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Conheça CocoAvenue: o primeiro grupo totalmente negro de K-Pop do mundo

Este artigo é uma tradução do site Black in Korea e possui opiniões da autora.
Jenna a esquerda e Jenny a direita

De acordo com a sociedade, pessoas negras e K-Pop são pólos opostos. Eles são como duas entidades conflitantes que nunca foram feitas para se encontrar. Tipo amendoins torrados e couve. Você simplesmente não faz isso. Certo?
Bem, eu digo: errado. Como algumas estrelas do K-Pop vestindo roupas e acessórios populares por pessoas negras, cantando R&B, por que é tão improvável que os indivíduos com mais melanina possam realmente apreciá-lo? E, por que é tão estranho pensar que pessoas negras podem querer aproveitar a onda Hallyu também?
É aí que Jenna e Jenny entram. Duas mulheres negras bonitas e talentosas que fizeram um nome para si cantando K-Pop covers sob o nome de “CocoAvenue“. Quando me deparei com seu incrível cover de ‘You Know’ do Jay Park eu sabia que eu precisava conhecer mais sobre as meninas que fazem a história como o primeiro grupo negro de K-Pop!

Como as midias socais as reuniram
Jenny, vinda de St. Louis, Missouri, originalmente encontrou Jenna, uma nativa de Jacksonville, através do Youtube. Por ambas as meninas cantarem covers R&B de K-Pop, serem negras, e terem nomes semelhantes, os espectadores muitas vezes as confundiam. “As pessoas achavam que eram a mesma pessoa”, Jenny explicou divertidamente. Este tipo de situação, conhecida como Parent Trap (gíria que define pessoas semelhantes, mas que não se conhecem), levou Jenny a enviar uma mensagem à Jenna e elas começaram a cantar covers de K-Pop juntas. Mas foi quando Jenny postou uma atualização de status no Facebook dizendo: “Eu quero iniciar um grupo de K-Pop”, que CocoAvenue nasceu. Seis membros depois, o grupo começou a gravar vídeos juntas. “No início, tivemos que usar a ‘tela verde’ para colocar ambas juntas”, explicou Jenna, como ela detalhou que cada garota vivia em um estado diferente, fazendo o ato de ensaiar e gravar extremamente difícil.
Após um tempo o grupo de seis membros evoluiu para um duo, mas, ao contrário de alguns ex-membros do Destiny’s Child, não há sangue ruim (bad blood) entre as meninas. “Nós todas ainda apoiamos umas as outras” as meninas disseram sobre os antigos membros do grupo, “e estamos muito apaixonadas pelo que fazemos.” Essa paixão é o que as levou a mudar em conjunto para a terra das oportunidades: Los Angeles.

Superando obstáculos
Ser negra e fazer nada além do que é esperado de você sempre vai levantar algumas sobrancelhas, e estar no mundo K-Pop convida toda uma nova onda de críticas. “Raça é uma faca de dois gumes”, Jenna explicou, “Ela pode nos ajudar porque nos destacamos, mas isso nos dói porque pode ser visto como um chamariz¹. Mas esse não é o caso”, ela continuou, “Nós somos sérias sobre isso.”
Elas passaram a contar uma história de uma empresa de promoção que só queria inscrições de homens asiáticos atraentes e a frustração que experimentaram. Elas perceberam, como eventualmente a maioria das pessoas negras fazem, que elas têm que ser um milhão de vezes melhores do que os seus concorrente até mesmo serem consideradas como uma opção. Mas mesmo com essa pedra em seus caminhos, não teria nenhuma outra maneira. “Estamos muito orgulhosas da nossa identidade negra”, declarou Jenna.
Não é nenhum segredo que os estereótipos negativos afetam o modo como o mundo vê pessoas negras, e na Coréia do Sul, não é diferente. Blackface² é uma prática comum da comédia e os negros são vistos como agressivos, pobres e muito mais. Jenna e Jenny possuem a esperança de quebrar os estereótipos através de sua música. “Os fãs de K-Pop não são todos da mesma cor”, explicou Jenna.
E para as pessoas que podem dizer que elas não podem ser um grupo de K-Pop, porque não são coreanas, as meninas dizem isto: “Muito do que K-Pop é vem do que R&B e Hip Hop costumavam ser“. Elas também descreveram como K-Pop se aproveita da cultura negra, e em seguida, deixam de fora os criadores da cultura, um sentimento que eu mesma tenho compartilhado aqui no blog.
O que estará nas lojas do CocoAvenue no futuro?
Enquanto o grupo não tem nenhuma música original disponível para a compra, no entanto, elas estão em uma missão para gravar seu primeiro mini álbum³ este ano. Em vez de dar aos seus fãs, chamados “Coco Puffs”, música de baixa qualidade, Jenny criou uma campanha GoFundMepara arrecadar dinheiro para que elas possam entregar um álbum de qualidade superior.
“A campanha vai para o estúdio, despesas, aluguel de pontos de ensaio e compra de direitos musicais”, disse Jenna que explicou o quão caro a gravação de um artista pode ser, “Às vezes somos solicitadas a realizar performances em um local, mas não podemos pagar a viagem”.
Uma viagem que elas irão fazer? Coreia do Sul. A dupla vai viajar para a Coreia do Sul em maio para fazer maiores movimentos e catapultar suas carreiras!
Como uma fã negra de K-Pop, me deixe dizer-lhe, o que essas meninas estão fazendo é corajoso, é ousado, e isso é importante. Questão de representação em todas as áreas, e eu pessoalmente estou cada vez mais assistindo artistas usar a nossa cultura e cuspir-nos para fora. CocoAvenue é uma refrescante mudança no mundo do K-Pop e vamos fazer o que pudermos para apoiá-las.

Quer acompanhar o CocoAvenue? As veja no Facebook, Twitter e, claro, Youtube!
¹gimmick: algo que não é sério ou de valor real, que é usado para atrair a atenção ou o interesse das pessoas temporariamente, especialmente para fazê-los comprar algo.
²Blackface: prática de se pintar de “negro” e comumente utilizada na comédia para satirizar negros, esta prática é considera racista e tem raízes históricas.   
³EP: termo abreviado em inglês de Extended Player, utilizado para designar um pequeno albúm, com média de 4 a 5 faixas usado para mostrar o talento do artista.
Autoria: Jacque Amadi do blog Black in Korea
Tradução e Adaptação: Amanda Carolina
Não retirar sem devidos créditos

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  • Naira Nunes

    Publicitária, redatora e diretora de arte, sou CEO e fundadora da KoreaIN, a primeira revista brasileira sobre música e cultura asiática.

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