No último sábado (08), cerca de 200 membros da Associação dos Fazendeiros de Cachorros se reuniram nas ruas de Jongno-gu para protestar contra os ativistas pró-direitos dos animais que buscam o banimento do consumo de carne de cães na Coreia do Sul.
Os protestantes comeram carne e ainda ofereceram amostras para pessoas que passavam pelo local. Este não é o primeiro protesto que os fazendeiros organizam. No mês passado, eles também se reuniram na frente do escritório presidencial.
Leia mais:
Protestantes pedem que governo sul-coreano não proíba consumo de carne de cachorro no país
O novo protesto desse mês caiu próximo do início do período chamado “chobok”, os dias mais quentes do verão sul-coreano, que, seguindo o calendário lunar, começam exatamente nesta terça (11). Uma das formas da população combater o calor é consumindo boshintang, espécie de ensopado cujo ingrediente principal é carne de cachorro.
Porém, a sociedade segue com opiniões divididas sobre a proibição do consumo de carne de cães no país. A nível de lei, não há uma proibição nem uma proteção legal. O Ministério da Ministério da Alimentação, Agricultura, Florestas e Pescas classifica os cães como animais de pecuária, mas a lei de processamento de carnes não os inclui em sua lista.
Atualmente, cerca de 70.000 toneladas de carne de cachorro são produzidas e distribuídas pelo país. Segundo Ju Yeong Bong, líder da associação que organizou o protesto, o consumo deste alimento é um direito de escolha e bani-lo seria uma forma de discriminação: “A liberdade de escolher o que comer deve ser respeitada e garantida. Políticos, ativistas, grupos pró-animais e até mesmo o presidente não têm direito a se opor aos direitos fundamentais das pessoas“.
Por outro lado, os esforços para acabar com essa tradição contam até mesmo com o apoio da primeira-dama Kim Keon Hee, que já declarou ser contra o consumo de carnes de cachorros. No final de maio, uma lei apresentada propunha banir o consumo de carne de cachorros e gatos além de impor uma multa de 5 milhões de wones (mais de R$ 18 mil) aos estabelecimentos que vendessem determinados animais como comida.
A medida foi comemorada pelos ativistas pelos direitos dos animais. Jo Hee Kyung, líder da Associação Coreana pelo Bem-estar Animal, contou ao portal The Korea Herald: “Diferente do passado, há um profundo sentimento entre o público de que o consumo de carne de cachorro não deve mais ser permitido, já que mais e mais pessoas estão se tornando tutores de cachorro. Além disso, consumir cachorros causa gatilhos emocionais de ansiedade e feridas, já que muitas pessoas compartilham um laço emocional com seus animais de estimação. A prática brutal e tradicional [de comer cachorros] é um sério abuso animal“.
Ahn Jong Min, membro de um grupo civil pelos direitos dos animais, reforça essa opinião: “O consumo de carne de cachorro é contra os direitos básicos desses animais à vida e bem-estar, já que eles estão sendo brutalmente massacrados. O governo deve revisar as medidas para evitar as mortes injustas de cachorros“.
Uma pesquisa feita em 2022 pela Nielson Korea por encomenda da filial coreana da Humane Society International (HSI) mostrou que 53.6% das pessoas na faixa dos 20 anos já comeu carne de cachorro contra a sua própria vontade. Alguns contaram que fizeram isso por pressão de pessoas mais velhas.
Fonte: (1)
Imagem: Jean Chung (via HSI)
Não retirar sem os devidos créditos.