Nos últimos anos o churrasco coreano tem conquistado uma legião de fãs, principalmente entre não-coreanos; sua popularidade pode ser equivalente ao dim-sum, uma opção de almoço que se tornou muito conhecida entre não-chineses.
O churrasco coreano tem uma história fascinante e já percorreu um longo caminho desde suas origens primordiais até o lugar onde agora é reconhecido globalmente. Então, como de fato começou a cultura do churrasco na Coreia?
História
Suas origens datam da era Goguryeo (37 a.C. – 668 d.C.).
Acredita-se que os coreanos descendem de uma série de tribos bárbaras e nômades, algumas da Sibéria, outras da Ásia Central. Uma dessas tribos eram conhecidos como ‘Maek’, um grupo errante que deixou a Ásia Central para o leste, alcançando finalmente a Manchúria e a península do Nordeste da Ásia, onde hoje está situada na maior parte a Coreia.
O grupo trouxe junto deles um prato resistente para que pudessem sobreviver as adversidades que enfrentariam durante sua jornada. O prado era conhecido por “Mekjeok” uma carne pré-salgada que ajudava na preservação do alimento durante a viagem.
Quando o país se tornou budista e adotou a culinária vegetariana, o prato foi praticamente esquecido pelo povo, voltando a ser consumido durante o século 13 quando invasores mongóis normalizaram novamente o consumo de carne, tornando-se muito popular entre a realeza durante a dinastia Joseon (1392-1910).
Da década de 1920 em diante a produção de carne foi comercializada e tornou-se muito mais ampla e disponível na Coreia. Durante a ocupação japonesa (1910-1945) no entanto, houve novamente uma diminuição da popularidade do prato, devido aos altos preços por conta da escassez de carne bovina.
Na década de 1950, com a introdução das máquinas de fatiar – que chegavam à Coreia através do exército norte americano durante a Guerra da Coreia – a popularidade do churrasco coreano voltou mais uma vez a luz, tornando-se na década de 1990 o alimento mais popular entre os coreanos.
Características
O churrasco coreano consiste em fatias finas de carne, ao invés de bifes grossos ou costelas. Isso permite que a carne cozinhe de forma fácil e rápida. O sabor é amplamente valorizado, por isso cortes mais nobres entram na grelha com um mínimo de tempero, enquanto cortes mais duros costumam ser marinados antes de cozidos.
Tipos de carne e acompanhamentos
Samgyeopsal (barriga de porco) – corte mais comum na Coreia. Consiste em tiras fatiadas de forma fina, garantindo um cozimento mais rápido, deixando a carne mais suculenta.
Galbi (carne desossada/costelinha) – comum em qualquer restaurante coreano, assim como a barriga de porco. É marinada em alho e molho de soja clássico, mas o toque especial vem das frutas que conferem um sabor mais doce ao prato, ajudando também na maciez do corte.
Usamgyeop (fatias de barriga de boi) e chadolbaegi (tiras de peito de boi) – esses pedaços lembram fatias enroladas de bacos, sendo mais fáceis de cozinhar exigindo um mínimo de esforço.
Bulgogi (tiras de lombo) – é o prato que pode ser considerado um dos originários do churrasco, tendo corte de lombo marinados com alho, gengibre, cebola, açúcar e molho de soja. Óleo de gergelim é usado para adicionar mais aroma e sabor à carne.
Além das carnes existem também acompanhamentos como Ssamjang, um molho sem cozimento que combina o sabor do doenjang (pasta de soja) com o calor do gocujang (pasta de pimenta). O molho é complementado por óleo de gergelim torrado e sementes de gergelim. Há também uma variedade de guarnições conhecidas como Ssam que podem ser pimentas coreanas verdes cortadas em fatias finas, dente de alho e cebolinha, além de folhas de alface e parilla.
O Banchan é um termo genérico para os acompanhamentos que ajudam a evitar a fadiga do paladar por conta da quantidade de carne que é consumida. Dentro desses acompanhamentos podem estar vegetais em conserva e fermentados, incluindo kimchi; verduras marinadas como agrião ou espinafre; anchovas secas e fritas; omelete enrolada, entre outras coisas.
E finalmente as bebidas que podem incluir cerveja, Soju, Makgeolli (vinho de arroz) ou vinho. Lembrando que beber é uma atividade coletiva dentro da cultura coreana e vem com sua própria etiqueta – como servir bebidas para os outros e não para você (sempre de forma ordenada iniciando pelo mais velho) e receber bebidas com as duas mãos.
Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10)
Imagens: Leega Korean BBQ, Nomfluence, Wikipedia, Monin, Big Oven, Primer – Reprodução
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