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OMONA! A Ascensão Global dos Dramas Coreanos

Os k-dramas têm conquistado cada vez mais fãs em todos os continentes. No entanto, muitos não sabem que a evolução dessa popularidade envolve uma série de elementos, desde o apoio governamental até os avanços tecnológicos, que também evidenciam a perspectiva mídia televisiva coreana se consolidar de vez entre os grandes no mercado global.

INTRODUÇÃO

A paixão pelas telenovelas é compartilhada entre telespectadores há décadas. Especialmente na Ásia, houve a variação das tramas de TV em um formato único, que são os dramas – ficções televisivas produzidas no leste e sudeste do continente. Em particular, os dramas coreanos (hangul: 한국드라마) vem conquistando um público fiel nas terras mais longínquas. Atualmente, dominam a Ásia, se expandem cada vez mais para países do ocidente e alcançam telespectadores em todo o mundo. Além de entreterem milhões de pessoas, se tornaram importante instrumento de promoção da cultura sul coreana e, consequentemente, impulsionador da economia do país. Ainda não sabe muito a respeito? A KoreaIN te explica o mundo dos dorameiros!

O QUE SÃO OS DRAMAS?

Os dramas coreanos ou k-dramas (redução do termo Korean Drama), cujo termo é designado ao formato desenvolvido e não ao gênero, são ficções televisivas produzidas pelas principais redes de televisão na Coréia do Sul, como a Korean Broadcasting System (KBS), Seoul Broadcasting System (SBS), Munhwa Broadcasting Corporation (MBC) e Total Variety Network (tvN). De modo diferente do formato das novelas brasileiras possui entre 16 e 100 episódios, sendo que dificilmente ultrapassa esses números. Já a temática é bem variada, pois existem dramas familiares, criminais, escolares, médicos, históricos, fantásticos ou de comédia, alcançando públicos diversificado, em faixas de horários diferentes.

Os dramas coreanos, principalmente na década de 1990, alcançaram grande audiência entre a população da República. Em 1991, o drama familiar What Is Love, da MBC, foi um grande sucesso, ficando consagrado como o maior da emissora até hoje. Já no ano de 1995, a SBS fazia sucesso com o drama Sandglass e no ano seguinte foi transmitido o k-drama de maior sucesso da história da tv sul-coreana, First Love, da KBS.

A EXPANSÃO DOS DRAMAS COREANOS NA ÁSIA

O boom dos dramas coreanos para além do país começou no final da década de 1990. Com uma indústria audiovisual que não alcançava grande escala, o incentivo governamental foi crucial no desenvolvimento da produção dos dramas para o cenário atual. O presidente Kim Dae-jung, em 1998, se autodeclarou “presidente da cultura”, de modo que decretava a partir dali o compromisso de contribuir para a criação de políticas diversas de promoção da cultura coreana, a fim de tornar futuramente o país líder midiático e econômico, reafirmando, também, políticas protecionistas iniciadas no início da citada década para estimular a produção de cultura interna. Ao mesmo tempo que as políticas governamentais foram crescendo, as tramas foram se aperfeiçoando, chamado, assim, a atenção dos países vizinhos.

Esses países asiáticos foram atraídos em primeiro momento pelo baixo custo das produções àquela época. Posteriormente, China, Japão, Malásia e outros países do Sudeste Asiático despertavam para a verdadeira paixão aos k-dramas. Os precursores desse crescimento midiático foram os dramas What Is Love (사랑이 뭐길래), transmitido na China em 1997;  Autumn Tale, maior audiência da TV taiwanesa em 2001; o romântico Winter Sonata da KBS (2002), principalmente no Japão (transmitido pelo tradicional canal NHK), consagrando ali o ator Bae Yong Joon, e o histórico Dae Jang Geum ou A Jewel In The Palace da MBC (2003).

A partir dessa recepção inicial favorável aos dramas coreanos em outros países, os mesmos ganharam status na produção televisiva da Coreia do Sul, tornando-se mais um fator para a produção em larga escala, qualificando o mercado.

