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Sociedade

Bullying no local de trabalho: entenda o caso Oh Yoanna

Em setembro de 2024, o falecimento de Oh Yoanna, uma apresentadora do tempo freelancer da emissora sul-coreana MBC, trouxe à tona questões graves sobre assédio moral no ambiente de trabalho na Coreia do Sul. Relatos indicam que Yoanna, de 28 anos, teria sofrido bullying persistente de seus colegas antes de sua morte.

Antes de ingressar na MBC, ela havia sido trainee para se tornar idol e conquistou o quinto lugar no Concurso de Beleza Chunhyang em 2019. Em maio de 2021, entrou para a emissora como apresentadora do tempo nos telejornais de fim de semana e dias úteis.

Em janeiro de 2025, foi encontrada uma carta de despedida com 17 páginas no telefone da meteorologista. A carta relatava episódios de assédio moral de dois colegas mais experientes desde março de 2022. Ela mencionou ter sido acusada de desrespeitar superiores e foi chamada ao trabalho após o expediente, sendo retida por mais de uma hora sob o pretexto de “orientação”.

Na carta, em que menciona colegas específicos, ela escreve que era tratada como alguém “não responsável” e que era constantemente insultada em um grupo do KakaoTalk (aplicativo de mensagens). Além disso, um colega sênior frequentemente culpava Oh Yoanna por erros que ele mesmo cometia, enquanto outro a repreendia por questões menores. Segundo a família, a jornalista sofreu dois anos de abusos verbais e insultos públicos, sem nunca receber um pedido de desculpas.

Segundo a emissora sul-coreana Channel A, a família de Yoanna revelou possuir gravações de conversas dela com funcionários da MBC, incluindo uma diálogo em que relatava sobre o bullying que sofria e buscava aconselhamento.

Além da carta, as evidências de bullying vinham apenas de mensagens em grupos, mas com as informações sobre gravações, que teriam sido feitas por Oh denunciando o assédio, se tornaram uma prova crucial.

Ação judicial

A família de Yoanna entrou com uma ação judicial contra os colegas mencionados na carta, alegando assédio no local de trabalho. De acordo com a KBS, a queixa foi registrada indicando que Oh foi vítima de bullying na emissora por dois anos. Como evidência, a família apresentou mensagens de texto e ligações que ela teve com colegas.

Quando questionada sobre o assunto, a MBC afirmou que Oh nunca havia denunciado formalmente os abusos à gerência ou ao setor de reclamações, mas que iniciaria uma investigação caso a família solicitasse. A emissora enfatizou que trata casos de bullying com rigor e pediu que o público evite especulações sem confirmação, pois poderia gerar novas vítimas.

Pesquisa sobre bullying

O caso de Oh Yoanna não é isolado. Uma pesquisa de dezembro de 2024, conduzida pela Global Research em nome da Gabjil 119, organização sul-coreana que auxilia vítimas de abuso no trabalho, entrevistou 1.000 trabalhadores de escritório em todo o país e descobriu que cerca de 36% dos entrevistados enfrentaram bullying no local de trabalho, um aumento em relação aos 30% do ano anterior, e que mais trabalhadores estavam considerando a autoagressão ou suicídio. A pesquisa também revelou que trabalhadores “não regulares” — freelancers ou aqueles sem contratos formais — experienciaram mais bullying do que trabalhadores “regulares”.

Uma pesquisa separada, feita pela mesma organização em setembro de 2024, descobriu que 40% dos trabalhadores que reportaram casos de bullying e assédio no local de trabalho sofreram represálias.

Medidas contra bullying e assédio no local de trabalho

Segundo a cartilha de Violência e Assédio no Mundo do Trabalho, feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Coreia do Sul, a lei de 2018 sobre bullying no local de trabalho inclui penalidades para empregadores que retaliarem qualquer trabalhador por denunciar bullying e assédio. A lei define “assédio no local de trabalho” como “o ato de um empregador (ou proprietário da empresa) ou empregado (ou trabalhador) que causa sofrimento físico ou mental a outro trabalhador, ou piora o ambiente de trabalho, abusando de seu cargo ou relacionamento profissional, agindo além dos limites apropriados do trabalho”.

Apesar das mudanças na Lei de Padrões Trabalhistas (LSA) em 2019, a legislação não protege freelancers e trabalhadores informais. O governo sul-coreano prometeu fortalecer as proteções contra o assédio no local de trabalho. Também foram discutidas medidas, como uma inspeção especial na MBC pelo Ministério do Trabalho, para verificar possíveis atrasos ou inadequações na investigação interna da empresa.

No entanto, até o momento, os colegas apontados como responsáveis pelo bullying contra Oh Yoanna não se pronunciaram publicamente e continuam apresentando as previsões do tempo normalmente.

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5), (6)
Imagens: Oh Yoanna (Instagram), Wikimedia Commons
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  • Raquel Athaide

    Sou jornalista apaixonada por escrever sobre gastronomia, turismo, música e cultura.

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