Nas últimas semanas, os fãs de música sul-coreana viram um embate travado entre o FIFTY FIFTY e a ATTRAKT ganharem a mídia com diversas trocas de acusações vindas de ambos os lados.
Na terça (04), a Dispatch publicou um longo dossiê com diversos detalhes novos sobre o caso. Reunimos os principais acontecimentos para acompanharmos o que levou o grupo e a agência a travarem uma disputa judicial.
O pré-debut
O primeiro fator explicado pela Dispatch foi sobre planejamento do grupo e as três figuras-chave para isso:
- Jeon Hong Joon: CEO da ATTRAKT. Já gerenciou artistas como Cho Kwan Woo, Yang Soo Kyung, Bobby Kim, Yoon Mirae e Ha Sungwoon.
- Ahn Sung Il (SIAHN): CEO e produtor da The Givers. Seu currículo inclui produções para nomes como J-Walk, Eun Ji Won e Rumble Fish. Sua agência também tem Son Seung Yeon no quadro de artistas.
- KAMP: Produtora com sede nos Estados Unidos que já organizou diversos festivais de k-pop. Ahn trabalhou lá em 2019.
No citado ano de 2019, a KAMP organizou um festival de k-pop em Singapura. Na ocasião, a história começa a se desenvolver quando Jeon Hong Joon conheceu o CEO da KAMP, Ahn Sung Il e outro funcionário da produtora e propôs que trabalhassem juntos para criar um grupo de k-pop global.
O CEO da KAMP prometeu ajudar com as promoções do grupo e enviou Ahn para a ATTRAKT para ajudar na produção. Além dos citados, outros dois funcionários – identificados apenas como “Sr. B” e “Sr. L” – também se envolveram no projeto. Nesta fase, a KAMP estava pagando o salário de Ahn.
Em novembro, o plano foi colocado em prática. Entre dezembro de 2019 e 2022, Jeon selecionou as trainees que fariam parte do futuro grupo. Através de avaliações mensais, as 12 garotas que participaram do projeto foram sendo eliminadas até que restassem as 4 que acabaram debutando.
Em janeiro de 2021, a KAMP encerrou sua participação no projeto após um desentendimento entre o CEO e Jeon. Em maio do mesmo ano, Ahn se demitiu da produtora e – juntamente com o “Sr. B” e o “Sr. L” – formou a The Givers.
Com Jeon na administração e Ahn no treinamento das trainees selecionadas, a empresa rapidamente sentiu uma das maiores dificuldades ao se tocar um projeto desse porte: os gastos. Ahn chegou a vender seu carro para cobrir as despesas.
Ao fim de todo esse longo processo, o FIFTY FIFTY fez o seu debut em novembro de 2022 com a formação composta por Saena, Aran, Keena e Sio.
A escalada até o topo
O nome do FIFTY FIFTY começou a ficar conhecido mundialmente após o sucesso de “Cupid”. A faixa foi escolhida por Ahn de uma seleção de nada menos que 2000 canções.
A base de “Cupid” foi criada por três suecos estudantes de música: Adam Von Mentzer, Mac Fellnder-Tsai e Louise Udin. Porém, Ahn a remontou como uma faixa de k-pop. Os créditos foram distribuídos da seguinte forma:
- Ahn Sung Il (SIAHN) = 28.65%
- “Sr.B” = 4%
- Song Ja Kyung (nome de batismo de Keena) = 0.5%
- The Givers = 66.85%
Dois detalhes são notáveis aqui. O primeiro é o fato dos nomes dos suecos não aparecerem na equação. O segundo é que, somados, os direitos de Ahn e da The Givers contabilizam 95,5% dos créditos.
Para tirar os suecos da equação, Ahn pagou a eles o valor de 9 mil dólares (mais de R$ 43 mil na cotação de hoje) em janeiro para adquirir seus direitos autorais. Jeon informou que o caixa da empresa não estava com fundos, mas que um investimento recebido em março permitiu que ele devolvesse o valor usado pela The Givers na transação. Porém, no fim, Ahn tomou o controle de quase todos os direitos da faixa.
As primeiras desavenças
Jeon disse que seu maior erro foi confiar demais na The Givers. Além do trabalho de Ahn na produção do grupo, o “Sr. B” era encarregado de se comunicar com as integrantes do grupo bem como com seus pais.