O COMEÇO DA HALLYU NO OCIDENTE

A hallyu (onda coreana) iniciou-se na década passada e teve como pontapé o estouro desses dramas na Ásia. Esse verdadeiro progresso começou a exportar para o mundo a indústria cultural coreana. Assim como o fenômeno dos animes japoneses no ocidente, entre as décadas de 1980 e 1990, como Os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Rurouni Kenshin (Samurai X) e Pokemon, os dramas coreanos foram popularizados no ocidente através da plataforma mais comum de promoção: de fã para fã.

De forma progressiva, à medida que as tecnologias iam se aperfeiçoando, surgia em alguns países os chamados fansubbers – em que pessoas se voluntariavam para traduzir e legendar os dramas vindos do oriente. Até meados de 2005, o número de dramas traduzidos ainda era discreto e a maioria das legendas encontradas eram em inglês, tornando o compartilhamento também pequeno.

Somado a já citada variedade de temas e a pequena quantidade de episódios, outras características que atraíram o público foram as tramas enxutas, com episódios de 1 hora em média e os núcleos reduzidos, que facilitam o acompanhamento da trama.

Diante dessa situação de crescimento do mercado externo, as próprias empresas de televisão sul-coreanas mesclaram enredos tipicamente coreanos com aspectos ocidentais, aproximando ainda mais quem assistia. Isso despertou mais curiosidade nos telespectadores em tudo o que envolvia os dramas, seja a história da Coreia do Sul, comportamento do povo asiático, notícias dos futuros dramas, críticas dos enredos, curiosidades sobre os atores, surgindo, ainda, fanpages e grupos nas redes sociais para discussão entre os fãs. Por consequência, aumentou ainda mais o consumo da mídia coreana.

Assim, despertou-se a atenção de empreendedores para investir no ramo televisivo das mais variadas formas, alcançando, enfim, a abertura do mercado dos dramas além da Ásia.

A GLOBALIZAÇÃO DOS DRAMAS COREANOS

O interesse pela cultura coreana, a percepção de alguns empresários e o avanço tecnológico permitiu que, além dos fansubbers, surgissem nos últimos anos outros meios de expansão dos dramas pelo mundo.

Em alguns países a força da Hallyu tem sido tão grande que é possível encontrar dramas dublados em canais nacionais, como é o caso da ‘Panamericana Televisión’, no Peru. Já em Cuba, os k-dramas vêm dividindo espaço de igual pra igual com as novelas brasileiras, tão respeitadas no âmbito internacional. É televisionado dramas no ‘Canal Habana’ desde 2013, além de serem encontrados legendados em algumas lojas de forma ilegal.

Importante contar que ano passado a KBS anunciou o lançamento do canal KBS World Latino, com toda a programação traduzida para o espanhol. No Brasil, algumas operadoras fornecem a KBS, mas com legendas em inglês. Por outro lado, com a promoção de um projeto do Centro Cultural Coreano começou a ser transmitido ano passado, no canal Rede Brasil o drama da JTBC, Happy Ending, com as opções dublado e legendado. O canal +Globosat já transmitiu em suas madrugadas o grande sucesso IRIS e a Rede Globo apresentou em 2014 uma reportagem no programa Vídeo Show em que o jornalista Zeca Camargo conheceu os estúdios da KBS e mostrou aos brasileiros os bastidores da comédia familiar Sweet Secret.

No contexto empresarial, as plataformas online como Viki, Dramafever, e Netflix, proporcionaram a completa globalização dos k-dramas. De fato, além dos países asiáticos e da América Latina, os países da Europa e da América do Norte tem sido grandes consumidores desse formato. Dados mostram que só a plataforma Viki possui 35 milhões de usuários fixos mensais no mundo, sendo os Estados Unidos com o maior número, com 1.312.500 aproximadamente. Do total, 25% são da América Latina, sendo 15% só do México!

A abertura do mercado externo permitiu o sucesso global de dramas como Goong, Coffee Prince, Full House, Boys Over Flowers, Playful Kiss, You’re Beautiful, Secret Garden, Iris, Personal Taste, The Moon That Embraces The Sun, My Love From Another Star e tantos outros que encontramos facilmente na lista dos dorameiros.

IMPACTO CULTURAL NA ECONOMIA DA COREIA DO SUL

O incentivo do governo sul-coreano na promoção da cultura do país de fato deu certo. Hoje, o país exporta para o mundo inteiro as suas músicas, dramas e filmes, além de vir afirmando um lugar de respeito na política mundial, evidenciando ser uma potência além dos limites da Ásia.

