Na última segunda (27), o portal sul-coreano Biz Hankook reportou com exclusividade que Jungkook deixou a sua posição como diretor executivo da Six6uys Co.. A marca de roupas foi fundada por Jeon Jung Hyun, irmão mais velho do maknae do BTS, em maio deste ano. A resignação de Jungkook do cargo vem após acusações de publicidade velada.
O nome de Jungkook aparecia como diretor da marca LAMODECHIEF junto com outras três pessoas: Park, Kim e Yoon, este último acredita-se ser um funcionário da HYBE. A marca ganhou atenção rapidamente pelo fato de ser considerada a favorita do membro do BTS e, no mês passado, foi vendida para a Monster Cube.
Após a venda, Six6uys lançou a GRAFFITIONMIND. O Instagram da nova coleção, focada em uma moda mais urbana, foi aberto em 1º de setembro e no mesmo dia Jungkook já usou uma camiseta da marca em uma transmissão no V LIVE. Poucos dias depois, uma nova foto com a mesma peça em outra cor foi postada no Twitter e Weverse do BTS. No site, a camiseta aparece com o preço de 119,000 wons (cerca de R$545,00).
A polêmica sobre publicidade velada foi levantada após ser apontado que Jungkook em nenhum momento mencionou que tinha ligação com a marca e muito menos que mantinha um cargo nela. O membro do BTS deixou sua posição desde 14 de setembro. O portal Biz Hankook entrou em contato com a HYBE para saber mais detalhes do ocorrido, mas não obteve resposta da gravadora.
O que é publicidade velada?
Todos os dias, é comum vermos famosos fazendo propaganda dos mais diversos produtos e serviços. Na Coreia isso não é diferente. Ao ser usada por um idol famoso, uma marca pode fazer sucesso e tornar-se cobiçada pelo público do dia para a noite. Não é difícil, por exemplo, encontrar dezenas de perfis nas redes sociais que investigam as marcas dos figurinos usados pelos grupos de k-pop em suas apresentações, ensaios e até mesmo no aeroporto. Porém, tais práticas podem ser condenadas devido à uma forma de publicidade chamada “publicidade velada”.
A publicidade velada é uma forma de divulgar um produto sem especificar que aquilo seja, de fato, uma propaganda. Pense na situação: quando uma marca envia produtos para um influenciador conhecido e este produz conteúdos nas suas redes sociais incentivando a compra de tais produtos sem explicar que os mesmos foram dados de graça ou mediante pagamento isto vira uma propaganda velada.
No Brasil, as peças publicitárias são reguladas pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e as publicidades veladas são punidas pelo órgão. Nos últimos anos, alguns casos chegaram até à mídia, como o envolvendo a blogueira Gabriela Pugliesi.
Outras polêmicas com celebridades sul-coreanas
Em agosto deste ano, Lee Hyunjoo (ex-integrante do APRIL) também foi acusada de propaganda velada em seu Instagram pessoal. O ato foi denunciado pelo canal Girl Group News no YouTube e se espalhou por diversos fóruns on-line. Hyunjoo postou uma mensagem em seu perfil para se explicar:
Olá, aqui é Lee Hyunjoo
Peço desculpas pela confusão que causei com as fotos que postei no meu Instagram.
Planejo postar os itens que adicionei com uma tag separada no YouTube, então, para evitar mal-entendidos, marquei-os como propaganda antecipadamente.
Fora desse contexto, os outros itens marcados como patrocínios são produtos que recebi como presente e adicionei às minhas fotos para demonstrar minha gratidão.
Não tenho muita experiência em marcações e peço desculpas por causar desconforto. Daqui pra frente, farei isso com mais consideração.
Em 2020, o portal Dispatch revelou que diversos influenciadores – entre eles Kang Min Kyung (da dupla Davichi) e a youtuber Han Hye-yeon – estavam praticando publicidade velada em seus canais.
Em 30 de abril, Kang Min Kyung postou um vlog mostrando uma bolsa que, supostamente, havia escolhido para usar naquele dia. O problema é que a cantora recebeu 15 milhões de wons (mais de R$68 mil) para mostrar a bolsa nas redes sociais e não mencionou este fato para seus seguidores.
Já Han Hye-yeon fez um vídeo elogiando um par de sapatos. A youtuber disse que valoriza muito tal peça porque anda bastante e passa muito tempo em pé. Ela ainda afirmou que foi difícil conseguir a peça e que precisou desembolsar uma grande quantia para adquiri-la. Han apenas “esqueceu” de citar os 30 milhões de wons (mais de R$135 mil) que recebeu da marca de sapatos para tecer tais elogios.
Após o escândalo, o Korea Fair Trade Commission (KFTC), órgão sul-coreano que defende os direitos dos consumidores, implementou uma série de normas para evitar publicidades veladas nas redes sociais. Quem for pego infringindo alguma das regras poderá ser punido com multas e até mesmo prisão.
Fontes: (1), (2), (3), (4)
Imagens: GRAFFITIONMIND, Twitter oficial do BTS e YouTube (reprodução).
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