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[LISTA] Conheça cinco contos populares coreanos

Assim como o Brasil tem personagens de contos famosos como Saci e Iara, a Coreia também possui contos populares com personagens famosos e uma longa tradição passada de geração em geração através de livros, do pansori e até de k-dramas, em versões mais modernas. Essas histórias vão desde narrativas fantasiosas sobre os reis da península coreana até contos de fadas e fábulas com animais que poderiam se passar em qualquer lugar. Para conhecer um pouco mais, confira com a KoreaIN alguns contos populares coreanos que nos entretêm e ainda nos contam mais sobre a cultura de um povo.

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Heungbu e Nolbu

O conto dos irmãos Heungbu e Nolbu foi escrito durante a Dinastia Joseon, entre os séculos 14 e 20. A história fala sobre dois irmãos bem opostos: um gentil e leal ao pai, Heungbu, e outro cruel e odiado, Nolbu. Quando o pai de ambos morreu, desejou que os irmãos ficassem sempre unidos, mas Nolbu, que herdou a casa e todo o dinheiro, expulsou o irmão e a família dele.

Heungbu, a esposa e os filhos passaram a viver na miséria e mesmo implorando comida ao irmão, Nolbu não acatava. Até que, após ajudar um pássaro machucado, Heungbu recebeu abóboras cabaças mágicas que deram a ele dinheiro, comida e uma casa. Quando soube da história, Nolbu quebrou a perna de um pássaro para fazer o mesmo, mas recebeu goblins e maldições que acabaram com a casa e tudo o que tinha.

Sem ter para onde ir, recorreu ao irmão, que o acolheu apesar de sempre ter sido maltratado e enfim Nolbu aprendeu a mudar de vida e os dois irmãos passaram a se dar bem como o pai havia desejado.


Kongjwi e Patjwi

A história de Kongjwi e Patjwi é uma fábula coreana também da Dinastia Joseon que é conhecida por ser a versão coreana da Cinderela, mas com temas mais comuns asiáticos e uma história além do conto de fadas que conhecemos normalmente.

Poucos dias após Kongjwi nascer, sua mãe faleceu e ela foi criada pelo pai. Quando tinha 14 anos, ele casou novamente com uma mulher que já tinha uma filha, Patjwi. Após a morte do pai, a madrasta e sua meia-irmã Patjwi passam a maltratar Kongjwi e tratá-la como criada. Em algumas versões da história, é a mãe que casa novamente e o padrasto que a maltrata e sabota suas atividades domésticas.

Um dia, a madrasta e Patjwi anunciaram que iriam a um grande banquete e disseram que Kongjwi poderia ir apenas após realizar as tarefas. Uma fada e animais mágicos então vieram ajudá-la a terminar as tarefas e deram a ela lindas roupas. Ao chegar na festa, encantou todos com sua beleza, para a fúria da madrasta que a mandou para casa. No caminho, deixou um sapato cair, que um magistrado encontrou e buscou a dona, ao fim encontrando e casando-se com Kongjwi.

Em algumas versões da história, o conto vai além do tradicional da Cinderela, com a meia-irmã Patjwi matando Kongjwi (empurrando a menina em uma lagoa) e se colocando no lugar dela. Kongjwi então renasce como uma bela flor. Patjwi também se incomoda com a flor e a queima na lareira. Um dia, uma mulher pede fogo emprestado para a família e das cinzas que retira, Kongjwi revive e alerta o magistrado, que traz Kongjwi de volta, mata Patjwi e entrega as cinzas à madrasta, que também falece pelo choque.


Jaringobi

Jaringobi não é apenas um conto popular, mas uma série de histórias e variações que foram surgindo ao longo do tempo sobre um personagem (ou até mais) extremamente avarento que economiza em tudo e sempre reclama de desperdício. Muitas vezes são colocados dois personagens avarentos na mesma história, onde um “elava” o nível da frugalidade.