Nesse sentido, a hallyu tem um papel fundamental, isso porque os dramas movimentam também a exportação de bens de consumo. É crescente o número de espectadores que movimentam o comércio de cosméticos, eletrônicos, moda e até mesmo de automóveis.

Segundo o Serviço Aduaneiro da Coréia do Sul, as exportações para países do Oriente Médio, América Latina e Ásia Central tem experimentado um grande crescimento. No Irã, por exemplo, desde 2007, com o início da transmissão de dramas como Dae Jang Geum e Jumong, a exportação de bens de consumo advindos da Coreia do Sul aumentou 46,3%.

No caso de Peru, México e Brasil, aumentou em 50% o volume de exportação comparando 2010 e 2011. Percebe-se que são números significativos e que impulsionam o governo do país asiático a, cada vez mais, criar políticas de expansão cultural como estratégia de aumento de sua influência no resto da Ásia e ocidente.

Além disso, o turismo no país aumentou. Principalmente entre os jovens é crescente o interesse de conhecer o país de seus k-idols, bem como lugares famosos que viram nos dramas – verdadeiras belezas naturais como a Ilha Jeju, que foi cenário recentemente do drama Warm and Cozy e paisagens belíssimas de Seul que contrasta sua história e modernidade, como foi mostrado no sucesso Rooftop Prince, em 2012.

Sem dúvidas, o esforço empreendido desde o presidente Kim Dae-Jung valeu a pena. O interesse de estrangeiros pela cultura tem sido tão grande que a Coreia do Sul em 2012 foi o 20º país mais visitado no mundo, contabilizando mais de 11 milhões de pessoas conhecendo o país, o que contribui para o aquecimento da economia interna e estimula o mercado de trabalho nacional.

PRESENÇA DIÁRIA

De fato os k-dramas já fazem parte da vida de muita gente. Seja no despertar da manhã, antes de ir dormir, no retornar daquela aula cansativa, de um maçante dia de trabalho, em maratonas nos finais de semana ou nas férias, a expectativa e o prazer proporcionado nessas horas são únicos.

É bem verdade que existem pessoas que ainda nos acham muito diferentes por assistirmos dramas da Coreia do Sul, mas não há nada melhor do que aquela sensação de poder compartilhar com outras pessoas suas experiências, principalmente quando conseguimos convencer um amigo ou até seus parentes à assistir junto! E quando você encontra nas redes sociais um monte de dorameiros então… nem se fala!  Sem dúvidas, sempre tem inúmeras experiências doramáticas para compartilhar e divertimento de sobra com as notícias e os memes populares.

Além de falar desse amor pelos dramas é incrível como um país conseguiu vender tão bem um produto cultural como foi o caso do governo sul-coreano em relação ao seu entretenimento televisivo. Os dados mostram que foram audaciosos e entraram nesse projeto verdadeiramente “de cabeça”, o que resultou em fãs apaixonados não somente pelos dramas, mas por uma cultura, por todo um país.

Todos nós sabemos do potencial dos k-dramas e o quanto eles ainda podem se expandir e, consequentemente, contribuir para a economia e a influência do país. Com efeito, as perspectivas são as melhores. Espera-se que as plataformas virtuais continuem com a audaciosa ampliação que vem demonstrando todos os anos e fica também a expectativa para que os dramas alcancem mais canais televisivos em todos os continentes, seja nos canais a cabo ou gratuitos, inclusive no Brasil, a fim de atrair mais telespectadores (e amantes!) ao redor do mundo.

Quem sabe algum dia as novelas mexicanas vespertinas dividam lugar com algum K-drama? Bom, enquanto essa inimaginável e divertida cena não ocorre, continuamos com a melhor forma de expansão da hallyu, o “boca-a-boca”, ou melhor, o relacionamento de fãs para (futuros) fãs!

Essas próximas semanas estaremos com conteúdos exclusivos para vocês, acompanhe nossas redes sociais!
 
 
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Por: Erika Christina
Revisão: Naira Nunes
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Naira Nunes

    Publicitária, redatora e diretora de arte, sou CEO e fundadora da KoreaIN, a primeira revista brasileira sobre música e cultura asiática.

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