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Tradições

Conheça mais sobre o xamanismo coreano

O xamanismo existe em todo o mundo há séculos como uma religião bem antiga, mas qual a diferença entre o xamanismo coreano e os demais?

O que podemos destacar primeiramente, é que a maioria das xamãs eram, e são até hoje, mulheres! Também é importante reforçar que o xamanismo nunca foi oficialmente reconhecido pelo governo coreano com uma religião.

A Coreia do Sul não tem religião oficial e mais da metade dos coreanos afirma não seguir nenhuma religião. Entre aqueles que seguem alguma religião, as que têm mais adeptos são o cristianismo e o budismo.

O xamanismo desempenhou um papel importante na vida cotidiana do povo coreano e é a única religião indígena da Península Coreana, anterior a qualquer outro sistema de crença importante. Suas raízes antigas são provavelmente o motivo pelo qual alguns coreanos ainda recorrem aos xamãs em busca de orientação ou conforto. Alguns acreditam que os xamãs podem prever seu futuro ou consolar o espírito do falecido. Outros visitam adivinhos quando abrem um negócio ou se casam.



Golpes

Alguns indivíduos que se apresentam como xamãs exploram a crença das pessoas para aplicar golpes. Em um desses casos, a polícia em Daegu prendeu um xamã em 2009 por forçar uma cliente a se prostituir depois que ela não conseguiu pagar por seus rituais. A vítima havia feito um empréstimo, inicialmente 2 milhões de wones (mais de R$7 mil), com a mãe do xamã em 2002 para pagar por um ritual para “afastar a má sorte”.

Porém, a vítima não conseguiu saldar suas dívidas devido aos altos juros cobrados pela família do suposto sacerdote. O xamã então coagiu a vítima ao trabalho sexual, exigindo que ela quitasse sua dívida. Além do trabalho sexual, ao longo de seis anos, o xamã conseguiu extorquir um total de 1 bilhão de wones (mais de R$3 milhões) da vítima.


Xamanismo e teatro

Na ilha de Jindo, localizada na província de Jeolla do Sul, na Coreia, essas tradições xamanísticas estão presentes há séculos e se mantêm vivas graças ao teatro. 

O ritual xamanista Ssiitgimut, foi adaptado ao teatro duas décadas atrás. Acompanhado das canções, o público pode se sentir parte do ritual. Este ritual era realizado originalmente após o falecimento de alguém, com o objetivo de libertar a alma e auxiliar a sua viagem até o outro mundo.

É dividido em três partes: na primeira os fantasmas das pessoas já falecidas da família são convocadas através de canções; então a alma que está iniciando sua passagem para o outro mundo é libertada das amarguras e ressentimentos. Na última parte, a mulher xamã restaura a harmonia da comunidade.

Xamãs, maldições e adivinhação também fizeram parte da política sul-coreana. O maior escândalo relacionado ao xamanismo até hoje envolve Park Geun Hye, a presidente destituída. Segundo informações do Asian News, Park e Choi Soon Sil, a pessoa em que ela depositava sua confiança, era filha de um lider de uma seita e também estava envolvida com corrupção e tráfico de influências.

Choi Tae Min, líder de uma seita pseudo-cristã, exercia um papel quase paternal com a ex-presidente Park. Ele era considerado o “Grande Xamã” pela comunidade xamã coreana até sua morte.

Além de Park Geun Gye, outros políticos também já foram apontados por procurar orientações antes das eleições. Outros já tomaram algumas decisões baseadas nos conselhos dessas figuras religiosas não convencionais.

Lee Jae Myung, líder do Partido Democrático, afirmou que alguém colocou pedras gravadas com letras kanji significando “vida”, “brilhante”, “assassinato” e “energia” no túmulo de seus pais. Segundo ele, indica uma maldição “destinada a derrubar a família da vítima e destruir seus descendentes”.


Xamanismo nos K-dramas

Xamãs podem ser vistos em vários K-dramas, como a A Grande Xamã Ga Doo Shim. Mais recentemente, em A Lição, o xamã ganha dinheiro enganando clientes femininas vulneráveis ​​para a prostituição, alegando falsamente que isso pode resolver seus problemas. 

Se você tem interesse no assunto, além de curtir K-dramas como os dois mencionados e Café Minamdang, você também pode se aventurar nestes dois livros de contos: “Contos da tartaruga dourada”, escrito por Kim Si Seup e considerado o ponto fundador da prosa coreana, e “Contos fantásticos coreanos”, de Im Bang e Yi Ryuk, que traz histórias sobre fantasmas, feiticeiras e outras criaturas fantásticas.

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5)
Imagens: Jung Min Kyung (via The Korea Herald), Netflix
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Beulla Silva

    Mineira, jornalista, Libriana no mundo da Lua que é viciada em GOT7, Monsta X, Astro, Itzy, gatos, K-Drama, café, literatura e culinária coreana!!

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