Uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Políticas da Juventude e revelada neste domingo (27) revelou que quatro em cada dez jovens sul-coreanos se consideram pobres. Os entrevistados citaram transferência de fortuna na família como um dos fatores chave para o agravamento da desigualdade social.
Foram entrevistados 4114 pessoas entre 19 e 34 anos. Destes, 42.6% responderam que se consideram pobres. Dentre os que consideram pobres, 34.3% acreditam que não conseguirão sair da pobreza enquanto 28.5% acreditam que serão capazes disso.
A pesquisa separou quatro valores de médias anuais de renda para saber em qual os entrevistados se encaixavam:
- Menos de 20 milhões de wones (cerca de R$85 mil)
- Entre 20 e 40 milhões de wones (cerca de R$85 mil ~ R$ 170 mil)
- Entre 40 e 60 milhões de wones (cerca de R$ 170 mil ~ R$ 255 mil)
- Mais de 60 milhões de wones (mais de R$ 255 mil)
Um total de 41.4% dos entrevistados respondeu que ganham menos de 20 milhões de wones por ano. Dentre todos os entrevistados, quase 50% se diz insatisfeito com sua renda.
No quesito casa, 63.9% respondeu que não são donos da casa onde moram ou não tem condições financeiras para assinar um contrato de aluguel ou de “jeonse”.
O jeonse é uma forma comum de alugar uma propriedade na Coreia do Sul. Diferente do aluguel tradicional que deve ser pago mensalmente, no jeonse o inquilino faz apenas um depósito que vale durante toda a duração do contrato de utilização do local. Este valor varia entre 50 e 70% do valor de mercado da propriedade e os contratos duram, em média, dois anos, podendo ser renovados após isso. Ao final do contrato, o valor investido volta para o inquilino de forma integral.
Entre os entrevistados que possuem casa própria ou vivem de aluguel ou sob contrato de jeonse, 54% disse que recebeu ajuda financeira dos pais ou de parentes.
Quando perguntados sobre investimentos, 53% respondeu que está investido em ações enquanto 21.7% declarou que está trocando criptomoedas.
Dentre estes que estão fazendo investimentos de alto-risco 39.6% declararam ter planos a longo prazo para gerenciar esses ativos através de investimentos. O restante diz apenas procurar um retorno a curto prazo para expandir sua experiência com o mercado.
Daqueles que responderam que possuem empréstimos em bancos, um terço declarou que precisou do dinheiro para cobrir custos de moradia. Outros foram para custo de vida enquanto outros usaram o valor para pagar despesas de faculdade.
Segundo o instituto, os dados mostram que os jovens estão enfrentando um sério problema de desigualdade social, desencadeado pela alta dos preços e pela disparidade de riqueza, com alguns pais transferindo seus bens para os filhos.
O The Korea Herald perguntou a opinião Chung Sang-hoon, morador de Seul de 32 anos de idade, sobre o resultado da pesquisa. Ele respondeu que comprar uma casa na capital do país está se tornando com “um mito”.
Nas palavras de Chung: “Como não posso esperar muito apoio financeiro dos meus pais, pretendo continuar investindo em ações e criptomoedas ao invés de apenas depositar tudo no banco. Pode levar pelo menos cinco ou seis anos para pagar um jeonse de um apartamento em Seul, muito menos considerar casar“.
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Imagem: Bank of Korea
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