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Jazz na Coreia do Sul? Listamos seis artistas para você conhecer

Quando falamos em música e Coreia do Sul, o primeiro gênero que nos vem a mente é o k-pop. Porém, o país possui uma variada cena musical que inclui gêneros estrangeiros, inclusive alguns bastante conhecidos. Um deles é o jazz, que chegou ao país na década de 1920. Para celebrar o Dia Internacional do Jazz, comemorado neste 30 de abril, falaremos um pouco sobre o cenário sul-coreano e apresentaremos seis artistas que atuam nele. Confira.



O jazz na Coreia do Sul

A chegada do jazz ao país não teve um impacto imediato. A falta de popularidade foi devido ao fato de que apenas as pessoas mais ricas tinham acesso aos gramofones. Além disso, durante a ocupação japonesa antes e durante a Segunda Guerra Mundial, o jazz foi banido por suas origens ocidentais.

Somente no pós-guerra e com a ocupação americana é que o estilo se popularizou através de discos, rádios e televisões, em que os músicos tocavam para entreter os soldados americanos. Logo, vários sul-coreanos se adaptaram à música e tentaram uma vaga em bandas de jazz.

No entanto, na década de 1960, começou o combate na Guerra do Vietnã e o investimento em música deixou de ser prioridade, além da mudança das tendências musicais. O jazz acabou ressurgindo com a publicidade, em que a música tornou-se fundo de comerciais e apenas uma década depois, o jazz ganhou um espaço dedicado a si próprio.

O Janus Jazz Club foi um marco para o estilo, fundado em 1978 por Lee Pan-Geun, que aprendeu a teoria e a prática do jazz sozinho, apenas ouvindo as músicas trazidas pelos americanos durante a ocupação e tornou-se maestro de uma grande banda de jazz que deixou seu legado para a posteridade. Atuante desde os anos 1960, Lee Pan-Geun, em lançou um disco com o Korean Jazz Quintet ’78, o “Jazz: Plays Arirang And Other Assorted Traditions” em 2013. Park Sungyeon, cantora de jazz e chamada de “avó do jazz” na Coreia do Sul também se dedicou ao Janus com Lee Pan-Geun e continuou suas atividades até sua morte, em 24 de agosto de 2020. A dupla é considerada os fundadores do jazz coreano moderno.

Passaram-se quase 100 anos desde que o Jazz chegou à Coreia, mas somente há mais de 40 anos, o estilo ganhou seu próprio espaço e identidade no país. Para comemorar o dia do Jazz, conheça seis artistas que estão popularizando o jazz na Coreia e representando-a mundialmente.


Jeon Yoon Han

Jeon Yoon Han. Alchetron. Reprodução.

Yoon Han é um pianista, cantor, ator de musical e professor na Universidade KyungHee. Ele ainda participou de programas de variedade, como o King of Mask Singer e o We Got Married. Também foi MC do programa Concert on Sundays, além de ser pianista e diretor musical no programa.

Após se mudar para os Estados Unidos para estudar música no Berklee College of Music, voltou à Coreia em 2006, cumpriu o serviço militar obrigatório e começou sua carreira musical, cantando tanto em coreano, quanto em inglês com um piano com fortes influências do jazz.

Confira Marry Me, de Jeon Yoon Han:


WoongSan

WoongSan. 7000miles. Reprodução.

WoongSan é uma das melhores vocalistas de jazz da Coreia e também é atriz.

Com seu tom único, foi fortemente influenciada pelo blues, funky e música latina, a cantora vem colecionando prêmios desde 1993.

Além disso, foi a primeira artista coreana a performar no Blue Note Jazz Club, um dos mais renomados restaurantes com música ao vivo de Nova Iorque, além de ter colaborado com diversos artistas internacionais. Com trabalhos contínuos, WoongSan quer tornar sua música popular não somente na Coreia, mas no mundo.

Ouça Only You, lançamento mais recente de WoongSan:


Nah SunYoun

Nah SunYoun. Foto de Sung Yull Nah. Divulgação

SunYoun nasceu em Seul, em uma família musical: seu pai era regente de coral e sua mãe, atriz de musicais. Assim, aprendeu piano desde a infância, mas só seguiu a carreira musical após se formar em Literatura na Universidade de Konkuk em 1992.

Em 1995, decidiu estudar música e canto em Paris, frequentando o CIM (Centre d’Informations Musicales), uma das mais antigas e renomadas escolas de jazz da Europa e entre vários shows na Europa e Coreia, Nah SunYoun já foi Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO para o dia internacional do jazz e continua sua carreira até os dias de hoje.

Ouça In My Heart, faixa do álbum Immersion, lançado em 2019, lançamento mais recente de SunYoun.



Song Youngjoo

Song Youngjoo. Blue Note Jazz Festival. Reprodução.

