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Artistas sul-coreanos que lutam contra o cyberbullying

Comentários de ódio, assédio, discriminação, insultos, rumores – a intimidação pode vir de várias formas no cenário virtual e ainda tem o anonimato como agravante. Estamos falando sobre cyberbullying, isto é, o bullying praticado e compartilhado de forma online, podendo ter resultados tão graves quanto o bullying “raiz”.



São inúmeros os sentimentos que alguém que sofre as intimidações pode ter, provocando, por sua vez, outras inúmeras atitudes. O importante é entender que as ações são infundadas, sem motivo algum, porque ninguém merece esse tipo de tratamento.

As celebridades não estão isentas disso. O cyberbullying e o K-pop têm uma relação conturbada e, infelizmente, ainda muito presente. Os “Knetz”, como são chamados os internautas coreanos, podem ser muito duros e intimidadores com os artistas que não se encaixam no padrão estético, cultural e/ou social da Coréia do Sul.

Contudo, sempre há aqueles que lutam contra isso, usando sua voz para se impor ou mesmo para inspirar os outros a se defenderem. Combater o cyberbullying na prática exige bastante força e coragem, a seguir há alguns artistas que sofreram intimidações e tomaram atitudes contra elas:


Taeyeon (SNSD)



Taeyeon é uma referência em como lidar com comentários de ódio: mais do que se esforçar para que eles não a abalem, ela não deixa que passe batido. Por ser uma pessoa mais quieta e fechada, muitos internautas fazem comentários maldosos sobre seu comportamento, chamando-a de esnobe e arrogante. Ao mesmo tempo, quando ela se mostra mais leve, acusam-na de ser forçada e “flopada”. Certa vez, Taeyeon questionou o comentário de estar se referindo ao autor, não a ela.

Devido às suas  pequenas cirurgias plásticas, Taeyeon também recebe hate em suas fotos: nas que não têm filtros, pedem que use para disfarçar sua feiura; nas que têm, julgam o uso. Mas ela responde à altura: “sim, eu me olho no espelho”, e continua postando fotos como quiser. Recentemente, em 2020, suas fotos de aniversário foram criticadas por terem sido postadas dias depois do falecimento do pai, mas ela optou por focar nas felicitações e nas mensagens carinhosas sobre o pai.

Além disso, em 2019, a artista postou alguns poemas autorais no Instagram e recebeu uma DM (mensagem direta, privada) desrespeitosa e agressiva. Mais do que rebater o comentário, Taeyeon divulgou publicamente o nome da conta e abriu um processo legal contra ela.


Sunmi



Após se lançar como artista solo, em 2013, Sunmi recebeu comentários nas redes sociais sobre sua falta de participação nos álbuns, acusando-a de viver às custas dos produtores e apenas colocar seu nome nos créditos, sem trabalhar realmente. Na época, a artista ficou tão chateada com isso que se comprometeu a colocar ainda mais de si nos próximos comebacks.

Em nota, ela diz que seu trabalho não se resume aos créditos e que vai continuar trazendo conteúdo autoral, desde arranjos às composições. E pediu: “por favor, não ignorem meus esforços para fazer esse álbum”. Desde o episódio, Sunmi passou a adotar uma postura ainda mais ativa contra os comentários negativos, deixando transparecer até no MV de Noir, com uma crítica explícita ao uso excessivo das redes sociais e o desespero por likes.

Em 6 de junho, como convidada de um talk show no YouTube, Sunmi falou sobre como lida com os comentários de ódio na internet:

“Não sou só eu, mas muitas celebridades femininas, especialmente membros de grupos femininos, estão passando por momentos difíceis. Há muitas coisas que são quase falsas. Há muitos casos em que as pessoas que nos odeiam escrevem comentários semelhantes a romances. E então chega um momento em que é difícil resistir. Não é que eu esteja com raiva de ver isso … nós geralmente toleramos depois de ler [comentários]. Se eu estiver com raiva, eu vou tolerar de qualquer maneira”.


Jo Kwon (2AM)



Outro idol que responde os comentários é Jo Kwon. O artista já havia sofrido hate no passado por se apresentar com roupas femininas e de salto alto; então, em 2018, quando postou uma foto ao lado do chef e comediante Hong Suk Chun (uma das celebridades gays mais famosas da Coréia do Sul), deu uma lição nos comentários homofóbicos.


“Aquele lado ou este lado, ou qualquer outro lado, há um problema? Se eu for para lá, estarei ‘daquele lado’? Desculpe estamos em 2018. PARE DE DISCRIMINAR” – Jo Kwon sobre o comentário “Jo Kwon deve pertencer àquele lado’também'”

Ainda sobre a publicação acima, Jo Kwon estendeu o debate e escreveu sobre o que pensa daqueles que fazem comentários de ódio: “Eu geralmente não me importo com o que dizem os haters. As pessoas consideram a mídia social uma perda de tempo e eu concordo até certo ponto. É por isso que, quando quero interagir, faço isso sem causar danos ou polêmica. Então, quando vejo que os haters vêm com suas contas falsas renovadas para serem usadas para espionar outras contas do IG e deixar comentários odiosos, eu tenho que perguntar seriamente:

‘Eu alguma vez te causei algum problema?’ As celebridades também são pessoas. Espero que você aprenda a ver o mundo com uma perspectiva mais ampla e perceba que há pessoas que se parecem com isso e aquilo, que agem assim e daquilo, e que preferem isso ou aquilo. Você provavelmente deve aprender a respeitar os outros. O que você diria se alguém atacasse outra pessoa aleatoriamente sobre sua aparência ou forma? Todos merecem ser amados e respeitados. Se eles não fizeram nada por você, deixe-os em paz e continue com sua vida’”.



