Nas últimas semanas, a hipersexualização de idols está em pauta na Coreia. Duas petições enviadas à Casa Azul vem chamando a atenção da internet.
Uma delas pede a penalização de criadores de fanfics pornográficas que retratem idols menores de idade em situações de violência sexual, o que levantou um grande debate sobre os limites entre a cultura de fãs e crimes sexuais virtuais.
Os olhos também estão em outra petição, que exige punição para os criadores de deepfakes pornográficas envolvendo idols femininas. O caso que veio à tona com as investigações do “Nth Room”, que revelaram um chat em que esses vídeos com deepfake de idols mulheres eram vendidos.
Ambas as petições já ultrapassaram 200 mil assinaturas, o que significa que serão avaliadas pelo próprio presidente Moon Jae In. Entenda os dois casos!
Real Person Slash: qual é o limite das fanfics e da cultura de fãs?
No dia 11 de janeiro, internautas registraram uma petição no site da Presidência coreana pedindo a penalização de criadores de fanfics com conteúdo explícito – em especial, as que retratam idols masculinos menores de idade em cenas de estupro e outros tipos de violência sexual.
Embora a fanfiction seja algo comum em muitos fandoms, que está presente no k-pop desde sua primeira geração, a grande discussão está nos limites entre a cultura de fãs e a hipersexualização dos idols.
No caso em pauta, a questão envolve as Real Person Slash – gênero de fanfics que retrata pessoas reais, quase sempre envolvendo relações homossexuais e sexo explícito entre ídolos do kpop. Segundo a mídia coreana, esse tipo de conteúdo é facilmente encontrado nas redes sociais, gratuitamente, ou através de plataformas pagas como o Postype, na Coreia do Sul.
A petição classifica a produção e o consumo de RPS como perpetuadores de crimes sexuais, que se aproveitam da vulnerabilidade dos idols, que dependem da atenção dos fãs. Ela pede que o governo coreano puna aqueles que consomem esse tipo de conteúdo e crie formas de regular a distribuição desse conteúdo na internet.
O autor alega:
“Real person slash é uma cultura de crime sexual, que insere idols masculinos reais e descreve relações sexuais pervertidas e estupro de uma maneira extremamente explicita. Inúmeras celebridades masculinas já foram sexualizadas através dessa ‘cultura’. (…) Independente da vítima ser homem ou mulher, ter poder ou não, ninguém deveria se sujeitar à ‘cultura de crimes sexuais.”
A petição teve o apoio de rappers como BewhY, Simba e Khundi Panda.
Alguns escritores de RPS da Postype se manifestaram em resposta à repercussão.
“Eu sou uma pessoa tímida e me senti culpada até certo ponto sobre criar RPS. Isso talvez tenha sido minha ilusão ou justificativa que esse ato, que não é nem legítimo nem ilegítimo, poderia estar protegido no Postype. Em conclusão, vou parar minhas atividades e tirar um tempo para refletir”, disse shashak.
Outros também comentaram sobre a comparação entre as duas petições:
“É nojento comparar RPS com Deepfakes”, disse a escritora Dearna. Para ela, deepfake seriam verdadeiros crimes sexuais, enquanto a RPS não teria intenção de revelar nenhum tipo de clamor sexual.
Deepfakes: punição para criadores de vídeos pornográficos falsificados
Já no dia 12, uma nova petição chegou à Casa Azul: um pedido para punir severamente o ato ilegal de colocar celebridades femininas, sobre tudo k-idols, em vídeos pornográficos não consensuais usando a tecnologia de Deepfake. Essa petição em específico já ultrapassou 360 mil assinaturas e ficará aberta até dia 2 de fevereiro.
Deepfakes são vídeos que manipulam rostos ou áudios. Embora tenha se popularizado na comédia, hoje ele é amplamente utilizado para a falsificação de vídeos pornográficos. Segundo a start up alemã de cybersegurança Deeptrace Labs, cerca de 96% de todos os deepfakes tem conteúdo pornográfico. Pior ainda: cerca de 25% desses vídeos retratam cantoras sul coreanas ou idols de kpop.
Segundo a pessoa que solicitou a petição,
“Deepfakes constituem assédio sexual. As celebridades femininas se tornaram assunto de crimes sexuais e videos deepfake com elas são comercializados ilegalmente. Muitas celebridades sofrendo com isso são menores de idade e acabaram de começar suas carreiras. Eu clamo por duras penas e investigação sobre o uso de deepfake nessa situação em que estão sendo publicamente expostos a crimes sexuais brutais.”
O irmão mais novo da Arin (Oh My Girl) ajudou a divulgar a petição contra as deepfakes.
A Coreia tem visto uma onda de crimes sexuais digitais, como câmeras escondidas e deepfakes. Com relação às petições, muitos argumentam que esses assuntos não têm a mesma proporção e que, portanto, devem ser discutidos separadamente. Qual é sua opinião?
Fique de olho na KoreaIn para acompanhar os desdobramentos desse caso!
Por Giovanna Pego e Naira Nunes
Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7)
Imagens: Reprodução
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