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Curiosidades

Conheça a história da hahoe, a máscara do remake coreano de “La Casa de Papel”

Com a aproximação da estreia de Money Heist: Korea – Joint Economic Area, marcada para o dia 24 desse mês, trazemos hoje uma curiosidade sobre a máscara que será usada pelos ladrões desta versão.

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A máscara foi inspirada nas usadas pelos antigos “Andong Hahoe Byeolsingut Talnori”, ou “dança com máscara hahoe”. As apresentações com hahoe tinham cunho satírico para zombar a elite coreana da época.

Nove máscaras hahoe, algumas com mais de 900 anos, datadas da época da Dinastia Goryeo são consideradas Tesouro Nacional nº 121. Cada uma delas representa um personagem: o monge, yangban (o nobre arrogante), seonbi (o estudioso pedante), baekjeong (o açougueiro), gaksi (a noiva), Bune (a concubina), a avô, Choraengi (servo do nobre) e Imae (o servo bobo do estudioso).

Máscaras hahoe
Créditos: Hyungwon Kang (via The Korea Herald)

As máscaras do monge, do nobre, do estudioso e do açougueiro possuem articulações no queixo, o que faz com que os atores possam falar enquanto as usam e confere liberdade de expressão aos personagens.

Dentre estas quatro figuras, a do açougueiro pertencia à uma das classes mais baixas da pirâmide social da época. Na passagem da Dinastia Silla para a Dinastia Goryeo, no ano de 918, o grupo formado por nômades que realizavam tarefas indesejadas, como abate de animais ou escavação de covas, eram considerados da casta marginal Yangsucheok.

Durante a Dinastia Joseon, o Rei Sejong, o Grande, nomeou os nômades da Yangsucheok como “baekjeong”, algo como “os intocáveis”. Na casta social, os baekjeong apareciam acima apenas da classe Nobi, formada pelos escravos.

Pesquisadores acreditam que os baekjeong foram originados dos povos Quitais, povos nômades da região da Mongólia, e dos Jurchéns, falantes das línguas tungúsicas que habitavam o leste da Ásia.


A história da dança

Kim Jong-heung, líder espiritual, segurando uma máscara hahoe.
Créditos: Hyungwon Kang (via The Korea Herald)

A dança possui uma história como um ato teatral. Nela, o baekjeong (açougueiro) zomba do nobre e do estudioso que desejam comprar testículos de touro, tidos como afrodisíacos.

O líder espíritual Kim Jong-heung contou que origem da história foi baseada na lenda de um jovem solteiro da família Huh que rezava para salvar sua vila da fome e de uma pandemia ocorridas durante o período da Dinastia Goryeo.

Para tal, o jovem Huh teria que agradar os chamados “seonangsin”, ou deuses da vila, e erradicar os males que assolavam a região. Ele se propôs a fazer uma dança com 12 máscaras que produziria em um período de 100 dias. Durante esse tempo, ele não poderia ver sua namorada, pertencente à família Kim que morava em uma vila vizinha.

Porém, no 99º dia, Kim ultrapassou as cercas para espreitar seu amado na oficina em que estava trabalhando. Ao olhar Huh nos olhos, ele foi amaldiçoado pelos deuses e morreu. Kim, então, resolveu tirar a própria vida para seguir o amado.

Kim Jong-heung, que há 27 anos ocupa o posto de líder espíritual de uma vila em Gyeongsang do Norte, também conta que uma cabana foi feita para os seonangsin e para relembrar a história de amor entre Huh e Kim. Todo inverno, antes da primeira lua cheia do ano, é realizado o ritual chamado “dongje” para consolar os jovens amantes e rezar pelo bem-estar da vila.


As características das máscaras

Cada uma das máscaras hahoe possuem características faciais específicas. Segundo Kim Jong-heung, nenhuma delas é simétrica, permitindo que o público veja dois lados conflitantes dos personagens.

A máscara da noiva (no termo coreano “gaksi”) tem a boca fechada, um olho apontando para baixo e não possui orelhas. O líder espiritual conta que isto foi baseado no conselho que as mães dão para suas filhas recém-casadas: “feche os olhos por três anos, seja surda por três anos e fique muda sem dizer nada por três anos”. Sua face, mesmo bonita, traz uma expressão triste de quem já enfretou muitas dificuldades na vida.

A concubina Bune traz uma pequena abertura na boca enquanto a avó possui uma ainda maior. Isto é um reflexo da tolerância da sociedade em ouvir as vozes das mulheres mais velhas, pois elas já conquistaram seus direitos de expressarem suas opiniões. Bune também traz olhos sorridentes e bochechas destacadas, representando sua beleza e bom humor.

O Choraengi, servo do nobre, é comparado com dos jornalistas nos tempos atuais. A máscara foi feita de forma assimétrica para trazer uma expressão dócil no lado que o nobre vê e raivosa do lado visto pela plateia. Sua boca torta também vem do ditado que diz: “Fale direto mesmo que tenha nascido com uma boca torta”.

Imae, o servo do estudioso, não tem queixo porque foi a máscara que Huh não conseguiu finalizar por causa da visita inesperada de Kim. Ele tem um nariz torto e olhos caídos.

A máscara do nobre traz muitas linhas de expressão em um dos lados para demonstrar sua autoridade e idade, enquanto o outro lado possui menos para representar o vigor jovial enquanto corteja Bune. O queixo articulado faz com que sua boca possa representar tanto um sorriso quanto uma expressão raivosa.

O estudioso traz uma expressão insatisfeita de quem não consegue ser adaptado à estrutura social vulgar da época. Ela representa sua dignidade e arrogância com um formato triangular e uma cabeça maior, para indicar seu cérebro mais inteligente.


Máscaras hahoe no K-pop

Além de servir de inspiração para a máscara de Money Heist: Korea – Joint Economic Area, a hahoe também pode ser vista em algums MVs de k-pop.

A rapper CL usa uma máscara no MV de +ONE AND ONLY 180228+:

Os músicos no MV de Lit, do ONEUS, também usam:

O CRAXY também escolheu a hahoe para adicionar ainda mais elementos da cultura tradicional sul-coreana no seu MV de estreia, ARIA:

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Fonte: (1), (2)
Imagens: Netflix, Hyungwon Kang (via The Korea Herald)
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Greyce Oliveira

    Cearense de Fortaleza, é metade uma humana normal professora de Inglês e metade ELF(a) precisando (talvez) de tratamento para parar de falar no Super Junior toda hora.

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