Por Juliana Butolo
Parece que a onda coreana invadiu de vez o Brasil: a febre Hallyu resolveu se espalhar também até na música originada por aqui. Grupos iniciantes brasileiros têm apostado em coreografias, figurinos e música dançante com referências nas terras asiáticas para atrair o público crescente do gênero.
Entre esses artistas está o grupo High Hill, que lançou em setembro o clipe da música autoral “Não Sou Obrigada”, ultrapassando 50 mil curtidas e meio milhão de visualizações no YouTube até a publicação desta matéria.
“Temos a ideia que todas têm capacidade de se desenvolver em todas as áreas. “
Mari, 21.
Reformulado por um reality na internet, o grupo conta hoje com seis integrantes e não esconde a inspiração que o K-pop trouxe para suas composições, tendo iniciado os trabalhos com covers do gênero. Para as músicas próprias, a integrante Aya, 19, diz que além da estrutura, a letra “chiclete” e a coreografia marcante, a forma de trabalho dos sul coreanos é uma fonte de inspiração.
“Tentamos seguir o modelo de treinamento dos artistas coreanos no que diz respeito a um desenvolvimento mais amplo e estruturado das nossas habilidades. Algumas das nossas estratégias de comunicação, conceito e de postura como artistas também possuem referência do mercado musical sul coreano.”
Promover o grupo com fansigns e showcases, aos moldes da Coreia do Sul também estaria na lista de vontades das meninas, por aproximar fãs e artistas.
Para quem acha que o estilo é uma mera cópia internacional, elas defendem algumas particularidades do grupo. Para começar, Demi, Aya, Mari, Ray, Egla e Lolla não possuem posições previamente definidas como seria o comum no K-pop. Apenas uma se mantém: a de líder, sob a responsabilidade de Mari, 21. “Temos a ideia que todas têm capacidade de se desenvolver em todas as áreas. Colocar posições acabaria limitando o grupo e também cada uma.”
Além disso, a intenção das garotas é trazer um pouco do Brasil tanto para as letras quanto para a melodia. Por exemplo, “Não Sou Obrigada” traz uma mistura de reggaeton e pop, com uma letra cheia de empoderamento feminino, contra o machismo e o assédio.
“Tentamos trazer a estrutura musical do K-pop para o Brasil inserindo no nosso trabalho características dos ritmos latinos e da realidade brasileira”, conta Demi, 20, que espera que o grupo possa passar por vários ritmos sem se apegar a um estilo, afinal, as garotas se inspiram também no pop internacional, com artistas como Lady Gaga, Beyoncé, Rihanna, Madonna, e girl groups, principalmente o Little Mix.
Toda essa mistura característica desse e de outros grupos do gênero deu origem ao termo “B-pop”, que alguns fãs têm utilizado para classificar esse tipo de música, enquanto outros defendem que apenas “MPB” ou “Pop” seria o mais adequado. Para o High Hill, pelo menos, não há problema em ser chamado assim.
“Não temos problemas em sermos ‘classificadas’ como B-pop. Nosso objetivo é fazer músicas que agradem e divirtam as pessoas, músicas populares, pop. Nós misturamos muitos estilos de músicas, que vão do hip hop ao tecnobrega e até mesmo ao EDM”, explica Egla, 19, que acredita que o termo ainda é muito novo para ser definido.
Por enquanto, o termo tem sido usado para grupos que utilizam a estrutura do K-pop e adaptam de alguma forma para o cenário brasileiro. “No fim, achamos importante entender que é um novo produto, que não é o K-Pop, mas sim a junção de muitos estilos para criar o então chamado B-Pop”, explica a integrante Lolla, 20, que é também fã de rock.
A polêmica criada em torno da nomenclatura do estilo musical não é a única barreira erguida nesse contexto, já que muitos fãs automaticamente comparam as músicas com as sul coreanas, além da comparação com artistas norte-americanas, que também são influência natural de qualquer girl ou boy group.
“Não importa o que a gente faça, sempre vamos acabar sendo comparadas à qualidade dos artistas internacionais, mesmo se você é um artista independente e está começando agora”, desabafa Ray, 19.
Apesar disso, ela é otimista com o cenário musical do país e deixa um conselho para novos artistas. “Tem que ter muita determinação e continuar tentando! Aos poucos, o mercado musical brasileiro tem se aberto novamente a outros estilos e dado novas oportunidades.”
Processo criativo
Para criar música no Brasil, o grupo conta com uma equipe para cobrir desde o treinamento à divulgação das meninas. A direção executiva fica nas mãos da produtora K.Ö. Entertainment, responsável pelos maiores eventos de cultura coreana de São Paulo. O treinamento vocal é feito pela Lá Music Studio, e a produção audiovisual, pelo diretor Daniel Docko, que é também responsável por editar vídeos do youtuber Pyong Lee. Destacam-se também a diretora musical do projeto, Giovana Amorim, e os coreógrafos Thiago Tang e Lucas Olly, nomes muito conhecidos nos concursos de K-Pop do país.
“A produção do videoclipe foi uma experiência nova para todas nós. Era a primeira vez que interagiamos diretamente com a câmera e lidávamos com diferentes locais de filmagem. Foi tudo muito corrido, tiveram momentos estressantes, mas no final valeu a pena. Aprendemos muito e nos divertimos também”, explicou Aya, a mais nova do grupo, ou “maknae”.
O que vem por aí?
Além de duas músicas autorais que serão lançadas até o final do ano como complemento do single “Não Sou Obrigada”, o High Hill tem algumas metas para 2018, pessoais e como grupo.
Ray: “Melhorar o vocal, a dança, ter um bom condicionamento físico para entregar algo bom no palco. Compor mais e aprender mais sobre música e teoria. Como grupo, buscar ser um só cada vez mais, trabalhar duro junto e compartilhar todo o aprendizado. Dar sempre o nosso máximo até chegarmos ao topo e, mesmo quando conseguirmos, nos entregar mais para continuar melhorando nossas habilidades”.
Lolla: “Eu quero crescer junto com as garotas, somos capazes de muitas coisas. Crescer em canto e em dança, sempre procurando ao máximo melhorar. Que em 2018 o High Hill só cresça e evolua mais e mais. Que possamos ajudar e a inspirar pessoas com a nossa música. Fazer uma turnê pelo Brasil seria um sonho!”.
Demi: “Aumentar meu repertório, melhorar em performance, canto, dança etc. Fazer mais eventos, quem sabe uma turnê pelo Brasil e crescer com o HH”.
Egla: “Individualmente quero melhorar em canto e dança, quero me superar a cada dia! Conhecer e ultrapassar os meus limites. Como grupo, espero que todas nós possamos evoluir e crescer juntas, para superar obstáculos que estão por vir em 2018. Quero que o High Hill seja uma inspiração para outras pessoas, tanto individualmente quanto para futuros grupos”.
Mari: “Quero evoluir cada dia mais, conseguir superar todos os obstáculos. Como grupo, quero que o High Hill evolua cada vez mais e que possa mostrar para o público resultados cada vez melhores. Uma turnê em 2018 seria incrível também! hahaha”.
Nós da KoreaIn esperamos que os sonhos das meninas se realizem. Boa sorte! 🙂
Por Juliana Butolo
Não retirar sem os devidos créditos.