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Justiça

Kim Sunja: A Serial Killer mais conhecida da Coreia do Sul

Kim Sun Ja é conhecida como a primeira serial killer da Coreia do Sul e também a mais famosa. À primeira vista, podemos pensar que ela era estranha, assustadora, amarga, mas ela era uma dona de casa considerada bondosa e completamente normal.



Kim Sun Ja tinha 46 anos e era uma dona de casa que cuidava de seus três filhos. A vizinhança dizia que era uma senhora doce e não tinha absolutamente nada em seu comportamento que fosse considerado anormal. Diferente dos homens assassinos em série, as mulheres têm a habilidade de disfarce maior e vivem como esposas, mães e amigas exemplares, como afirma Tori Telfer no livro Lady Killers.

O que as pessoas que não conviviam tão próximo à ela não sabiam, é que ela era muito vaidosa. A Sra. Kim se importava muito com sua aparência, seus cabelos e unhas, e também gostava muito de se divertir, ir a clubes e, principalmente, jogar jogos de azar (como cassino e jogo do bicho).

Seu marido era pintor e cuidava das despesas da casa, mas ela começou a pedir dinheiro emprestado a amigos, familiares e conhecidos. Segundo informações, ela dizia que queria comprar sua casa, e para outros afirmava que tinha pego dinheiro emprestado com um outro amigo e não tinha como pagar, e então pedia dinheiro emprestado para cobrir a dívida anterior. Como não tinha como pagar suas dívidas, decidiu matar seus credores e roubar seus pertences.

Primeira vítima

Em 31 de outubro de 1986, ela convidou sua amiga Kim Gye Hwan (49) para uma casa de banho. Lá, Kim Sun Ja entregou para a amiga uma bebida considerada saudável pelos coreanos misturada com cianeto de potássio. Gye Hwan começou a sentir dores no estômago e teve convulsão e dificuldades respiratórias.

A polícia foi chamada, a família de Gye Hwan mencionou que ela estava usando um colar de pérolas e pelo menos três anéis quando saiu de casa. Porém, Kim Sun Ja, quando abordada, afirmou: “Não sei do que você está falando. Eu nunca vi o colar“. A polícia concluiu que a causa da morte foi um ataque cardíaco e o caso foi encerrado.

Cinco meses depois, em 4 de abril de 1987, Kim Sun Ja fez a sua segunda vítima. Ela convidou outra amiga, Jeon Soon Ja (50), a quem devia 7 milhões de wones (cerca de R$ 72 mil reais), para o distrito de Yeongdeungpo, em Seul, dizendo que estava prestes a recuperar o dinheiro para devolver a ela. Dentro do ônibus a caminho de Yeongdeungpo, Kim ofereceu uma bebida a Jeon, que teve os mesmos sintomas que Gye Hwan e desmaiou no ônibus.

Ela foi socorrida e levada ao hospital, mas morreu ao chegar lá. Como o incidente ocorreu em Yongsan, a Delegacia de Yongsan assumiu este caso. Eles descobriram que meses atrás Kim Sun Ja também estava ligada à morte de uma mulher com sintomas semelhantes. O único problema era que não havia provas.

Uma solução lógica seria realizar autópsia nos corpos. Porém, como os crimes aconteceram nos anos 1980 este procedimento não era habitual por questões culturais. Era um certo tabu na sociedade, e perturbar uma sepultura após o enterro era visto como algo muito negativo.

Quase um ano depois, em 10 de fevereiro de 1988, Kim Sun Ja se aproximou de uma conhecida chamada Kim Sun Ja (era xará dela), de quem ela havia emprestado 1.2 milhão de wones (cerca de R$ 12.500).

Enquanto estavam na cafeteria, a Sra. Kim deu a Kim Sun Ja [vítima] um chá envenenado. A vítima começou a sentir os mesmos sintomas de envenenamento. A caminho de casa em um táxi, a Sra. Kim sugeriu a Kim Sun Ja [vítima] que uma bebida energética a faria se sentir melhor. Ela não faleceu e então a Sra. Kim acabaria pagando a Kim Sun Ja o dinheiro que ela devia e até se mostrou preocupada e perguntou sobre sua saúde.

Mortes dos seus familiares

Em 27 de março de 1988, Kim Sun Ja e seu pai Kim Jong Chun (73) estavam voltando para casa depois de comemorar o aniversário de um parente. Eles estavam em um ônibus quando Kim Jong Chun reclamou de tontura e náusea. Ele logo perdeu a consciência e foi transportado para o hospital. Ele também bebeu o tal energético oferecido por sua filha. Devido à idade, pensava-se que ele havia sofrido um ataque cardíaco e seu corpo foi devolvido à sua família e imediatamente cremado.

