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[ENTREVISTA] Como a cultura coreana melhorou a relação entre mães e filhos

Pensa que KPOP é só coisa de adolescente? Que nada! O hallyu – “onda” da cultura coreana – conquistou pessoas de todas as idades e com as mães não foi diferente. No dia delas, a KoreaIN conta histórias de mães apaixonadas pela cultura coreana e como esse amor em comum é importante para construir bons relacionamentos com seus filhos, independente da faixa etária deles.



Conforme a expansão do hallyu, em especial dos anos 2000 em diante, vemos que o contato das mães com a cultura coreana, em sua maioria, foi feito através de três vertentes: um amor prévio por cultura oriental, indicação de amigos e indicação dos próprios filhos.

A empresária Lorena Franco (40), por exemplo, já gostava de cultura japonesa e aumentou seu repertório com o KPOP através da ajuda da filha de uma amiga. A contadora Cecília Borato (26), por outro lado, chegou no hallyu com a indicação de uma amiga sobre a produção audiovisual do país e hoje se considera dorameira de coração. A comerciante Elaine Menato (49) conheceu através da filha, que era tão apaixonada que fez até aulas de coreano. A mãe não ficou de fora e mergulhou junto no aprendizado de uma nova língua.

O amor por esse universo vai além do ritmo e do visual: todas as mães entrevistadas concordam que os aspectos que mais chamaram sua atenção foram a dedicação em todas as produções e o respeito que a cultura inspira.

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É o que a confeiteira autônoma Gabriella Mosso (26) mais gosta na cultura coreana, complementa à opinião da gestora de RH, Reângela Gois (47), grande admiradora da visão de mundo transmitida pelos coreanos. Nesse quesito, as mães dão um destaque especial aos K-dramas. Leveza, foco nos detalhes e o modo como a história se desenrola são os pontos chave.

Reângela (47) e a filha Isabella (19)

A admiração reflete em seu dia a dia, uma vez que as mães querem trazer alguns dos valores coreanos para casa. Lorena e Reângela citam o BTS como um importante exemplo em aprender a lidar com as divergências de forma respeitosa e estar sempre aberto à conversa – maturidade que elas vêem na cultura asiática de forma geral. Retirar o sapato antes de entrar em casa também foi um costume adotado por muitas das mães.

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É importante destacar, também, como o contato com o hallyu proporcionou experiências únicas. O interesse despertou a vontade de imergir na cultura coreana em amplos aspectos: aprender o idioma, experimentar e até cozinhar os pratos típicos e explorar a moda são campeões. Esse universo abriu portas para que elas fizessem mais amizades, o Twitter agora é um aplicativo básico.



Cultura em família


Ir aos shows do BTS e do Monsta X em 2019 foi muito marcante para a Gabriella:

O que conheci da cultura deles me incentivou a buscar fazer cada vez melhor tudo o que faço.

Momentos especiais como esse se tornaram diários para as mães: a cultura coreana ajudou não só no relacionamento com seus filhos, mas na criação de experiências que ficarão marcadas para sempre no coração de ambas.

Isabella (19) e Reângela (47) no show do BTS, em 2019

Lorena gosta de assistir doramas com seus filhos, Dimitri (13) e Katarina (9). O favorito deles é Strong Woman Do Bong Soon.

Sempre é uma oportunidade de aprendizado ou ponderação sobre alguma atitude. Dá trabalho, porque minha pequena não consegue ler as legendas tão rápido e eu tenho que ler tudo, mas vale a pena! Eles curtem me ver feliz e brincamos juntos.

Relata Lorena.

Gabriella e o filho (9) se divertem colocando as músicas alto e dançando juntos: “me faz pensar também em formas de mostrar que ele pode e deve ser mais independente, sonhar e buscar seu próprio futuro”.

Reângela sente que ela e Isabella (19) sempre tiveram um relacionamento aberto, mas que a cultura coreana ensinou valores preciosos que a vida tem. Durante a quarentena, elas estão aproveitando para assistir doramas juntas, e completa:

Sempre damos uma pausa e falamos a respeito do que estamos vendo.



Luiza tem 2 anos e já assiste clipes infantis tanto em português quanto em coreano, influenciada pela mamãe Cecilia. Ela torce para que a filha se interesse tanto quanto ela e ensina, desde já, a respeitar culturas e costumes diferentes dos nossos.

“A cultura coreana nos proporciona momentos de dança, cantoria e risadas. Eu não troco isso por nada! “

Cecília (26) e Luiza (2) assistindo Pinkfong, canal coreano infantil

Elaine tinha mais contato com o hallyu antes da Lívia (22) se mudar para o exterior. Ela relembra os momentos juntas com muita emoção e cita o grupo Girl’s Generation e os dramas Love Rain e Boys Over Flowers como protagonistas de muitos desses momentos.

Era algo nosso. Foi muito bom, nunca impliquei com isso, pelo contrário, abracei, e daí fortaleci nossa amizade e carinho.

Relembra Elaine.

A Hallyu como criador de momentos e a luta contra o preconceito


O contato com a cultura coreana estreitou os laços entre mães e filhos e permitiu que eles, juntos, pudessem dividir e construir vivências únicas. Deixou de ser apenas um gosto em comum, o hallyu passou a ocupar parte significante do dia a dia, seja como um criador de memórias ou como um meio de transmitir ensinamentos.

Isso é muito importante até para a formação do adolescente, minha filha conheceu uma outra cultura, foi atrás (…) e eu sempre incentivei.

explica a comerciante, que foi parte ativa daquilo.


Tantos momentos bons, positivos, proveitosos e construtivos na relação de mãe e filho, não quer dizer que seja fácil… Uma dificuldade recorrente entre as mães fãs da onda hallyu é o preconceito. As críticas desmerecem o intelecto e maturidade, apenas pelo interesse na cultura coreana, em especial na música. Elas sentem que precisam ficar explicando os benefícios sobre ter contato com outra cultura – é desgastante, como se precisassem sempre de aprovação, mostrando que não são só adolescentes que sofrem com isso.

Gabriella tem dificuldade até de estudar coreano. Sempre escuta que não faz sentido e “se vai estudar uma língua oriental, que estude mandarim, pelo menos tem mais chance de ser útil”. Algumas vezes, esse tratamento é tão extrapolado que vem na forma de “sugestão de como educar os filhos”.

Mas as mães dão o recado: elas não precisam de aprovação, e sim de respeito. A empresária, Lorena, não cede às provocações e diz que, na verdade, lidar com as críticas é uma forma de aprendizado. Cecília enfrenta as críticas e preconceitos de cabeça erguida e rebate:

Entram por um ouvido e saem pelo outro. A criação da minha filha é problema meu e do pai dela.

desabafa a contadora.


Participar da vida dos filhos é o grande objetivo das mães. Se for algo saudável então, aproveitar juntos é quase inevitável. As fases passam, mas os momentos criados juntos são eternizados – laços particulares como esses são importantes construtores de identidade e educação. O conhecimento de outra cultura expande os nossos horizontes, e que melhor companheira de viagem do que nossa própria mãe?

Marli (46) e Karina (18) no show do BTS em 2019

Escrever essa pauta foi muito especial para mim, porque minha mãe, Marli Beraldi (46), é tão apaixonada pela cultura coreana quanto eu. Especialmente os doramas coreanos: dificilmente tem algum que ela já não tenha assistido. Esse “algo em comum” continua criando memórias inesquecíveis entre nós. A lembrança favorita da minha mãe é o show do BTS em 2017, o primeiro sonho que realizamos juntas.


Por Karina Giannini Beraldi
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