Na última quinta-feira (26) Choi Joo-bin, um dos líderes do esquema de chantagem e exploração de mulheres coreanas no caso que ficou conhecido como “Nth Room“, foi condenado a 40 anos de prisão pela Corte do Distrito Central de Seul. Choi foi um dos responsáveis pela manutenção de salas virtuais nas quais dezenas de vítimas de chantagem eram obrigadas a praticar atos sexuais contra a própria vontade além do incentivo a uma série de outros crimes que eram cometidos como exploração e abuso sexual, coerção, violação de privacidade e estupro.
“Doutor”, como Choi era conhecido no ambiente virtual, conseguia vítimas para o esquema através de ofertas de emprego e outros contatos virtuais online. Assim que as vítimas demonstravam interesse, era pedido à elas que a conversa passasse a acontecer pelo aplicativo de mensagens Telegram. Então uma série de informações pessoais da vítima eram pedidas e, a partir do momento que a vítima cedia estas informações, uma série de ameaças e exigências tinha início. Por medo de terem estas informações reveladas e usadas de forma inapropriada, as vítimas acabavam por ceder à chantagem e ficavam a mercê do desejo dos criminosos.
O esquema foi descoberto no final de 2019 através das investigações de estudantes de jornalismo, que haviam descoberto o conteúdo perturbador das salas. A investigação culminou em uma denúncia formal que resultou na prisão de Choi Joo-bin em março deste ano. Com a prisão de Choi, o caso ganhou repercussão nacional e gerou protestos da população e até de celebridades para que a identidade de todos os envolvidos fosse revelada com fotos. Ao todo, estima-se que mais de 10.000 pessoas tiveram acesso às salas, sendo que uma parcela delas chegou a pagar cerca de $1.200 dólares para ter acesso ao conteúdo criminoso.
Até o momento, cerca de 74 vítimas (sendo 16 delas menores de idade) foram identificadas no processo, algumas delas inclusive falaram a veículos de imprensa sobre o trauma e as marcas deixadas pela chantagem em sua saúde mental e física.
Além dos 40 anos de reclusão, Choi Joo-bin também foi condenado a usar uma tornozeleira eletrônica por 30 anos, além de pagamento de uma multa de cerca de $9.600 dólares. Além de Choi, mais de 120 pessoas que estavam de alguma forma relacionadas às salas foram presas desde março, sendo que alguns dos ajudantes e colaboradores de Choi também foram condenados na última quinta-feira, em sentenças que variam de 7 a 15 anos de prisão.
Lee Hyo-rin, uma ativista da causa e uma das vozes contra o esquema do “Nth Room” disse à imprensa que a condenação é uma chance de refletir sobre condenações passadas de casos similares: “No passado, crimes sexuais digitais na Coreia receberam punições brandas, e por consequência as críticas ao sistema judiciário coreano foram grandes.”, disse ela, “Existem crimes similares acontecendo atualmente no país, e espero que esta decisão ofereça um direção para punições mais sérias para possíveis crimes sexuais futuros.”, finalizou.
Se você não conhece o caso “Nth Room”, a KoreaIN produziu um dossiê completo sobre o caso e as investigações que pode ser lido aqui.
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