Uma situação específica ocorrida em maio citada pelo CEO foi provavelmente um duro golpe na relação entre as duas empresas. Aran teve um problema de saúde e precisou passar por uma cirurgia. O “Sr.B” foi o responsável por intermediar a situação e dar o suporte necessário.
Como o procedimento exigia que Aran ficasse em repouso, as outras integrantes receberam uma folga das promoções. Jeon pediu que o “Sr. B” que lhes deixassem descansar até o dia 25 de maio, totalizando duas semanas de pausa ao invés de apenas uma.
Em junho, a ATTRAKT divulgou uma nota para explicar o fato do grupo não estar promovendo ativamente e, no processo, revelou que uma das integrantes havia sido operada sem especificar qual delas havia sido.
A mesma nota também falava que “forças externas” estariam tentando se aproximar do grupo para fazer com que as integrantes ignorassem seus contratos exclusivos e deixassem a agência. Dias depois, uma nova nota informou que a Warner Music Korea estaria envolvida na discussão com terceiros para contratar as artistas.
A Warner respondeu às acusações reforçando que havia assinado um contrato com a ATTRAKT em abril para ajudar na administração do FIFTY FIFTY e que respeitava as opiniões das artistas e do selo. A mensagem terminava classificando as acusações como infundadas e pedindo que a mídia evitasse especulações.
O distanciamento entre o CEO e as artistas
Quando a proposta para que o quarteto participasse da trilha sonora de Barbie, Jeon e Ahn conversaram sobre isso. Jeon reconhecia a importância da oportunidade, mas estava cauteloso por causa da cirurgia recente de Aran e pediu que as cantoras e seus pais fossem informados da situação com detalhes para que não houvessem mal-entendidos. Ahn prometeu que falaria com Aran e sua mãe.
O fato de Jeon só comunicar com as cantoras por intermédio de Ahn e do “Sr. B” acabou gerando um distanciamento entre o CEO e as artistas. Em uma ocasião, Jeon disse que querir ir até à sala de ensaio para vê-las, mas foi impedido pelo “Sr. B” que disse que as integrantes se sentiam desconfortáveis com a presença dele lá.
Além disso, a Dispatch encontrou o perfil de Ahn no LinkedIn onde ele se indentifica como CEO da The Givers e da ATTRAKT.
A disputa segue para a justiça
No dia 27 de junho, o fancafé oficial do FIFTY FIFTY foi desativado sem maiores explicações, pegando os fãs do grupo desprevenidos.
Em nota revelada naquele mesmo dia, a ATTRAKT informou que a culpa pela queda da página foi de uma força externa, mas que já haviam recuperado o acesso e trabalhariam para que isso não se repetisse. A nota terminava com um pedido de desculpas aos fãs.
No mesmo dia, a ATTRAKT anunciou que havia denunciado Ahn e outros três indivíduos por fraude, violação de deveres e obstrução de negócios. Dentre as acusações, a agência afirmou que Ahn estava atrasando a entrega de tarefas e apagando e-mails e outros materiais relacionados a projetos anteriores. Além disso, a empresa diz que não recebeu informações sobre o processo de compra dos direitos de “Cupid” e que Ahn fez a transação em nome da ATTRAKT sem que a mesma soubesse.
Já no dia seguinte (28), chegava à mídia a notícia de que as quatro integrantes do FIFTY FIFTY tinham entrado com um processo pedindo a anulação dos seus contratos com a agência. Em uma nota divulgada pelo escritório de advocacia que representa as cantoras no caso, elas alegam quebra de confiança e falta de transparência da ATTRAKT.
Leia mais:
FIFTY FIFTY pede anulação dos contratos exclusivos com a ATTRAKT
As consequências
Após a exposição da Dispatch, o portal Ilgan Sports revelou que o FIFTY FIFTY estava perdendo oportunidades de trabalho por causa da disputa com a agência. Foram citados:
- O MV da faixa incluída na trilha sonora de Barbie;
- Dois comerciais de grande escala, um deles com uma estrela dos esportes;
- A participação em um programa de TV popular.
Procurada para responder aos rumores, a ATTRAKT confirmou que não havia sido possível gravar o MV da trilha de Barbie no passado por causa da cirurgia de Aran, da qual ela precisava de dois meses para se recuperar totalmente. Passado o período, a desavença entre o grupo e a agência começou.
O primeiro julgamento do processo da ATTRAKT contra Ahn foi marcado para esta quarta (05).
Fonte: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7)
Imagem: ATTRAKT
Não retirar sem os devidos créditos.