I Can Speak apresenta despretensiosamente um roteiro simples para então surpreender com um cenário arrebatador, que envolve emocionalmente quem o está assistindo. O filme dirigido por Kim Hyun-Seok e estrelado por Lee Je-Hoon (Park Minjae) e Na Moon‑hee (Na Ok Boon), conta a história de Ok Boon, uma senhora que segue diligentemente as leis e tenta fazer com que todos a sua volta também a sigam, e de Park Minjae, um sistemático servidor público que carrega consigo o fardo de cuidar de seu irmão mais novo após a morte de seus pais. A produção da Myung Films, lançada em 2017, surpreende o público ao apresentar um tema extremamente importante de forma sutil até o momento principal do filme.
O filme se inicia com a apresentação da função principal de Ok Boon em sua vizinhança, ser a vovó que providencia com que todos da sua vizinhança sigam a risca as regras e para isso ela conta com a força da sub-prefeitura do distrito em que vive, onde Minjae começa a trabalhar. A partir daí, a trama toma mais forma pois o público é apresentado a grande vontade de Ok Boon em aprender inglês, por até então motivos desconhecidos, e movida por essa vontade a vovó consegue convencer Minjae a ajudá-la. A relação dos dois protagonistas é desenvolvida de forma gostosa de se acompanhar, até o momento em que vemos que os laços entre os personagens foram de fato firmados.
O roteiro, escrito por Seung-hee Yoo, apresenta a força feminina e uma sutil crítica aos servidores públicos que permeiam o cenário de I Can Speak, que com um tom humorado impacta e transmite a exata mensagem que gostaria de passar ao público. O filme também trata sobre as mulheres de conforto (mulheres que eram exploradas sexualmente durante a Segunda Guerra Mundial), um tópico sensível para os coreanos e a responsabilidade histórica do Japão.
O filme faz parte do catálogo da Mostra de Cinema Coreano, que será exibida no Centro Cultural São Paulo, do dia 19 até o dia 22 de junho.
Por Yasmin Marcondes.
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