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Literatura Quadrinhos

Autores transgêneros lançam autobiografia em quadrinhos

Dois autores transgêneros sul-coreanos, que atendem pelos nomes de Cheyenne e Mallang, viraram amigos após Mallang descobrir os quadrinhos de Cheyenne que retratam a vida e os desafios das pessoas transexuais. Agora, a amizade virou uma colaboração que visa confortar pessoas que estão passando pelo mesmo processo que eles.



A obra possui pouco menos de 200 páginas e é dividida em duas partes, cada uma desenhada por um autor. Em “Meu nome é Cheyenne e eu sou Transgênera” (em tradução livre), Cheyenne narra a história de uma princesa sereia que tenta alcançar o mundo dos humanos assim como as pessoas trans fazem. Já em “Meu nome é Mallang e eu sou Transgênero“, Mallang se retrata como um peixe antropomorfizado. Um peixe que nada livremente pelo oceano, representando sua vontade de se liberar dos preconceitos e amarras sociais. O lançamento é pela editora Kumkun Books.

Diante de todo o preconceito e falta de informação que cercam as pessoas trans, Mallang, em entrevista ao The Korean Times, disse: “Quero informar, mover e confortar os adolescentes trans que não conseguem facilmente obter informações corretas sobre a transição bem como aqueles que são forçados a esconder suas identidades de gênero como um indivíduo em um armário assim como ocorreu comigo no passado“.


A vida como inspiração

Mesmo que sereias e peixes antropomorfizados não existam no mundo real, a inspiração por trás da história dos personagens foi a vida dos autores. Um dos capítulos de escritos por Mallang fala especificamente de sua experiência servindo ao exército. Ele permaneceu lá por quatro anos como soldado feminina, gênero atribuído em seu nascimento, e relata que não faria isso novamente porque, por serem minoria na instituição, as mulheres estão sempre na mira gostem ou não: “Em uma organização fechada e misógina como a militar, é difícil não apenas para mulheres-cis, mas também para homens e mulheres trans sobreviverem“. Um dos motivos que levou Mallang a fazer isso foi para conseguir dinheiro para sua cirurgia de transição.

Além de ser um conforto para pessoas trans, a obra também poderá ajudar àqueles que desejam saber mais sobre o universo transgênero. Algumas pessoas acham, por exemplo, que a existência de pessoas trans e seus esforços para mudar de gênero seja algo negativo que apenas reforçam os papéis de gênero e o preconceito. Cheyenne e Mallang discordam e dizem que a transição é, na verdade, uma questão de sobrevivência para diminuir o assédio e o risco de violência que as pessoas trans sofrem.

Nas palavras de Cheyenne: “As pessoas parecem entender ao contrário, achando que a comunidade trans se adequa aos estereótipos de gênero simplesmente porque eles querem. Mas, em muitos casos, se não nos atermos a essas imagens, outros não reconhecem a nossa identidade e ficamos expostos a perigos maiores na vida quotidiana“.

Apesar de cada vez mais membros da comunidade trans assumindo suas verdadeiras identidades, a Coreia do Sul ainda sofre uma grande onda de casos de violência sobre a população LGBTQIA+. A morte de três mulheres trans em fevereiro e março deste ano também acendeu um alerta para as pessoas transgêneras. Cheyenne e Mallang disseram que é importante lembrar delas e honrá-las, mas também aproveitar a oportunidade de transmitir mensagem de esperança e apoio:

Ao mesmo tempo, é muito importante que, ao se esforçar para trazer mudanças, se você se sentir exausto ou deprimido, comece imediatamente a buscar sua felicidade e segurança. Mudanças sociais não acontecem em apenas um dia. Lembre-se: você tem que viver primeiro.

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Fonte: (1)
Imagens: Kumkun Books (reprodução)
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Greyce Oliveira

    Cearense de Fortaleza, é metade uma humana normal professora de Inglês e metade ELF(a) precisando (talvez) de tratamento para parar de falar no Super Junior toda hora.

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