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Sociedade

Primeira sul-coreana lésbica a se tornar mãe fala sobre dificuldades da maternidade

Na quarta (30), Kim Kyu Jin tornou-se a primeira sul-coreana assumidamente lésbica a dar à luz. Em julho, ela concedeu uma entrevista ao The Korea Herald sobre a nova fase da vida que estava por começar e as dificuldades que já havia enfrentado até conseguir realizar seu sonho de ser mãe.

Kim e sua parceira estão casadas desde 2019. A união foi realizada em Nova York, onde uniões homoafetivas são legalizadas. Após a vontade de ser mãe despertar, as duas tiveram uma longa e difícil estrada até conseguirem alcançar seu sonho. Como na Coreia os bancos de sêmen só podem ser usados por casais heterossexuais, a opção foi buscar opções em outros países. Na época, Kim estava trabalhando na França, mas, apesar do procedimento ser legalizado para casais homoafetivos, o país estava com baixos estoques de sêmen. No fim, Kim acabou alcançando seu objetivo na Bélgica.

Apesar de terem enfrentado um grande obstáculo, o casal terá um muito maior após o nascimento da filha. O inimigo será a própria legislação coreana. Além da união de Kim e da esposa não ser reconhecida nem válida no país, ela também não tem direitos legais de criar sua filha. Kim também não tem direito à licença maternidade e nem pode ser a guardiã legal da criança em casos de emergências médicas, por exemplo.

A única forma de mudar isso é se Kim adotar sua própria filha. Porém, como é considerada solteira na Coreia, também há uma resistência em deixar pessoas não casadas adotarem crianças. A lei para a legalização de uniões homoafetivas no país segue sem previsão de aprovação apesar do passo importante dado em fevereiro deste ano quando a Alta Corte reconheceu uma união para que um parceiro pudesse usufruir do plano de saúde do companheiro.

Leia mais:
Alta Corte sul-coreana reconhece união homoafetiva para cobertura de plano de saúde

Mesmo com tantos fatores desfavoráveis, Kim acredita em mudanças para o melhor. Ela deu o prazo de oito anos, período até que a filha comece a estudar no Ensino Fundamental. Segundo ela: “A Coreia é um país muda em ritmo acelerado. Como meu pai me disse, isso se tornará algo não tão incomum para as pessoas até lá. Ele disse que há 30 anos pessoas com o mesmo sobrenome não podiam se casar“.

Ao ser perguntada do motivo de ter se colocado na linha de frente da luta pelos direitos da população LGBTQIA+, Kim disse que alguém teria que fazer isso. Ela acredita que mostrar a forma como vive poderá ajudar mais pessoas a aceitarem relações homoafetivas:

O motivo pelo qual as pessoas são conservadoras ou até mesmo ficam na defensiva [contra] pessoas queer é porque elas não veem ou ouvem sobre nossas vidas diárias. Se eu falar e mostrar ao mundo o quão comum eu sou, então as pessoas não seriam mais compreensivas sobre o fato de que há pouco que nos separam deles?

Em uma conversa com sua esposa, que terá 40 anos quando a filha chegar ao primeiro ano do Fundamental e se preocupa com o fato de ser uma mãe mais velha, Kim contou que riu do fato e contou: “Eu disse a ela, ‘unnie, você não deveria se preocupar mais com o fato da nossa filha poder sofrer bullying por ter duas mães?’ Espero que, até lá, o fato de estarmos mais velhas seja o único fato que nos preocupará“.

Outro passo tomado para esse fim foi deixar o emprego em um escritório para se tornar uma influenciadora e poder efetivamente mostrar isso para mais pessoas. Kim também escreveu um livro contando a sua história e a cada dia recebe mais convites para conceder entrevistas.

Fonte: (1)
Imagem: ConnectU
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Greyce Oliveira

Cearense de Fortaleza, é metade uma humana normal professora de Inglês e metade ELF(a) precisando (talvez) de tratamento para parar de falar no Super Junior toda hora.

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