Pouco tempo depois, em 29 de abril de 1988, Kim Sun Ja ofereceu a sua irmã mais nova, Kim Mun Ja, uma bebida em um ponto de ônibus. Mun Ja desmaiou no ônibus e foi encaminhada para o hospital.

De acordo com testemunhas que também estavam no ônibus, o médico disse à Sra. Kim que Mun Ja estava em estado crítico e precisava ser transferida para um hospital maior. Ao ouvir o prognóstico de sua irmã, Kim Sun Ja de repente declarou que não a conhecia e saiu levando a bolsa dela. Depois disso, a Sra. Kim foi à casa da irmã mais nova e roubou 100 milhões de wones (R$ 1.000.000) em dinheiro e objetos de valor, incluindo um anel de diamante. A morte de Mun Ja também foi considerada um ataque cardíaco.

Em 8 de agosto de 1988, Kim Sun Ja se encontrou com uma parente distante chamada Son Mi Rim (46) para ajudá-la a comprar uma casa. Ela pegou 48 milhões de wones (R$ 480.000) como depósito e entregou a Son o energético com cianeto de potássio. Son desmaiou no ônibus e foi transportada para o hospital, onde ela morreu mais tarde.

No entanto, ao contrário das outras vítimas de Kim Sun Ja, com a autorização da família, o corpo de Son foi autopsiado e os médicos foram capazes de determinar que a causa de sua morte foi envenenamento por cianeto. E enquanto investigava como Son poderia ter tido contato com o veneno, a polícia descobriu sua conexão com Kim.

A polícia conseguiu um mandado de busca na casa de Kim e encontrou dinheiro, cheques e joias e pertences das vítimas. Além disso, no dia seguinte à morte de Son, Kim depositou dinheiro em sua conta usando os cheques de Son.

A arma do crime real foi descoberta por acidente. Enquanto usava o banheiro, um policial espiou um buraco na madeira e enfiou a mão dentro. Dentro havia uma pequena bola de cianeto de potássio escondida. De acordo com a investigação policial, Kim Sun Ja tinha um primo que trabalhava para uma fábrica de produtos químicos e adquiriu o veneno depois de dizer ao primo que queria pegar faisões.

Modus Operandi

Ela sempre oferecia um mesmo energético considerado saudável, com o sabor bem característico e forte. Ela abria as garrafas na frente das vítimas para não levantar suspeitas e simplesmente fingir que se importava com elas. Outro ponto interessante do seu modus operandi é que ela oferecia as bebidas em locais públicos, como táxis e ônibus.

Em 2 de setembro de 1988, Kim Sun Ja foi presa por assassinato. Ela negou todas as acusações e exigiu que provas fossem apresentadas. Como apenas a morte de Son havia sido considerada homicídio, a polícia precisava de provas que ligassem definitivamente Kim às suas vítimas. Os promotores pediram às famílias das vítimas permissão para exumar os corpos e após o aval, foi realizado o procedimento.

Três dos quatro corpos deram positivo para envenenamento por cianeto. Apenas o da primeira vítima,  Kim Gye Hwan, não mostrava nenhum traço de cianeto porque já tinha se passado muito tempo. O pai de Kim Sun Ja foi cremado e não pôde ser testado.

Cianeto de potássio encontrado no banheiro de Kim Sun-ja

Condenação

Em 1989, a Sra. Kim foi condenada à morte pelo assassinato de Kim Gye Hwan, Jeon Soon Ja, Kim Jong Chun, Kim Mun Ja e Son Mi Rim e pela tentativa de assassinato de Kim Sun Ja.

Sobre a negação

Tem duas versões: a primeira é de que ela teria negado os crimes até a morte e não demonstrava arrependimento algum por seus atos. E a segunda afirma que após todas as provas recolhidas pela polícia, a Sra. Kim confessou os crimes dizendo que a motivação era financeira. Ela pegava o dinheiro emprestado, gastava e não tinha como pagar, então assassinava para quitar o débito.

Sua morte

Durante o tempo em que esteve presa, nem seu marido nem seus filhos a visitaram. Também não se tem notícia de que outras pessoas o fizeram.

Em 30 de dezembro de 1997, a Sra. Kim foi executada junto com outras 22 pessoas. Esta foi a última execução em massa na Coreia do Sul.

Suas últimas palavras supostamente foram:

Eu invejo e odeio os ricos. Se eu nascesse de novo, eu gostaria de nascer rica e viver como eles. Se cometi um crime, foi o crime de ter nascido pobre.

Fonte: (1), (2), (3), (4)
Imagens: MRC
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  • Beulla Silva

    Mineira, jornalista, Libriana no mundo da Lua que é viciada em GOT7, Monsta X, Astro, Itzy, gatos, K-Drama, café, literatura e culinária coreana!!

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