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Política

[DOSSIÊ] Conheça Moon Jae In: o novo presidente liberal da Coreia do Sul

Filho de refugiados norte-coreanos, Moon foi preso nos anos 70 por liderar protestos contra o líder militar Park Chung-Hee, pai de Park Geun-hye, a presidente destituída que ele agora substitui. E isso diz muito sobre o novo presidente sul-coreano e o que podemos esperar dele.

Ainda na cadeia, o então estudante de Direito, prestou o exame da Ordem de Advogados e 10 anos depois, junto com o melhor amigo – e também futuro presidente – Roh Moon-Hyu abriu um escritório de advocacia voltado para os direitos humanos e civis. Juntos, Moon e Roh se tornaram figuras importantes no movimento pró-democracia que tomou a Coreia do Sul dos anos 80 e levou o país às primeiras eleições democráticas em 1987.

Nos anos que se seguiram, Roh seguiu a carreira política enquanto Moon voltou à advocacia. Em 2003, entretanto, o recém-eleito presidente Roh Moon-Hyun nomeou Moon Jae In como seu chefe de gabinete, fato que o colocou de vez no mapa político, levando-o à liderança do Partido Democrático.

Os anos seguintes foram de muito trabalho e controvérsias: Moon foi acusado de manter relações muito estreitas com a Coreia do Norte e até mesmo consultar o país vizinho em relação à importantes votações da ONU; Roh, por sua vez, se viu envolvido em um escândalo de corrupção que levaria ao seu suicídio em 2009.

A morte de Roh Moon-Hyun afetou Moon Jae In profundamente e o fez assumir o legado deixado pelo amigo. Em 2012, ele concorreu à presidência pela primeira vez, sendo derrotado por Park Geun-Hye a quem, em 2017, após uma série de eventos dramáticos, ele viria a substituir com o apoio de 41% da população.

O que esperar do novo presidente?

Moon deve lidar com desafios dentro de duas esferas importantes:

 

Reformas internas

Moon terá como desafio principal escutar as demandas do movimento reformista responsável pela queda de Park Geun-Hye.  O país clama pela transformação da cultura corporativista e política que facilita a corrupção e o fortalecimento da mesma elite por anos.

O desenvolvimento econômico sul-coreano no pós-guerra, também conhecido como “O milagre do Rio Han”, se baseou num esforço coletivo e união nacional que teoricamente favoreceria não apenas as grandes empresas, mas todos os coreanos. Entretanto, a ideia de crescimento generalizado é hoje ameaçada por uma realidade em que conglomerados extremamente ricos e imunes à grandes punições evidencia a disparidade entre ‘chaebols’ e a população geral, que enfrenta diminuição de oportunidades profissionais e altas taxas de desemprego entre jovens.

A fim de promover as mudanças que são esperadas de seu governo, Presidente Moon terá que enfrentar, entretanto, uma base burocrática formada por membros indicados por sua antecessora; uma Assembleia em que seus aliados são minoria; e uma sociedade em que muitos dos privilégios e abusos associados com a elite econômica, podem também ser encontrados em diversos outros setores.

Coreia do Norte e a complexa esfera externa

Moon Jae In nunca escondeu sua predileção por diálogos com o Norte, em contraste com a política de sanções imposta por seus predecessores. Tais diálogos envolveriam afastar o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, de seu propósito fixo em relação a armas nucleares e testes de mísseis. Relações com a Coreia irmã, entretanto, não se trata de uma relação unilateral: qualquer que seja a política adotada pelo novo presidente, esta implicará tensões com EUA, China e/ou Japão.

Ao mesmo tempo em que deve tentar amenizar antagonismos com o aliado norte-americano, Moon provavelmente tentará manter-se afastado da agenda militar e confrontativa de Donald Trump.

Quanto aos vizinhos chineses, Moon precisará considerar a ligação de dependência direta entre Pyongyang e a China, assim como a importância do território Sino para companhias sul-coreanas, especialistas acreditam que tais pontos levarão o novo presidente a tentar, por agora, manter decisões mais específicas de lado.

Outro país que estará de olho na política de Moon quanto à Coreia do Norte é o Japão, que tem apoiado a postura de ataque de Donald Trump e parece desaprovar uma abordagem amigável em relação a Kim Jong-Un, se pronunciando em favor de sanções e pressão.

Caberá ao governo Moon Jae In encontrar um equilíbrio diplomático para enfrentar esses desafios de forma a promover a segurança e satisfação de sua população.

Por Jeiciane Torres
Fontes: BBC e Korea Times
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