É comum acompanhar a data de alistamento e dispensa do seu idol masculino favorito no exército sul-coreano. Faz parte também aguardar aqueles vídeos e fotos que saem raramente da rotina deles nos treinamentos. Há coisas sobre as Forças Armadas sul-coreanas, porém, que aguçam a curiosidade e o foco nos bias acaba impedindo de ir além e pesquisar, ou não é possível encontrar facilmente na internet.
Reunimos aqui um apanhado de informações sobre uma das maiores curiosidades dos internautas: a participação das mulheres no exército sul-coreano.
Mulheres podem se alistar?
Enquanto homens sul-coreanos a partir de 18 anos devem se alistar até os 35 anos de idade, salvo algumas exceções, mulheres podem escolher se alistar ou não. Devido à obrigatoriedade da participação masculina, a presença dos homens ainda é maior. Segundo dados do Ministério da Defesa do país, em 2020, as mulheres representavam 6,8% do total de soldados.
O número representa um aumento em relação a 2017, ano em que esse número era de 5,5%. As autoridades de defesa esperam que até o final de 2022 o total alcance 8,8%.
As soldados sul-coreanas participam de forças especiais?
Sim. As mulheres estão presentes, inclusive, no Batalhão 707, também conhecido por White Tigers, a elite das forças especiais na Coreia do Sul. Nesse esquadrão, todos os membros são treinados até a faixa preta no Taekwondo (o nível mais alto) e certificados nas atividades de paraquedismo e mergulho. O batalhão treina igualmente em temperaturas congelantes, durante o inverno, quando as tropas fazem exercícios de simulação na neve e em lagos congelados.
Mulheres podem ocupar patentes altas?
A resposta é outro “sim”, apesar de não ter sido assim por um bom tempo. O professor de sociologia na Seoul National University, Hong Doo Seung, publicou um estudo chamado “Women in the South Korean Military” em 2002, no qual identificou que as mulheres não eram selecionadas para a maioria dos serviços e corporações. Em 2020, ele declarou em entrevista para a revista Indo Pacific Defense Forum que houve um progresso dramático nessa situação.
Em 2020, a Major General Kang Sun Young se tornou a primeira mulher comandante do Aviation Operations Command e a primeira major general na história sul-coreana.
No mesmo ano, a tenente Cho Sang Ah se tornou oficialmente a primeira piloto de helicóptero da Marinha, após um treinamento de 9 meses.
De acordo com a agência de notícias Yonhap News, o Ministério da Defesa sul-coreano, no período mencionado, construiu oportunidades para mulheres em 2010 postos de generais.
O machismo tem alguma influência no exército coreano?
Alguns acontecimentos levam a crer que sim. Como exemplo podem ser citadas duas notícias de 2021. Uma delas foi sobre o suicídio de uma pessoa transgênero, após ser dispensada do exército contra sua vontade por alegação de “problemas mentais”.
Byun Hee Soo foi a primeira soldado transgênero do exército sul-coreano, e moveu um processo contra a instituição após sua dispensa. Depois da morte de Byun, o Tribunal Distrital de Daejeon considerou a dispensa ilegal e cancelou o ato.
Outro caso noticiado foram as denúncias do abuso sexual que teria levado ao suicídio da Sargento das Forças Aéreas Lee Ye Ram. Ela denunciou a violência para superiores, que teriam acobertado o caso. Sua morte levou a acusações formais feitas pelo exército a 15 militares. Lee afirmou ter sido obrigada por um colega sargento a participar de um jantar de trabalho, mesmo com as restrições relacionadas à Covid-19, e após o evento teria sido apalpada pelo militar em um veículo a caminho de casa.
Tem algum outro meio de saber mais sobre a rotina das soldados?
Explorando este nicho de curiosos que procurar saber mais sobre a atuação das mulheres nas Forças Armadas sul-coreanas, uma boa indicação são os vídeos da youtuber Kangmi, mais conhecida como Ggang Raider (깡레이더). Ela serviu nos White Tigers por 8 anos e atualmente publica conteúdos que vão desde reactions a treinamentos e ações militares até vídeos de perguntas e respostas sobre a carreira militar. Há legendas em inglês disponíveis para alguns deles.
A youtuber também faz aparições em vídeos de outros canais, como o DIMPLE. Em alguns conteúdos desse canal, Ggang Raider reage a treinamentos das forças armadas americanas e a cenas de ação em filmes como John Wick.
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Imagens: Reuters, Yonhap News, MBC, Indo Pacific Defense Forum – reprodução
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