Sua principal fonte de cultura coreana e conteúdo exclusivo sobre KPOP.

Cinema

“Eu não fazia ideia que seria um sucesso global”, disse Bong Joon Ho sobre Parasita

Bong Joon Ho foi um dos responsáveis pela abertura da edição deste ano do Festival de Cannes na última terça (6), onde discursou ao lado de Pedro Almodóvar, Jodie Foster e Spike Lee. Ontem (7), o diretor fez uma entrevista coletiva na qual falou sobre o início da sua carreira e o sucesso de Parasita.



Apesar de ter ganhado 4 Oscars e ter feito história no cinema mundial, Bong afirmou que não esperava que Parasita fosse se tornar um fenômeno tão grande: “Eu não fazia ideia que Parasita seria um sucesso global. Seu sucesso foi muito além das minhas expectativas. Apesar de eu ter feito da mesma forma normal e continuar imutável. Digo, olhe pra mim. Sou exatamente o mesmo“.

Bong contou que está aproveitando as discussões sobre guerra de classes de seu filme: “O assunto continua ressoando na França e em todos os lugares. Muitos (de nós) querem ser ricos, mas acho que em todos há um medo de ficar pobre“. Sobre a adaptação que está atualmente em desenvolvimento pela HBO, ele explicou que está trabalhando bem próximo do roteirista Adam McKay e que sua contribuição está sendo como produtor.

O próximo trabalho do diretor será uma animação na qual já vem trabalhando pelos últimos 3 anos. Ele adiantou: “É inspirado em um livro científico francês que minha esposa comprou e levou pra casa. As imagens das criaturas marinhas eram extraordinárias. Depois disso, minha imaginação tomou de conta“.

Antes de estudar cinema, Bong foi aluno de sociologia. Segundo ele, a matéria tem influência em sua obra, mas ele se achava tão mau aluno que não consegue sequer ler as anotações que fez na época.

O diretor também revelou algumas de suas obsessões. Uma delas é assassinatos em massa. O tema foi pano de fundo para seu filme Memórias de um Assassino: “Fiz o filme 17 anos depois dos eventos. Então me joguei na pesquisa. Entrevistei todos que podia, detetives, jornalistas locais, mas uma pessoa escapou: o assassino em si. Sempre pensei em como ele se parecia, sobre seu rosto. Fiquei tão obcecado que ele começou a aparecer nos meus sonhos“.

O criminoso só foi capturado em 2003, 16 anos após o lançamento do filme. Porém, será que ele assistiu a obra inspirada em seus assassinatos? Bong contou: “Houveram discussões sobre ele ter visto. Alguns dizem que ele viu várias vezes. Um policial me disse que ele assistiu e achou medíocre“.

Ilustrando como os filmes sempre esteve presente em sua vida, Bong disse que até hoje tem memórias de ter assistido Um Dia de Cão e A Noviça Rebelde no cinema com sua família e ficar impressionado com a habilidade da arte de imergir a plateia: “Quando fomos ver A Noviça Rebelde, estava claro. Três horas e meia depois quando saímos estava escuro”.

Por último, Bong também opinou sobre o duelo entre o cinema e os serviços de streaming, com a Netflix: “Não podemos comparar a experiência do streaming com a escala de ir ao cinema, o som, a experiência compartilhada. Não tem como pausar. Somos até um pouco pressionados. A audiência fica submergida pela experiência do filme“.

Ele também contou uma experiência pessoal ao assistir o longa O Irlandês de Martin Scorsese: “Assisti no cinema na Coreia. Foi muito bom. Então encontrei com o Scorsese tempos depois em Los Angeles. Ele me contou uma história sobre ir ao médico, que estava assistindo o filme no streaming 15 minutos por vez“.

Mas e quanto ao fato dos streamings estarem financiando cineastas? Bong acha irônico: “O Irlandês foi financiado pela Netflix após ter sido rejeitado por todos os estúdios. O mesmo é verdade para meu filme Okja“. Em 2017, Okja foi um dos poucos filmes da Netflix a serem apresentados na competição de Cannes. Um ano depois, o festival baniu filmes de streaming de sua competição principal.

Parasita foi transmitido na segunda (5) na Tela Quente da Globo.

Fonte: (1)
Imagem: Valerie Macon (via Getty Images)
Não retirar sem os devidos créditos.

Tags relacionadas:

  • Greyce Oliveira

    Cearense de Fortaleza, é metade uma humana normal professora de Inglês e metade ELF(a) precisando (talvez) de tratamento para parar de falar no Super Junior toda hora.

    Sair da versão mobile