Quem nunca ouviu o anúncio do debut japonês de algum grupo coreano e achou isso confuso?
Muitas empresas escolhem promover comebacks diferentes no Japão, selecionando músicas em japonês e discos unicamente neste idioma.
Entenda o motivo para os idols de K-POP debutarem e se promoverem no Japão.
Imagem: Reprodução Twitter @loonaJPofficial
Durante a década de 1970 e 1980 o Japão passou a investir massivamente no que chamam de “soft power”, uma forma de poder aparentemente inofensivo focado principalmente na cultura de uma nação.
Uma explicação extremamente simplificada sobre a economia atual do Japão:
Enquanto nas décadas anteriores o país nipônico era considerado uma das potências de “hard power” - armas, militarismo e tecnologia nuclear - houve uma mudança na forma como passou a ser visto.
Com empresas focadas em tecnologia, o mundo já não enxergava o Japão só como o país brutal que evoluiu em tempo recorde durante a 2ª Revolução Industrial e que, durante a Segunda Guerra Mundial, dominou outros países.
Agora eles são uma nação de economia estável, baseada na indústria e nos próprios meios, exportando isso para o mundo.
Outro ponto importante: o Japão consome produtos culturais nacionais ou gravados em japonês. Eles exportam mais cultura e tecnologia do que propriamente importam.
A indústria musical japonesa é a segunda maior e mais lucrativa do mundo, atrás somente dos Estados Unidos da América.
Isso acontece devido a uma estrutura independente de outros setores e com administrações voltadas especificamente para o ramo artístico.
Ou seja, conseguir sucesso no Japão é mais “fácil” e costuma render benefícios melhores do que a própria indústria musical sul-coreana, da qual, apesar de representar um dos maiores soft powers do país, ainda está se estruturando e por vezes acaba se saturando. O passo seguinte das empresas sul-coreanas foi se arriscarem em outros mercados.
O Japão sendo a terceira maior economia do mundo e possuindo público com interesse em grupos de K-POP, as empresas coreanas também procuram sua parte nesse mercado. Lançam MV únicos, singles, álbuns inteiros em japonês, até mesmo abrem filiais nipônicas e debutam grupos dedicados ao mercado, como o NiziU.
Imagem: Reprodução Twitter @NiziU__official
Ou seja, é rentável para empresas de entretenimento sul-coreanas investirem em debuts e comebacks em japonês.
Imagem: Divulgação JYP Entertainment
Um detalhe importante: essa cultura de debut e comebacks japoneses não começou agora com o TWICE ou BTS, mas sim em 2002 com a cantora BoA.
Em 2002, BoA lançou o álbum japonês “Listen to My Heart” e vendeu a impressionante quantidade de 1 milhão de cópias, somente entre os fãs japoneses. Ela foi a primeira cantora solo coreana a conseguir tal feito no Japão.
A cultura de envolver lançamentos em japonês para gerar identificação com o público - que consome mais músicas cantadas no próprio idioma - cresceu a partir desse momento.
Imagem: BIGHIT Entertainment
O que você acha dos comebacks japoneses feitos por grupos de K-POP?
Imagem: JYP Entertainment
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Fontes: Quora/ The International/ World Population Review/ “Kyoto Love: Japan’s Controversial Rise to Soft Power Nation” tese por Roberto Nisi/ The Korea Times/
Texto: Bárbara Contiero Webstory: Daniele Fernandes