Nesta segunda (02), a Dispatch postou um longo e detalhado relatório expondo a falta de apoio da Federação Coreana de Futebol (conhecida pela sigla em inglês KFA) aos jogadores que representaram o país na Copa do Mundo do Catar.
A história começou a se desenvolver no dia 6 de dezembro quando Ahn Deok Su, treinador particular do capitão Son Heung Min, postou um relato em seu Instagram pessoal sobre o quão intenso foi o trabalho da equipe que acompanhou a seleção.
Ahn escreveu:
A jornada deles foi linda. O período que passei com eles será lembrado por um longo tempo!!!!
Esta foi a rodada preliminar contra Portugal. Antes do último jogo, vocês disseram que não deveria terminar daquele jeito.
Nos reunimos no quarto 2701. É a resolução 2701!!!
Senhor Song Young Sik e Senhor Lee Chul Hee, vocês trabalharam duro. O tempo de cuidado de cada pessoa era de duas a três horas. Cada treinador tinha que cuidar de cinco ou seis jogadores. Minhas mãos ficaram inchadas e machucadas, mas, comparado ao suor que eles derramaram, não posso fazer nada além de curvar minha cabeça em respeito.
Muitas coisas aconteceram no 2701. Se algum repórter me ligarem, direi o motivo do 2701 ter sido criado. Contarei em detalhes as coisas inimagináveis e além do senso comum.
Espero que este incidente faça com que [a KFA] reflita sobre si mesma e melhore. Só assim o futebol coreano poderá ter um futuro. Estive com times profissionais por mais de 20 anos, é impossível para mim não pensar no futuro do futebol coreano.
Mudem!!!
E parem de pensar apenas em si mesmos.
Conforme o relato, Ahn ajudou os treinadores a cuidar dos outros jogadores da seleção mesmo tendo ido até o Catar para tratar de Son. A Dispatch apurou os relatos do quarto 2701 e constatou que os treinadores improvisaram uma estrutura para cuidar dos jogadores, cuja condição física foi bastante exigida durante o período do torneio.
Por não ter sido contratado diretamente pela KFA, tanto a passagem quanto a hospedagem de Ahn no Catar foram pagas pelos jogadores. Mas por qual motivo a associação não contrataria diretamente um profissional tão qualificado para ajudar seu time? A Dispatch também procurou explicação para isso.
Segundo o portal, desde 2018 os jogadores pedem à KFA que contrate Ahn, mas a associação alega que ele não é qualificado para ocupar a vaga de treinador mesmo tendo ajudado o time em campeonatos importantes, como a Copa do Mundo da Rússia em 2018 e a Copa da Ásia em 2019.
Ahn possui certificado de treinador emitido pela Associação Coreana de Treinadores de Atletas (conhecida pela sigla em inglês KATA) desde 2002. Porém, a KATA não é a única que emite tais licenças e outros profissionais da área podem ser certificados por outros órgãos.
Isso não foi um problema até 2014, quando a KFA resolveu contratar apenas treinadores com licenças emitidas pela KATA. Ahn estava apto para permanecer em seu cargo, mas aqueles licenciados por outros órgãos poderiam ficar desempregados da noite pro dia. Em defesa de seus colegas, Ahn não renovou sua licença, o que o fez ser considerado não-apto para atuar junto à seleção.
A história teve uma reviravolta em novembro desse ano quando uma fonte disse que outros treinadores também não possuíam tal licença, o que derruba ainda mais a justificativa de exclusão de Ahn da equipe. Mesmo assim, ele e seus colegas trabalharam por até 15 horas por dia na estrutura improvisada no quarto 2701.
Procurada pela Dispatch para comentar sobre o caso, a KFA não divulgou qualquer pronunciamento.
Fonte: (1), (2)
Imagem: Nike
Não retirar sem os devidos créditos.