Em um conto, uma mulher vai ao mercado de peixe, inspeciona vários peixes e não leva nenhum, volta para a casa, lava a mão que manuseou os peixes e usa a água que lavou a mão para fazer sopa. O marido, ao saber, reclama dizendo que deveria ter feito isso no poço da vila assim todos teriam sopa por mais tempo.

Em outra versão, um homem que só permitia um pequeno prato de molho de soja na mesa brigou com a nova nora que serviu um grande prato com ele. Mas a resposta da nora é que, com tanto molho de soja servido, era possível sentir o sal só de olhar, economizando ainda mais, o que impressionou o sogro.


Shim Cheong

Shim Cheong é um exemplo diferente de várias histórias sobre uma mesma personagem, mas que funciona como um trabalho completo. É conhecida como uma canção de xamãs e também tem a versão cantada do pansori.

O principal tema é a história de uma filha devota ao pai cego, que se esforça para cuidar dele mesmo com dificuldades para alimentar ambos. Um dia, o pai cai no rio e é salvo por um monge, que diz que, se ele oferecesse 300 sacos de arroz para Buda, recuperaria a visão. Ao contar a história para a filha, Shim Cheong parte para descobrir uma forma de conseguir o arroz.

Ela então conhece um marinheiro buscando uma mulher para sacrificar para a deusa do mar e Shim Cheong não hesita em se oferecer, pedindo em troca apenas os 300 sacos de arroz para o pai. A deusa do mar simpatiza com Shim Cheong e cuida bem dela em seu palácio com criaturas marinhas. Mas, preocupada com o pai, Shim Cheong deseja voltar e a deusa do mar a coloca em uma grande flor de lótus de volta na superfície.

Os servos do Rei encontraram a flor e, após abri-la, o Rei se encantou com a beleza de Shim Cheong e a pediu em casamento. Ela concordou contanto que ele ajudasse a encontrar seu pai. Ele então fez um banquete de 3 dias para todos os cegos do reino. No final do terceiro dia, Shim Cheong viu um homem idoso indo em sua direção e chamou pelo pai, que então pela primeira vez abriu os olhos e viu a filha.


A Fada e o Lenhador

A Fada e o Lenhador é um conto de fadas sobre um amor cruel, com semelhanças com a história do balé O Lago dos Cisnes. A história começa com um lenhador que salva um cervo de um caçador. Em troca, o cervo diz que vai ajudá-lo a conseguir uma esposa, dizendo para ir a um certo lago onde fadas desciam dos céus e tomavam banho. Se ele roubasse e escondesse a roupa de uma delas, ela não conseguiria voltar e só poderia tê-las de volta ao casar e ter 4 filhos com ele.

O lenhador segue as instruções e assim casa-se com a mais nova das fadas. Após terem o primeiro filho, a fada pede para apenas ver as roupas, mas ele recusa suspeitando de suas intenções. O mesmo acontece após terem o segundo filho. Após o terceiro, ele confia nela e mostra as roupas, e ela então as veste, pega os 3 filhos e vai para os céus.

Desesperado e sentindo falta da esposa e dos filhos, ele vai de novo ao mesmo local onde encontrou a fada e o cervo fala que elas não retornaram, mas que ele pode subir se esperar a corda descer dos céus. Ele assim o faz e o rei dos céus, pai de sua esposa, o recebe e eles passam a viver juntos até que o lenhador sente então falta da mãe e pede para visitá-la.

A esposa fala que, se ele descer, pode nunca mais conseguir retornar, mas ele vai mesmo assim com um cavalo-dragão. Durante o reencontro emotivo com a mãe, o cavalo-dragão se assusta e volta para os céus, deixando o lenhador preso na Terra. Ele passa então os dias em luto até que é transformado em um galo, sempre subindo as montanhas mais altas pela manhã tentando alcançar os céus.

Por Paula Bastos Araripe
Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7)
Imagem: reprodução
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  • Paula Bastos Araripe

    Jornalista carioca que tem o k-pop como trilha sonora da vida. Multistan incorrigível, defensora de grupos (injustamente) desconhecidos e nostálgica da segunda geração do k-pop. Highlight (Beast) tem certificado vitalício como meu grupo ultimate.

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