Antes tudo era tradição, então Seo Taiji & Boys criou o K-pop e viu que era bom.
Apesar de ainda recente na história da humanidade, o K-pop já faz parte de nossas vidas. Por meio da música conhecemos outra cultura, outra língua, outros costumes e outras formas de entretenimento. Mas será que realmente sabemos de onde veio o K-pop? Ou somos mais uma criança achando que o leite vem da caixa e não da vaca? A mais nova série da KoreaIN tem o objetivo de -missionar- informar sobre essa história tão incrível da musica popular coreana.
A música como manifesto
Apesar da frase que abre essa postagem, a música popular coreana pode ser rastreada muito antes do Seo Taiji & os garotos. A influência? Estrangeira. As primeiras impressões da música “pop” vem com os missionários que ensinavam canções populares americanas e britânicas aos coreanos. Essa melodia ficou conhecida como changga.
A Coreia, antes um só país, sofreu uma ocupação cruel e violenta como parte da campanha de anexação japonesa. Não apenas seu território foi ocupado, como sua cultura foi subordinada à japonesa, sendo proibido até mesmo o ensino da língua coreana. A melodia então ensinada pelos americanos se tornou popular e uma fonte de resistência contra a ocupação. A canção mais popular foi “Huimangga” (희망가, A canção da esperança), fazendo com que os japoneses confiscassem as coletâneas e novamente subordinassem suas próprias músicas ao povo coreano.
As músicas eram traduzidas do japonês e interpretadas em coreano. O primeiro compositor coreano a realmente compor músicas pop foi Lee Jeong-suk, com o álbum “Nakhwayusu” (낙화 유수, Flores caindo na água corrente). Mas foi um compositor japonês o responsável por um estilo ainda presente na Coreia, o Trot “트로트”, que mistura a música coreana com o estilo de músicas evangélicas americanas.
Coreias dividas, as portas se abrem para o Ocidente
Quando a Coreia se dividiu em Norte e Sul, as tropas americanas permaneceram no país para assegurar a proteção. O desenvolvimento dos chamados LPs só ajudou, e o que as tropas ouviam? Country, blues, jazz e rock & roll. E era isso o que muitos coreanos passaram a ouvir, o país estava florescendo e se desenvolvendo e no meio desse turbilhão estavam as mídias.
Surgiram assim as primeiras bandas de rock e os primeiros cantores populares internacionalmente. Kim Sisters , Yoon Bok-hee e Patti Kim fizeram shows no Vietnã e Estados Unidos. Han Myeong-suk, em 1961, fez uma versão da música “The Boy in The Yellow Shirt”, da cantora francesa Yvette Giraud, que ficou muito popular, acredite… no Japão (bem antes de BoA e TVXQ). O trot também continuava muito popular.
Paz e Amor
Na década de 60 os coreanos, principalmente os jovens, eram muito influenciados pela cultura americana, e isto inclui o movimento hippie. Assim como os americanos, os coreanos se opunham a Guerra do Vietnã e o governo reprimiu músicas com letras muito liberais. O folk era uma forte influência.
Também foi uma época de surgimento de vários festivais que existem até hoje. O canal MBC promoveu um concurso de música para universitários em 1970. Um nome popular era Han Dae-soo, com performance ousadas e sendo censurado pelo governo muito antes de HyunA nascer.
A balada. Mas não a festa, a música
Na década de 80 os DJs começaram a se popularizar e também caiu no gosto do povo as pop ballads, e quem não ama? Lee Gwang-jo lança em 1985 o álbum “Você está muito longe de chegar perto” (가까이 하기엔 너무 먼 당신, Gakkai Hagien Neomu Meon dangsin), bem nome de balada não é? E pasmem, vendeu 300.000 cópias. Outros cantores como Lee Moon-se e Byun Jin-seob ficaram conhecidos como “príncipes das Baladas”. Músicas do cantor Cho Yong-pil chegaram a Hong Kong, Japão e Nova York. Sendo ainda um grande sucesso na Coreia do Sul.
E claro que o ballad ainda tem muita influência no K-pop, sendo muito raro grupos que não tenham uma ou outra composição em seus álbuns.
Década de 90 se aproxima e no próximo post iremos falar do trio maravilha: Seo Taiji & Boys, os grandes precurssores do K-pop como conhecemos hoje. Um divisor de águas e vale ponto na carteirinha de kpopper, então acompanhe!
Por Amanda Carolina
Fonte: Rousee-Marquet, Jennifer. “K-pop : the story of the well-oiled industry of standardized catchy tunes”. Institut national de l’audiovisuel.
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