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Após proibição de comércio, fazendas de cachorro fecham na Coreia do Sul

Em janeiro de 2024, a Assembleia Nacional sul-coreana votou a favor do banimento da indústria de fazendas de cachorros, que proíbe e torna ilegal a criação, abate, distribuição e venda de carne de cães para consumo humano a partir de 2027. O projeto também está subsidiando consultas e outras assistências para ajudar os trabalhadores dessas indústrias a iniciar novos empreendimentos

O governo pretende erradicar toda a indústria de cachorros para consumo no país, incluindo as fazendas e os centros de distribuição, até o começo de 2027 e para atingir este objetivo, as autoridades estão incentivando os comerciantes locais de carne de cachorro a encerrarem voluntariamente seus negócios.

Segundo o governo, quatro em cada 10 fazendas de carne de cachorro na Coreia do Sul fecharam suas portas voluntariamente após a declaração governamental de que o comércio de carne de cachorro não seria permitido. O plano prevê que até o final de 2025 pelo menos 60% do total de fazendas fechem.

Seguindo um período de três anos de carência iniciado em 2024, os infratores da lei enfrentarão uma pena máxima de dois anos de prisão ou uma multa de até 30 milhões de won.

Após a aprovação da lei, o Ministério da Agricultura da Coreia do Sul lançou uma força-tarefa para trabalhar nos detalhes da implementação do plano do governo para acabar com este comércio.

A equipe da força-tarefa se concentrou em elaborar medidas de acompanhamento, incluindo a elaboração de regulamentações subordinadas, juntamente com políticas para dar suporte às fazendas de cães existentes. De acordo com estatísticas do governo, havia cerca de 1.100 fazendas de cães, 34 empresas de açougue, 219 distribuidores e aproximadamente 1.600 restaurantes que vendem alimentos feitos com carne de cachorro na Coreia do Sul.

Em março de 2024, logo após a aprovação pela Assembleia Nacional, um grupo de criadores de carne de cachorro entrou com uma petição constitucional contra a lei. A Associação Coreana de Carne de Cachorro (Korean Dog Meat Association) também entrou com uma petição no Tribunal Constitucional, com um pedido de suspensão da lei.

Segundo a Agência de Notícias Yonhap, em uma entrevista coletiva em frente ao tribunal, membros da Associação alegaram que a legislação infringe o direito das pessoas de comer, bem como a liberdade de ocupações e direitos de propriedade dos criadores de carne de cachorro.

O consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul

O consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul remonta há séculos, no país os cães são criados em fazendas para consumo humano e frequentemente são mantidos em condições deploráveis. Muitos sofrem com doenças e desnutrição, enfrentam negligência diária e são abatidos por métodos cruéis, sendo a eletrocussão a prática mais comum.

No entanto, a maioria dos sul-coreanos não consome carne de cachorro regularmente, sendo atualmente repudiado pelos mais jovens e ativistas. O consumo é mais comum entre pessoas mais velhas, que acreditam que a carne de cachorro oferece benefícios à saúde, e sua procura cresce entre julho e agosto, durante os dias mais quentes do ano, chamados de Bok Nal ou “dias do cão”. 

Como uma tradição secular no país, a carne de cachorro é consumida por alguns na forma de sopa, chamada Boshintang, considerada uma iguaria pelos mais velhos, que acreditam revigorar o sangue e combater a letargia, ou como Gaesoju, uma espécie de tônico vendido em lojas de medicina tradicional. 

Embora este assunto tenha ganhado proporção nos últimos anos, há relatos de que o tema também tenha sido alvo de debates durante a Dinastia Joseon (1392–1897). Na época, a sociedade coreana era fortemente influenciada pelo budismo e pelo confucionismo, que promoviam o respeito à vida animal e desencorajavam o abate e o consumo de carne. Consequentemente, atividades relacionadas ao abate de animais eram consideradas impuras e atribuídas aos baekjeong, uma classe social marginalizada responsável por tarefas consideradas degradantes, como o abate de animais e a fabricação de couro.

Leia também: Assembleia Nacional sul-coreana aprova lei para impedir o consumo de carne canina

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Imagem: Ed JONES/AFP, JUNG YEON-JE/AFP via Getty Images
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  • Raquel Athaide

    Sou jornalista apaixonada por escrever sobre gastronomia, turismo, música e cultura.

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