Kim Gyurang – artisticamente conhecida como BUDY – brinca sutilmente com a simplicidade das cores refletidas por projetores nas paredes brancas, as estações do ano e com a arte em seu minimalismo. Todas essas características se tornam ainda mais distintas, quando a música se junta a voz doce e intensa. Os arranjos musicais se enroscam como videiras nas composições poéticas, bom, sobretudo, únicas.
Quando se trabalha com arte – e sendo responsável por toda sua identidade musical independentemente – o impulso por demonstrar suas singularidades deixa de ser uma conveniência, se sobressair e criar uma identidade própria é imprescindível. Os sons, a estética, inspirações, composições e vídeos criam cores próprias, uma mistura sinestésica que falam pelo artista, mais do que muitos conseguem dizer. BUDY entende com propriedade a importância de conseguir se expressar e ser reconhecida pela individualidade de sua criação.
O talento de BUDY tornou-a uma artista independente ímpar e inconfundível. Em seu canal no YouTube, a cantora faz covers de músicas populares como Black Swan do BTS, ganham um toque pessoal dela: acordes de jazz, um novo groove e uma nova alma. Esse talento está fazendo a compositora e produtora ganhar mais reconhecimento a cada dia.
A cantora entende a importância de dar vida a cada música e deixa claro sobre como usar um ritmo musical chamado “soul jazz” é parte dela, tanto quanto outros estilos: “Me apaixonei naturalmente pelo jazz enquanto ouvia músicas de diversos artistas. Então passei a ter interesse nos ritmos e acordes que são usados frequentemente nas músicas de jazz, e sinto que me expresso naturalmente através desses elementos jazzísticos das minha músicas. Gosto de todos os tipos de música, independente do gênero, mas acho que ‘soul’ [alma] é o principal aspecto quando se trata de como expressar a música.”
Essa alma dada a cada música e lançamento são parte do charme de BUDY, e ela reconhece que suas inspirações musicais – contudo – vem de diversos outros nichos. Essa mistura eclética se reflete não somente na playlist atual, mas também nas preferências e referências: “Apesar de ser difícil escolher um artista em específico, já que ouço muitas músicas de muitos artistas, gosto de Lauryn Hill e Erykah Badu, elas têm os próprios tons singulares.”
Com relação a parcerias, a versátil artista mencionou que gostaria de trabalhar com algum rapper: “Geralmente penso que gostaria de trabalhar com diversos artistas, já que sou uma artista solo. Como vocalista, gostaria de colaborar com um rapper que pudesse adicionar cores às minhas músicas.”
O processo de produzir covers com novas roupagens é somente uma das façanhas, o desenvolvimento e criação de músicas próprias é ainda mais pessoal, trazendo à tona pensamentos e ideias fervilhantes, íntimos e repletos de memórias, muitas vezes de experiências próprias, mas também oriundos de situações ditas para BUDY por seus familiares e amigos. A cantora revela que muitas músicas foram escritas através de experiências pessoais ou um filosofia de vida e que é afetada por coisas que a rodeiam ou determinadas situações.
Em 2019 ela lançou seu primeiro álbum, Budy’s Midnight (disponível em plataformas de streaming e no YouTube), um compilado de sons e aspectos artísticos de alguém tão cheia de vida e ideias. No ano de 2020 a artista deu aos fãs dois lançamentos distintos: Stray Cat e A Week. BUDY vê em suas composições canais perfeitos para passar grandes mensagens, remetendo a situações comuns do dia-a-dia, mas que nas mãos – e visão – de alguém criativo recebem novos significados: independência e a liberdade não são sinônimos para solidão.
De acordo com a compositora, a inpiração de Stray Cat foi um encontro com um gato de rua preto em uma noite. A confiança e atitude chique de um animal abandonado transformou-se na mensagem passada pela música de “sou livre, não solitária.”
