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[Setembro Amarelo] Ações desenvolvidas por empresas sul-coreanas para diminuir as taxas de suicídio

A Coreia do Sul é um dos países com a mais alta taxa de suicídio do mundo, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O incentivo secular para a competitividade social, problemas financeiros, o abandono dos idosos e a cultura de ver a morte com uma saída para uma vida difícil, são os principais fatores para o aumento gradativo das taxas de suicídio.

Em meio às taxas alarmantes de suicídios, diversas empresas apontam soluções para a redução dessas mortes. Listamos as 4 principais ações tomadas pelo governo e por empresas coreanas para frear a crescente dos suicídios.

Neste experimento, funcionários entram em caixões, que são fechados por um ‘Anjo da Morte’

SEPULTADOS VIVOS

Uma empresa de recursos humanos submeteu seus funcionários a encenarem seus próprios funerais, como uma espécie de treinamento para conhecerem o sentimento que envolve a morte.
O tradicional velório coreano é encenado completamente. Vestidos em roupões brancos, escrevem suas cartas de despedida para os parantes, logo após sobem em seus caixões de madeira e deitam-se, abraçados em uma foto de si mesmos, envolvida por uma fita preta.

Os caixões são então fechados por um homem vestido de preto, representando o Anjo da Morte. Lá, os funcionários são incentivados a refletirem sobre o sentido de suas vidas, com a ajuda de psicólogos. Para estar neste lugar, eles são preparados com vídeos de pessoas que já enfrentam adversidades como câncer, doenças terminais, deficiências e que ainda assim seguem suas vidas com qualidade.

CURSO DE BEM-MORRER

Uma associação para idosos passou a oferecer em 2014 o curso “Bem-Morrer”, com seis semanas de duração, buscando mostrar aos seus alunos como apreciar a vida através da preparação para a morte. As aulas de “bem-morrer” — uma brincadeira com a expressão “bem-estar” — reflete os esforços para combater a mais alta taxa de suicídio de idosos do mundo, num país onde a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) avalia que 37% da população terá mais de 65 anos até 2050.
“Os sul-coreanos tendem a pensar na morte como um modo rápido de acabar com as dificuldades” — diz Park Hoon, pesquisador do instituto de pesquisas sobre a vida e a morte da Universidade de Hallym em Chuncheon, perto de Seul. — “Mas a morte deveria ser vista como um lembrete de como a vida é preciosa e do porquê vale tanto a pena viver.” Esse é o objetivo do curso de “bem-morrer“, tentam ensinar seus alunos idosos a natureza positiva da morte.

 

PONTE DA VIDA: A CAMPANHA QUE REDUZIU OS SUICÍDIOS

A empresa Seguro Samsung é a idealizadora de uma das ações mais conhecidas e bem sucedidas para a redução das taxas de suicídio. A campanha publicitária teve início em dezembro de 2012, tendo por mote evitar que o governo coreano fechasse ou construísse muros na ponte Mapo, em Seul – uma das 27 que cruzam o Rio Han – na tentativa de evitar suicídios.

Antes conhecida por “Ponte Suicída”, agora leva o título de “Ponte da Vida”, devido a campanha, que conseguiu reduzir em 85% as taxas de suicídio naquele lugar, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O projeto levou um ano e meio para ser aplicado, rendendo aos executores o prêmio Cannes Lion, em 2013.
Toda a vez que alguém se aproximasse das laterais, um sensor ativava as luzes próximas a borda de segurança, que muitos usavam para subir e se jogar de lá. Em frente a barra de luzes aparecia ao longo da ponte 20 frases pensadas para a prevenção do suicídio como: “Os melhores momentos da sua vida ainda estão por vir”, “Como você gostaria ser lembrado?” e “Vá ver as pessoas de quem você sente saudade”.


Entretida com as frases, as pessoas cruzavam a ponte, chegando seguras ao outro lado, sem executarem a tentativa de suicídio. Para acompanhar as frases, você encontra também uma estátua de um amigo reconfortando o outro, que é um dos grandes marcos da campanha.

APP CONTRA O SUICÍDIO JUVENIL

O Ministério da Educação da Coreia do Sul apresentou em 2015 um App para smartphones destinado a reduzir o suicídio entre os jovens, alertando os pais de crianças consideradas em perigo. O app era programado para deletar palavras “ligadas ao suicídio”, que surgissem nas redes sociais, serviços de mensagens ou em buscas na internet feitas pelo smartphone. Em caso de alerta, os pais recebiam uma mensagem no seu próprio celular, avisando sobre o conteúdo das informações.
“O suicídio dos jovens tornou-se num problema social cuja prevenção necessita de medidas sistemáticas e ambiciosas”, afirmou o ministério em comunicado.

O principal ponto para que as taxas de suicídio sejam reduzidas é transformar o estilo e a cultura do país, principalmente incentivando que as pessoas se importem com o bem-estar uns dos outros. De forma que entendam que a vida é muito além de ter notas altas, ter muito dinheiro ou deixar de ser o provedor da renda familiar. Cada ação dessa contribui para que o caminho certo seja tratado e precisam ser estimuladas.

Por Naira Nunes
Fonte: BBC; O Globo; Design Culture; SIC Notícias; EXAME.
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  • Naira Nunes

    Publicitária, redatora e diretora de arte, sou CEO e fundadora da KoreaIN, a primeira revista brasileira sobre música e cultura asiática.

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