Na última segunda-feira (15), o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul anunciou que iniciará uma investigação completa sobre a legalidade das prisões e as condições de direitos humanos que cercam a detenção de 317 trabalhadores sul-coreanos pelas autoridades de imigração dos Estados Unidos.
Depois que 316 sul-coreanos retornaram para a Coreia do Sul em 12 de setembro, depoimentos têm sido divulgados contando sobre as condições abusivas em centros de detenção na Geórgia, incluindo violações de direitos humanos e comentários racistas feitos por autoridades de Imigração e Alfândega dos EUA contra os detidos sul-coreanos.
“Ainda precisamos apurar os fatos sobre as atividades em que nossos trabalhadores estavam envolvidos, a situação no momento da operação, quem entre eles foi injustamente preso e detido e que tipos de violações de direitos humanos ocorreram dentro dos centros de detenção”, disse um funcionário do Ministério das Relações Exteriores sob condição de anonimato durante uma entrevista coletiva a portas fechadas.
Continuaremos realizando reuniões com a LG Energy Solution e outras empresas relacionadas para obter uma compreensão mais precisa dos fatos e, se houver demandas adicionais a serem levantadas com o lado estadunidense, planejamos fazê-lo.
Um total de 317 sul-coreanos — 307 homens e 10 mulheres — estavam entre as 475 pessoas detidas na operação de imigração de 4 de setembro na Geórgia, nos Estados Unidos, em uma fábrica de baterias para veículos elétricos construída pela HL-GA Battery Co., uma joint venture entre Hyundai Motor Group e LG Energy Solution.
Os homens foram mantidos em um centro de detenção do ICE em Folkston, no sul da Geórgia, enquanto as mulheres — incluindo uma que estava grávida — foram mantidas no Centro de Detenção Stewart, nas proximidades.
Todos os sul-coreanos retornaram para casa até a última sexta-feira (12), exceto um que tinha solicitado o green card e possuía uma autorização de trabalho válida. O trabalhador foi detido para cumprir obrigações com as audiências de imigração após a liberação dos demais.
O funcionário do Ministério das Relações Exteriores explicou que as negociações entre Seul e Washington sobre a detenção em massa sem precedentes de trabalhadores sul-coreanos ocorreram intensamente em apenas alguns dias — de 6 a 9 de setembro —, deixando Seul com capacidade limitada para compreender totalmente a situação.
Nessas circunstâncias, o Ministério das Relações Exteriores considera essencial uma apuração completa dos fatos.
A maioria dos trabalhadores sul-coreanos detidos havia entrado nos EUA com vistos de negócios de curto prazo para não imigrantes — vistos B-1 ou autorizações do Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem — destinados a breves visitas de negócios e não a empregos.
A autoridade explicou que Seul ainda busca uma explicação completa sobre o motivo da detenção de portadores de visto B-1 legalmente empregados.
Seul pretende verificar detalhes sobre todos os 316 sul-coreanos, embora o ministério não possa obrigar as empresas sul-coreanas a se submeterem a uma investigação completa ou definir um prazo para sua realização.
A autoridade enfatizou que as empresas sul-coreanas que empregam os trabalhadores devem ser as primeiras a investigar as circunstâncias que envolvem seus funcionários.
Seul também propôs estabelecer um mecanismo consultivo informal entre o Escritório de Campo do ICE em Atlanta e o Consulado Geral da Coreia em Atlanta para evitar incidentes semelhantes no futuro, explicou o primeiro funcionário não identificado, acrescentando que o ICE respondeu positivamente à sugestão.
No último domingo (14), enquanto se encontrava com a primeira vice-ministra das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Park Yoon-joo, na sede do Ministério das Relações Exteriores em Seul, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, expressou “profundo pesar” pela detenção em massa de trabalhadores sul-coreanos na operação de imigração de 4 de setembro, pedindo melhorias institucionais para evitar que isso se repita.
O ministério informou que Landau e Park discutiram questões da aliança entre os dois países, incluindo a resolução do caso dos detidos e a melhoria do sistema de vistos, a implementação de medidas de acompanhamento da cúpula Coreia do Sul-EUA de 25 de agosto e assuntos regionais e globais mais amplos.
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Imagem: Yonhap
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