Milhares de sul-coreanos protestaram nas ruas de Seul no sábado, 21 de maio, conta a polícia da Coreia do Sul, exigindo que investigassem com justiça igualitária os crimes sociais envolvendo ‘spy cam’, as câmeras espiãs.
O protesto iniciou por conta do machismo nas investigações, pois, segundo os manifestantes, as investigações policiais são muito ágeis quando as vítimas são homens e não dão o suporte necessário para mulheres. O caso que levou os manifestantes às ruas foi o de uma modelo de 25 anos, que fotografou um colega de faculdade nu e, sem o conhecimento do mesmo, divulgou no site da universidade e também pelas redes sociais. As mulheres, porém, ficaram surpresas com a rapidez que a polícia solucionou o caso, pois, ao todo, levou-se uma semana para encerrarem as investigações e declararem culpada a colega de turma. Mais de 400 mil pessoas já assinaram uma petição à Casa Azul Presidencial, exigindo “justiça igualitária” e alegando que as diversas suspeitas femininas são injustamente tratadas.
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“O evento no sábado foi um dos maiores protestos femininos na história da Coreia do Sul. Muitas usaram vermelho, como símbolo de sua indignação, enquanto cantavam ‘mulheres também são cidadãs da Coreia’, segundo o Korea Times”.
Por anos as mulheres sul coreanas foram vítimas de uma –como foi descrito pelos coreanos– “epidemia de câmeras espiãs pornográficas”. As mulheres foram filmadas secretamente em banheiros públicos, provadores ou em câmeras de elevadores, que eram estrategicamente posicionadas no chão, para filmar por baixo das saias. Todo o material filmado era divulgado em redes sociais ou sites pornográficos.
Além dessas câmeras localizadas em lugares públicos, inúmeras denúncias foram feitas por mulheres enganadas por seus parceiros, que filmavam -em segredo- os momentos íntimos e expunham na internet como uma “vingança” após o término do relacionamento.
De acordo com a polícia sul-coreana, no ano de 2016 foram reportados aproximadamente 5.200 casos de assédio sexual envolvendo as câmeras espiãs, sendo que mais de 80% das vítimas são mulheres. Ainda segundo a polícia, mais de 7.300 pedidos foram feitos para que os vídeos fossem removidos de sites.
Ainda na petição para a Casa Azul, foi mencionado o caso de cinco nadadores (do sexo masculino) que instalaram câmeras espiãs no vestiário da equipe de nadadoras. Os atletas foram declarados como inocentes pela ausência de provas. Os manifestantes, entretanto, pedem que o caso seja reaberto e que a justiça seja feita.
Como solução para os casos, o gabinete presidencial propôs regulamentar as vendas de câmeras escondidas, impondo penalidades mais fortes a quem vender, comprar ou divulgar as imagens feitas através do aparelho. Segundo o gabinete, é uma forma de prestar apoio às vítimas e impedir que o número de casos, envolvendo as câmeras espiãs, cresça ainda mais.
Por Isabela Marques
Fonte: Telegraph e Korea Times
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