IU



A princesa do K-pop também deixou claro que merece respeito, dessa vez, através de uma ação judicial. Em 2017, a gravadora Fave Entertainment, então responsável por IU, divulgou que tomaria ações legais contra um youtuber por assédio sexual e verbal. Nos vídeos, o homem fazia comentários depreciativos e sexuais sobre a artista, constrangendo-a e utilizando-a como piada.

Quando alertado sobre a possibilidade de um processo contra ele, o youtuber achou graça, considerou que seria uma ótima oportunidade de conhecer IU pessoalmente. Contudo, após a notificação judicial, o homem pediu desculpas, alegando que nunca teve a intenção de ridicularizá-la ou assediá-la sexualmente: era apenas para que as pessoas rissem. Injustificável.

O processo judicial contra o youtuber não foi retirado. IU contou com muito apoio dos fãs para garantir que mesmo com o reconhecimento da culpa, o homem enfrentasse punições legais por suas ações, como foi feito.


Heechul (Super Junior)



Por mais de três meses, Heechul foi auxiliado pelos fãs e, juntos, coletaram centenas de comentários maliciosos contra o artista. Em 22 de julho de 2020, o integrante do Super Junior foi à delegacia acompanhado de seu advogado para prestar denúncia. A ação judicial é, em grande parte, sobre mensagens maldosas e informações falsas. E Heechul ainda afirma que não está aberto a acordo.

Em resposta ao repórter Kyung-Hyeon Lee do portal Joins, o artista deixou claro para os haters:

“Eu não quero falar com eles um a um, eu quero ir até a polícia para mostrar que eles merecem isso por terem feito pessoas chorarem e sofrerem”.


Leia mais: Heechul (Super Junior) move ação judicial contra comentários maliciosos


Lee Min Ho



Caso ainda mais recente, de 12 de agosto de 2020. Lee Min Ho também recorreu com ação judicial contra cyberbullying. O caso está sendo supervisionado pelo escritório de advocacia LIWU, que irá monitorar comentários maliciosos e informações falsas contra o ator.

Qualquer coisa que possa representar ataques de cunho pessoal, assédio sexual, rumores ou fake news sofrerá ação legal. Assim, os responsáveis por tentar manchar a reputação do autor ou por apresentar qualquer intenção negativa sobre ele poderão ter as consequências devidas.


Leia mais: Lee Min Ho entra com ação judicial contra cyberbullying e fake news


Lei Sulli: combate ao cyberbullying



Dados da polícia sul-coreana informam que o número de casos de insultos ou difamações online dobrou entre 2014 e 2018. Além disso, nos últimos anos, mais artistas do K-pop cometeram suicídio, com o cyberbullying tendo influência sobre isso. Um dos casos que mais sensibilizou o país e o mundo é o de Choi Jin-Ri, Sulli, ex-integrante do grupo F(X) – inspiração para o projeto de Lei Sulli de combate ao cyberbullying.

Sulli tinha 25 anos quando foi encontrada sem vida em sua casa em Seoul, no dia 14 de outubro de 2019. Ela começou a carreira com 11 anos e desde cedo convivia com comentários negativos por não se curvar aos padrões estabelecidos pela indústria do K-pop. A partir de 2014, o ódio ganhou mais força com os rumores de um relacionamento romântico com rapper Choiza, 14 anos mais velho que ela.

O fato de não aprovarem o casal era mais um motivo contra Sulli, que também recebia insultos por deixar claro que não gostava de usar sutiã, por expressar apoio à Coréia do Sul sobre a legalização do aborto e por suas pautas feministas. Sulli chegou a se afastar do trabalho por um ano para cuidar de sua saúde mental e até comunicou a agência sobre sua depressão; infelizmente, nada mudou e ela cometeu suicídio.

Em resposta a esse grave problema social, governantes da Coréia do Sul propuseram uma lei em combate ao cyberbullying que levará o nome de Sulli. A proposta de endurecimento das leis que tratam desse tipo de crime será levado à Assembleia Nacional, onde a discussão envolverá entidades como a Associação Nacional de Artes e Cultura, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Entretenimento e o Sindicato dos Trabalhadores Públicos Coreanos.

No site da Casa Azul, centro de poder executivo sul coreano, internautas fizeram uma petição para que comentários anônimos fossem proibidos para evitar a ocorrência de casos como o de Sulli e, também, para mostrar apoio ao projeto de lei, que ainda não foi divulgado para a imprensa ou para o público.

Ainda no site da Casa Azul, representantes do Partido Democrata da Coréia do Sul publicaram sobre a importância da Lei Sulli:


“A morte de Sulli é um assassinato social. A imprensa se aproveitou da vida de uma jovem para ganhar mais cliques. Os inúmeros ataques de cyberbullying, sob o disfarce da liberdade de imprensa, acabaram com Sulli. Agora é a hora de estabelecermos uma solução para essa cultura desumana”.


Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que se sente assim, procure apoio emocional no Centro de Valorização a Vida (CVV), que atende de forma voluntária e gratuita todos que querem e precisam conversar – por telefone, e-mail e chat 24 horas, todos os dias e sob total sigilo. 

Ligue 188 ou acesse: https://www.cvv.org.br

E lembre-se: Você não está só!

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