Nesta terça (28), a Associação Coreana de Futebol (KFA) anunciou que Hwang Ui Jo não jogará pela seleção do país até que as investigações sobre os vídeos íntimos vazados sejam encerradas pela polícia.
Lee Yoon Nam, chefe do Comitê de Ética da KFA, comentou: “Atletas nacionais têm o dever de se comportarem com altos padrões morais e um senso de responsabilidade. Neste sentido, a KFA acredita que o atleta deve manter sua vida particupar de acordo com tais padrões“.
As autoridades podem convocar Hwang para prestar novos depoimentos. O jogador já havia comparecido à delegacia no dia 18 de novembro e no dia seguinte viajou com a seleção para a China para atuar em uma partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo. A atitude gerou diversas críticas dos fãs, que condenaram a decisão do técnico Jürgen Klinsmann de manter o atleta no time apesar das graves acusações.
Nos últimos dias, a polícia sul-coreana também revelou mais detalhes sobre a investigação que culminaram na prisão da cunhada de Hwang. As novas informações também mudaram o que se sabia até então sobre o caso e trouxeram novas dúvidas se o jogador realmente teve o consentimento da ex-namorada para gravar os vídeos íntimos.
O que se sabia até então
Em maio, uma suposta ex-namorada de Hwang vazou diversos vídeos íntimos do jogador. Junto aos registros havia uma mensagem na qual dizia ser uma acusando o atleta de manipulação. Após o vazamento, Hwang negou as acusações e, através de seu representante legal, revelou ter sido vítima de chantagem de um hacker que provavelmente estava em posse de um antigo celular seu que desapareceu, presumidamente tendo sido roubado.
Se tal versão fosse verdadeira, a polícia provavelmente deveria ir atrás de um hacker estrangeiro, já que o celular sumiu enquanto o jogador estava na Grécia defendendo o Olympiacos. Porém, a notícia da prisão da cunhada pouco a pouco começou a mudar os rumos do caso e trazer detalhes importantes que, até então, eram desconhecidos.
O empréstimo
Bem antes do vazamento ocorrer, Hwang fez uma viagem à América do Sul. A cunhada – que vamos chamar de Sra. A – é casada com o irmão do jogador e os dois gerenciam a UJ Sports, agência que cuida da carreira do atleta.
Na condição de assistente do atleta, a Sra. A o acompanhou durante esta viagem. Porém, antes de deixar a Coreia, ela informou que estava sem um aparelho de celular bom. Hwang, então, lhe emprestou um aparelho antigo que não usava mais.
Com o nível de confiança que tinham um no outro, Hwang deu o aparelho sem se formatar ou sequer proteger o conteúdo que estava armazenado nele. Segundo informações, a cunhada e o irmão davam apoio tanto material quanto financeiro ao atleta.
Porém, em junho, uma pessoa que alegava ser uma ex-namorada de Hwang começou a postar mensagens nas redes sociais acusando o jogador de manipulação por fingir estar em um relacionamento amoroso com mulheres apenas para manter relações sexuais com elas. Além disso, ainda afirmou que o atleta filmou vídeos íntimos sem autorização.
Junto da mensagem, foram vazados registros destes vídeos íntimos junto com um aviso: “Existem mais vídeos“. Envergonhado, Hwang reportou o ocorrido para seu irmão e cunhada. Logo em seguida, os três fizeram uma denúncia à polícia e uma investigação foi aberta.
As reviravoltas
Um dos recursos utilizados pelos investigadores para saber de onde estava partindo as ameaças foi rastrear o IP da conta que enviou as mensagens. Após uma análise destes dados, foi constatado que os acessos coincidiam com a movimentação de Hwang. Ao checarem as gravações das câmeras de segurança do hotel de onde as mensagens foram enviadas, a polícia descobriu que o jogador estava hospedado lá junto da Sra. A. Cerca de duas horas após o vazamento dos vídeos, a Sra. A pesquisou “localização de IP” no Naver.
Quando foi confirmado que a Sra. A havia recebido o aparelho de Hwang que continha os vídeos íntimos em questão e estava em posse do mesmo quando o material foi vazado, a polícia identificou a Sra. A como a responsável pelo vazamento. Durante as investigações e depoimentos, a suspeita também resetou o celular para as configurações de fábrica dizendo que era para “proteger informações pessoais”.
Porém, a Sra. A nega as acusações e diz que alguém deve ter clonado seu IP para incriminá-la. Em depoimento, ela disse: “Não sou o tipo de pessoa que prejudicaria a criança que cuido“. A criança a qual ela se refere é Hwang.
Segundo a Sra. A: “Muitas mulheres foram até o local onde Ui Jo morava quando ele jogava pelo Seoul F.C.. Me pergunto quantas pessoas tinham a senha daquele local e conseguiram ir e vir livremente e quantas delas guardam mágoas [contra ele]“.
Apesar de ter feito uma denúncia contra a pessoa que vazou os vídeos, Hwang acredita na versão da cunhada e pediu que ela não fosse punida, o que foi negado pelas autoridades. Segundo ele: “É um mal-entendido ridículo suspeitar da minha cunhada. Ela é uma pessoa que me protege há muito tempo e acho que foi falsamente acusada“.
Hwang vira suspeito
Logo após a prisão da Sra. A, Hwang foi convocado para prestar depoimento. A polícia suspeita de que os vídeos íntimos foram gravados sem autorização das mulheres que foram filmadas. O atleta negou, mas uma ex-namorada que aparece nos registros denunciou-o formalmente.
No último dia 23, a advogada Lee Eun Ui – que representa a ex-namorada – participou de uma coletiva de imprensa na qual apresentou registros de conversas entre sua cliente e Hwang. As conversas trazem mensagens como: “Eu disse claramente que não queria“; “Eu disse que não queria, mas por que [o vídeo] ainda está lá?“.
Algumas das mensagens de Hwang na conversam diziam: “Tentarei evitar [a distribuição dos vídeos] o máximo que conseguir” e “Eu não fazia ideia de que algo assim fosse acontecer“.
Pelos vídeos vazados, não é possível afirmar que a ex-namorada consetiu ou sequer sabia que estava sendo gravada. O advogado de Hwang declarou que ela tinha conhecimento das filmagens porque, segundo ele e seu cliente, o celular “estava em uma posição visível”.
Lee Eun Ui também rebateu este argumento dizendo: “Colocar o celular onde pode ser visto não pode ser considerado um ‘acordo’. A vítima também pediu a ele que apagasse o vídeo. Ela sentiu pânico e vergonha e pensou que, se deixasse ele chateado, isso a colocaria em uma posição vulnerável“.
Em outra reviravolta do caso, a Sra. A revelou em depoimento que Hwang teria compartilhado os vídeos íntimos com conhecidos. Além disso, a advogada da ex-namorada afirma que existe mais uma vítima no vazamento dos vídeos, indicando que os registros mostravam, pelo menos, duas mulheres diferentes.
A investigação do caso continua em andamento.
Fonte: (1), (2), (3)
Imagem: Michael Steele (via Getty Images)
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