”, do Psy, através da salsa e do figurino. O Renascimento tem voz em “Want” do Taemin, há várias referências ao Homem Vitruviano (Itália) e é possível sentir a perfeição do homem em cada um dos movimentos, sem contar a presença da escultura “Portas do Inferno” de Rodin (França), inspirada na Divina Comédia de Dante.

A arquitetura grega é muito aproveitada em diversos MVs, entre eles, “Dionysus”, do BTS, que investe em colunas dóricas, abóbadas de berço, mesas longas e cadeiras semelhantes às usadas nos grandes banquetes divinos. A toga nos leva diretamente ao período arcaico e a coreografia faz alusão às festividades do deus da festa e do vinho.

“Idol”, também do BTS, apresenta diversos elementos da própria cultura coreana, mas faz uma passagem digna pelo continente africano com a dança Gwara Gwara, que inspirou o refrão da coreografia. O Maracatu (afro-brasileiro) também é muito marcante.

De volta para a Ásia

Por trás de toda a energia de “Bomb Bomb” (KARD), é possível reconhecer a arte islâmica pela arquitetura do espaço, como nas janelas rosáceas, nos vitrais e nas cores vibrantes. Tapeçarias e véus também foram uma grande aposta.

A apresentação “Cleopatra” da Solar (Mamamoo) no MAMA 2018, diferente do imaginado, não está apoiada no Egito. O pole dance surgiu na Índia, baseado em uma técnica de ginástica, e o figurino somado à dança do ventre são de uma odalisca árabe.

Como o K-POP fica nesse cenário?

A música pop coreana não deixa de ser menos coreana porque incluiu elementos de outras culturas. “Ser influenciado” é mais que utilizar outras culturas como referência, é assumir como um modelo de inspiração. O intercâmbio cultural é um resultado positivo da globalização e difere da apropriação cultural, pois é visto sem relações de dominâncias.

O K-POP se consolidou como um gênero com inúmeros subgêneros e, além de ter se tornado popular, ganhou espaço no contexto internacional, viajando o globo em premiações e nos próprios MVs – um processo que não tira a essência da música, apenas atravessa fronteiras e abraça o mundo.

Por: Karina Giannini
Fontes: 1, 2
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