Nascida em Seul, Song Youngjoo cresceu ouvindo e tocando música gospel na igreja de seu pai, e enquanto estudava piano clássico, apaixonou-se pelo jazz e se mudou para os Estados Unidos para estudá-lo. Após se formar no Berklee College of Music e no Manhattan School of Music, retornou à sua terra natal e seu talento no piano logo foi reconhecido pelos sul-coreanos.

Em 2010, lançou o álbum “Love Never Fails“, que ganhou o prêmio de “Melhor Álbum de Jazz” no Korean Music Award. Sua genialidade na música a levou a fazer parceria com outros músicos importantes do cenário do jazz e seu amor pela música perdura até os dias atuais. Já gravou músicas com artistas do K-pop, como Rain, BoA, Super Junior e SHINee e atualmente leciona na Universidade de Seul.

Ouça Curtain, uma de suas músicas mais famosas, com Suho do EXO.


Hogyu Hwang

Hogyu Hwang. Inpartmaint. Reprodução.

Com duplo bacharel em performance e composição de jazz, Hogyu Hwang começou sua carreira tocando contrabaixo aos dez anos, e sua dedicação a música é tão grande que foi reconhecida pelo Berklee College of Music, rendendo-lhe uma bolsa integral na instituição e o trabalho de embaixador internacional pela faculdade.

Performou em diversos países e festivais renomados, como o New York’s Blue Note e o Jazz Standard. E com seu mestrado pela Loyola University em Nova Orleans, tornou-se membro do Thelenious Monk Institute of Jazz (atual Herbie Hancock Institute of Jazz) – uma instituição sem fins lucrativos que oferece bolsa de estudos para alunos que queiram estudar o jazz.

Confira a faixa “Memories of the Desert” do Hogyu “Stiger” Hwang Quartet.


Clazziquai

Clazziquai, da esquerda para a direita: Alex Chu, Kim Sung Hoon (DJ Clazzi) e Horan.
jpopasia. Reprodução.

Clazziquai é um projeto experimental criado pelo DJ Clazzi e com os vocais de Alex Chu e Horan (a irmã de Alex, Christina, é membro de apoio no grupo). Mesmo sendo um projeto experimental, ganharam grande popularidade com a internet e já até receberam os prêmios de “Artista do Ano” e “Melhor Pop” no Korean Music Awards e melhor OST com She is… (OST do drama My Lovely Sam Soon – 2005) no MAMA (Mnet Asian Music Awards).

Em 2007, ganharam o prêmio de “Melhor House & Eletronic” e “Melhor grupo misto” também no MAMA. Com prêmios em diversos estilos musicais, é difícil classificar o trio em um estilo; Clazziquai combina elementos de acid jazz, house, groove e música eletrônica, formando um som exclusivo.

Confira o lançamento mais recente do Clazziquai, What If, lançada em 2019 em parceria com Kim Suyoung.


Bônus: Kim Yeon-jun “Kenzie”

Kenzie (Yeonjun Kim). Berklee College of Music. Reprodução.

Kim Yeon-jun, conhecida como “Kenzie” também se formou no Berklee College of Music, e se especializou em engenharia e produção musical, sabe tocar piano e trompete, porém, mostra seu talento na música como compositora, escrevendo músicas para artistas da SM Entertainment, como BoA, TVXQ, Girls Generation, Super Junior, SHINee, EXO, NCT, Red Velvet. Atualmente trabalha também com outros artistas, como The Boyz (com a faixa “The Stealer“) e ITZY (com “Be in Love“). Kenzie é casada com Kim Jung Bae, que assim como ela, trabalha para a SM Entertainment, escrevendo letras.



Sobre a data

O jazz é conhecido como o ritmo da liberdade, já que está associado à lutas e à abolição da escravatura. Ainda que tenha demorado um pouco para se estabelecer na Coreia do Sul, ganhou seu espaço e ainda tem muito mais para mostrar com estes e diversos outros artistas que não estão somente envolvidos no mundo do jazz, mas mostram que a música não tem fronteiras nem estilos fixos, de forma que muitos deles tocam com músicos internacionais e até trabalham na indústria do k-pop e com outros estilos, como Blues, R&B e eletrônica. Assim, o jazz não deve ser somente pensado como elitista, mas um estilo multiforme e acolhedor.

Herbie Hancock em sua casa em Los Angeles.
Créditos:  Mario Anzuoni (Reuters)

O Dia Internacional do Jazz foi criado em 2012 pela UNESCO para promover a importância e contribuição do gênero musical para a história. O anúncio oficial da criação foi feito pelo embaixador da boa vontade Herbie Hancock, que também é considerado um dos mestres no gênero.

Como é de se esperar, a data é comemorada com muita música e desde o ano passado, por conta da pandemia, a própria UNESCO está fazendo shows online para a celebração. Acompanhe tudo aqui.


Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14)
Fontes imagens: Alchetron, 7000miles, Sung Yull Nah, Blue Note Jazz Festival, Inpartmaint, jpopasia, Berklee College of Music, Reuters – Reprodução
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  • Naomi Shiroma

    Paulistana apaixonada por idiomas, livros e música.

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