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Coreia do Sul e Japão têm atrito devido à água radioativa de Fukushima

Na última quarta-feira (14), o presidente sul-coreano Moon Jae-In declarou que considera fortemente a ideia de levar ao Tribunal Internacional do Direito do Mar, braço intergovernamental da Organização das Nações Unidas, a decisão do governo japonês de despejar no oceano mais de 1 tonelada de água radioativa tratada, acumulada em tanques na usina de Fukushima, destruída após o terremoto seguido por um tsunami que acometeu o país em 2011. No início da semana, o Japão anunciou que a partir de 2023 começará a liberar o conteúdo no oceano Pacífico.



A declaração polêmica vinda do Japão, resultou em protestos na península sul-coreana. Grupos de ativistas pelo meio-ambiente fizeram passeatas em Seul, capital do país, em frente a embaixada japonesa. Muitos deles vestiam roupas imitando os uniformes usados por trabalhadores de usinas nucleares, segurando cartazes com símbolos de “radioatividade” colados em cima de peixes, camarões, além de máscaras com o rosto do Primeiro Ministro japonês, Yoshihide Suga, pedindo que reconsiderem a decisão.

Em uma reunião emergencial com outros ministros, Koo Yoon-cheol, chefe do escritório de Coordenação das Políticas Federais sul-coreanas, declarou que tomaria todas as medidas cabíveis para evitar qualquer tragédia ou ameaça a segurança dos habitantes.

“A decisão nunca poderia ser aceita e não somente seria perigosa para a segurança e ambiente marinho dos países vizinhos, ela também foi feita unilateralmente, sem acordos com nosso país, o mais próximo geograficamente do Japão […] Nós pedimos que o Japão tome decisões concretas, visando a segurança de nossos cidadãos e prevenindo qualquer dano ao meio-ambiente.”

Declarou Koo Yoon-cheol.

Os países mais próximos da baía japonesa (China, Taiwan e Coreia do Sul), também pediram por transparência em relação ao tratamento da água, da qual vem sendo mantida em 1.000 tanques no terreno desativado da usina de Fukushima. O governo japonês garantiu que todo o conteúdo radioativo seria filtrado, mas órgãos ambientais continuam exigindo declarações mais precisas.

Tanques de água na usina de Fukushima. (Crédito: Kyodo/ Reuters)

Segundo a Reuters, as reclamações e reivindicações formais relacionadas à responsabilidade do governo nipônico foram levadas ao Koichi Aiboshi, embaixador do Japão em Seul. Nenhuma resposta oficial foi obtida até o momento.

Por que tem água nos reatores nucleares?

Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9.1 na escala de Richter atingiu o Japão, seguido de um tsunami que varreu a costa noroeste do país. Entre os danos, estão os reatores nucleares de Fukushima que foram atingidos e tiveram a energia cortada, e tal qual, os geradores que foram destruídos pela onda. Os geradores começaram a superaquecer, oito vezes mais do que os níveis normais, e as tentativas de esfriar estavam falhando, visto que a tragédia derrubou o sistema de resfriamento e três dos reatores estavam derretidos. Como resposta, começaram a usar água do mar para prevenir desdobramentos ainda piores causados pelo vazamento de materiais nucleares nas cidades próximas, assim cerca 1.2 toneladas de água foram injetadas na usina elétrica e depois transportadas para tanques.

De acordo com a companhia Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), até o verão de 2022, a água preencherá todos os 1.000 tanques disponíveis e seguros da usina elétrica. A empresa soltou uma declaração dizendo que o governo japonês aprovou a decisão de liberar o conteúdo no Oceano Pacífico.

Apesar de declarar que a água será filtrada antes de ser despejada, ambientalistas relembram a baixa credibilidade da empresa nipônica em relação ao tratamento de componentes radioativos na água. Em 2018, a TEPCO assumiu que não estava filtrando os elementos da água, como vinha alegando nos últimos anos. A reputação da companhia se tornou ainda mais negativa ao ser acusada por diversos veículos comunicacionais de falsificação de dados desde 1977, em 199 inspeções dos 13 reatores em Fukushima, resultando em riscos à saúde pública.

A TEPCO liberou que chegarão em menos de 1/40 dos níveis nacionais de trítio (elemento radioativo) permitidos pelo padrão nacional, ou seja, 1.5000 becquerels. A água será diluída mais de 100 vezes com água salgada, assegurando os resultados. No entanto, órgãos ambientalistas asiáticos concluíram que o sistema de processamento avançado de líquidos não remove partículas de trítio ou carbono 14, ou além outros isótopos radioativos encontrados nos tanques.

Fontes: (1), (2), (3)
Imagens: Kyodo/Reuters (reprodução)
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  • Bárbara Contiero

    Maria-cafeína. Tenho mais livros do que amigos. Minhas roupas são 70% de brechós. Epik High me mantém acordada de manhã.

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