A artista de instalações Lee Seul-Gi é conhecida por se divertir com o uso de metáforas. Em seu trabalho, explora o uso de objetos comuns e diferentes linguagens por meio de obras de instalação e artesanato popular, muitas vezes colaborando com artesãos da comunidade. Recentemente premiada com o “Prêmio de Artista da Coreia de 2020”, Lee concedeu uma entrevista ao The Korea Herald, relatando como idealizou sua mais recente obra, “Dong Dong Dari Gori”, e de onde vieram suas inspirações para este projeto.
Lee inspirou seu trabalho em elementos arquitetônicos coreanos facilmente encontrados em portas e janelas tradicionais. Pintadas com a ajuda de artesãos “dancheong” – especialistas em pintura decorativa tradicional de estruturas de madeira – as pinturas de “munsal” (treliças de madeira das janelas e portas tradicionais), presentes nas quatro entradas do salão de exposições, remetem a diferentes fases da lua.
Em entrevista telefônica, Lee declarou: “Pensei em canções folclóricas sexualmente sugestivas cantadas por mulheres. Esse foi o início do meu projeto. Então pensei na lua e na luz do luar e coloquei diferentes formas da lua nos portões das salas de exibição.”
Lee fez um jogo com palavras ao elaborar seu projeto. Ao passo que “munsal” significa “moldura de porta ou janela”, “mun” tem o mesmo som que a palavra em inglês para lua, “moon”. Além disso, a artista idealiza títulos para suas obras que soam como encantamentos. O título da obra atual, “Dong Dong Dari Gori”, remete-se a uma canção de amor cantada por mulheres do reino de Goryeo (918-1392), entitulada “Dongdong” ou “Dongdong dari”. A canção assume a forma de “dalgori”, conhecido também por “wollyeongche”, ou ‘canção das 12 formas lunares’.
Lee conta que planejou instalar um “munsal” real de 4 metros de altura nos portões de entrada do salão de exposição, porém devido a problemas estruturais e orientações do museu sobre portas de entrada, ela teve de desistir do plano. Foi então que a artista convidou artesãos dancheong para colaborar com ela no projeto e apresentou uma amostra do trabalho de instalação criado com artesãos de munsal.
“O desenho do munsal pode parecer simples. Mas se examinar de perto, encontrará um ritmo próprio derivado do padrão de tecelagem“, disse a artista.
No centro do salão de exposições estão dispositivos incomuns de madeira denominados BAGATELLE1, BAGATELLE2 e BAGATELLE3, inspirados no jogo francês Bagatelle. “O folclore é universal. Quero que o local de exposição se torne um lugar para as pessoas se entenderem melhor e desenvolverem empatia umas com as outras […]“, disse Lee. Pendurados nas paredes estão pequenos recipientes de vidro contendo água de rios de todo o mundo, enviada por amigos da artista. Os pequenos recipientes remetem aos rios de onde veio a água.
“Estou pensando nas comunidades e em como podemos viver melhor nelas. A coisa boa sobre a pandemia é que todos os países estão passando pela mesma experiência e tentando encontrar soluções completas, incluindo (soluções para) questões ambientais“, declarou a artista.
A obra esteve em exposição no Museu Nacional de Arte Moderna e Contemporânea, em Seul, até o dia 04 de abril de 2021 e fez parte de uma exibição que contou com as obras de Lee e de três outros artistas que concorreram ao Prêmio de Artista da Coreia de 2020.
Fonte: (1)
Imagens: MMCA (reprodução)
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