A inspiração de ‘a week’ foi mais sentimental: sua família. A cantora revelou: “Acabei trabalhando em ‘A Week’ com inspiração pelas cartas de amor trocadas pelos meus pais quando eles estavam namorando. Eram cartas que minha mãe escreveu para meu pai uma semana antes de ele ir para o exército, e fiquei tocada emocionalmente pela minha mãe dizendo ‘se cuide, e não se preocupe comigo’, apesar de acabarem sendo separados uma semana depois.“
Kim Gyurang começou a carreira na indústria musical em 2015, como integrante do grupo Girls Girls (여자 여자), deixando o grupo pouco após o debut e retornando para sua forma de arte como BUDY. Desde sua estreia como uma cantora, produtora, instrumentista e compositora sob o selo da gravadora Slow Town Music, garantiu sua posição como uma artista independente em todo e qualquer aspecto.
A mudança de trabalho em grupo para solo gerou sob ela uma pressão pelo fato que, agora, ela faz a maior parte das coisas sozinhas. Ao mesmo tempo, a sensação de conquista vem quando consegue colocar suas próprias cores nas músicas e nas apresentações, bem como na forma como apresenta isso ao público.
A vida de uma artista independente é repleta de percalços. Ser autossuficiente e capaz de dar formas aos próprios projetos sozinha traz outras dificuldades, mas o amor por tudo aquilo criado com as próprias mãos, expressando 100% e com toda a liberdade necessária sua força é a fonte de energia, de acordo com BUDY. Para conseguir manter-se saudável, ela diz ser importante conseguir equilibrar trabalho e descanso.
Como parte do movimento k-indie, que está em constante crescimento na música sul-coreana, a cantora compreende como a originalidade é enormemente relevante para florescer sozinho numa indústria tão grande, cheia de vozes e competição. Entrar no mercado estando certo de seus atributos mais excepcionais é crucial. Para quem almeja uma carreira artística, BUDY dá o seguinte conselho: “Nós nos deparamos com música no dia-a-dia e existem muitos artistas atualmente. Isso torna a indústria musical realmente competitiva, então meu conselho é ‘você tem que trabalhar em encontrar suas próprias cores singulares’.“
No entanto, Gyurang deixa claro que parte da energia e positividade que mantiveram e a mantém movendo, trabalhando, produzindo, compondo, arranjando instrumentais e se reinventando artisticamente diariamente vem da família. São a força motriz e o motivo para que não desabe e tenha que recomeçar do zero. Sua mãe é a principal apoiadora da filha, iluminando-a com energia positiva e sabedoria que BUDY reproduz nas palavras: “Nós temos de ser gratos por tudo que nos é dado“.
O bom trabalho leva à colheita de frutos. BUDY vem chamando atenção no Ocidente, especialmente na América Latina. A cantora diz que adora diversos artistas latinos – como os brasileiros Mallu Magalhães e Luan Santana, dos quais ela gosta das vozes por serem reconfortantes -, e recentemente presenteou os fãs com um cover sentimental de Sálvame do grupo mexicana RBD, ganhando repercussão na mídia.
O sucesso de seu cover, gerou buzz para suas redes sociais e canal no YouTube, que foram tomados por comentários de fãs latino-americanos, elogiando a moça por seu talento excepcional. Ela acha gratificante e surreal existirem pessoas que amam suas músicas mesmo estando longe da Coreia. Ela também confessou que traduz e ler os comentários feitos em suas redes tdoos os dias e mal pode esperar para encontrar seus fãs assim que a pandemia acabar. Em tom de spoiler, ela também revelou ter planos de fazer covers de mais algumas músicas para e está ansiosa para mostrá-los.
Para deixar os fãs coreanos e internacionais ainda mais eufóricos, BUDY vem trabalhando em um comeback para dezembro, publicando fotos no set de filmagem para deixar todos ainda mais curiosos: o que o camaleão irá fazer a seguir? Além do mais, para se aproximar dos ouvintes e admiradores, ainda em dezembro ela promete realizar uma live pelo YouTube, a “BUDY LIVE” é um convite aberto a todos para a prestigiarem e se divertirem com uma cantora tão singular.
Enquanto não recebemos mais detalhes sobre o comeback ou sobre a live, BUDY deixou uma mensagem para os fãs brasileiros, finalizando a entrevista amor mútuo para aqueles que a admiram e incentivam a continuar todos os dias, mesmo do outro lado do mundo:
“Agradeço por todo o amor que vocês têm mostrado pela minha música. Vou tentar com todas as minhas forças ser uma artista capaz de continuar fazendo boas músicas, e adiante. Gostaria muito de encontrá-los nos palcos brevemente! Tenham um ótimo dia!”