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Feng Shui: a pseudociência que liga nosso bem estar com o ambiente à nossa volta

O Feng Shui não é considerado nem superstição nem ciência. Seus estudos se baseiam tanto na realidade quanto em elementos místicos, tornando sua prática algo tradicional e misterioso ao mesmo tempo. Independente da validade da prática para a comunidade científica, é fato que o Feng Shui interfere, ainda hoje, na vida em países asiáticos, em especial na China, em Taiwan, em Singapura e até mesmo na Coreia do Sul.

Conheça um pouco mais sobre esta prática.


Fēng Shuǐ (風水): a origem e o porquê de ser uma quase-ciência

Feng Shui (風水, vento e água) é um conjuto de estudos baseados na natureza — buscando geograficamente o lugar mais propício à moradia — e em elementos místicos como Yin e Yang, o horóscopo chinês, os cinco elementos, astrologia, entre outros, visando o bem estar e sucesso das pessoas que moram no lugar. No decorrer do século XX, o Feng Shui foi renegado pela ciência por adotar crenças e conceitos abstratos. No entanto, o Feng Shui surgiu como forma de definir o melhor local de moradia e sobrevivência na China Antiga e, com a observação de lugares feitos sob as regras do Feng Shui, estudos puderam constatar que, como prática ambiental e arquitetônica, o Feng Shui poderia sim ser considerado uma ciência. 

O objetivo original do Feng Shui era encontrar um terreno específico para a proteção do que Qi (氣), a energia que dá origem a toda a vida. Para cuidar do Qi, ou seja, manter as pessoas vivas e bem, buscava-se locais onde existisse água (水, shuǐ), com proteção contra o vento (風, fēng). Esses lugares protegiam contra fortes ventos e, como consequência, protegia de certos desastres naturais, além de propiciarem um ambiente com bastante vida, pela presença de água. Foi comprovado, por exemplo, que todas as florestas de Hong Kong e da China feitas sob os moldes do Feng Shui preservaram várias espécies comuns e ameaçadas de extinção e tiveram maior diversidade de habitat do que outras florestas.

A prática possui “confiabilidade”, uma das duas características fundamentais para a ciência. Apesar disso, o Feng Shui é posto em cheque pela ciência sob os termos da segunda característica, a “validade”. “Confiabilidade” refere-se à capacidade de obter resultados consistentes, enquanto a “validade” se refere à capacidade de realmente investigar a natureza de um problema. Com relação aos resultados ecológicos positivos, várias pesquisas — revisadas pelos pesquisadores Han Ke Tsung e Lin Jin Kai em um artigo de 2009 — se mostraram consistentes, apresentando dados reais que comparam ambientes com bom Feng Shui e mal Feng Shui, achando diferenças significativas em características geográficas e condições meteorológicas. Estas pesquisas comprovaram a “confiabilidade” da prática para a composição de ambientes e construção de moradias. No entanto, por não poder explicar quais elementos dentro do Feng Shui são responsáveis por essa diferença, tais estudos falham em mostrar a “validade” da prática. Sendo assim, o Feng Shui, também considerado uma arte milenar, é encarado pela ciência como uma pseudociência (quasi-science).


Fēng Shuǐ (風水): Misticismo e utilizações cotidianas

Kān Yú é o nome original do Feng Shui. Kān (堪) significa céu e Yú (輿) significa terra. Incorporada na filosofia taoísta, a teoria de Kãn Yú determina que quaisquer ações tomadas na terra afetarão o céu e vice-versa. Por ser uma eco-arte, o Feng Shui trata da preservação de recursos, da ecologia, da orientação e do arranjo espacial para decidir como e onde o homem deve se posicionar ou construir o seu abrigo. Dependendo da data do nascimento e do nome da pessoa, até mesmo a maneira de posicionar a cama ou o fogão em casa pode trazer azar. O mesmo acontece com atividades cotidianas, como comer, trabalhar e ler. 

A mesa de estudo ou o local onde se está sentado para ler um livro deve estar apontado para a direção certa de acordo com o Número Mágico pessoal de cada um. Se seu número é 2, 6, 7 ou 8, por exemplo, construir uma casa e se sentar voltados para a posição Oeste é a mais indicada, seguida das posições Noroeste, Sudoeste e Nordeste. Para as posições de objetos dentro da casa de um casal que possui direções opostas, por exemplo, o Feng Shui sugere que o fogão fique em direção favorável àquele que mais traz o alimento para casa e a cama fique em posição favorável a outra pessoa.

O Número Mágico pessoal é definido através do últimos dois dígitos do ano de nascimento, seguindo o horóscopo chinês. Segue a tabela abaixo:

A partir do Kua (número pessoal) serão definidas as posições na casa favoráveis à pessoa, baseadas em 8 trigramas, que é o Baguá, esse “gua” sendo justamente o Kua. A posição das pessoas, dos objetos e dos elementos naturais deve ser pensada com uma bússola nas mãos e ensinamentos taoístas e budistas na cabeça. Só assim, de acordo com os ensinamentos do Feng Shui, alguém pode se alinhar para receber fortunas como família feliz, bom casamento, vida longa e saudável, carreira de sucesso, riqueza, boa sorte etc. O Feng Shui como um todo serve para dizer aos humanos como se localizarem melhor no universo.

A prática milenar interfere não apenas na construção de prédios em países asiáticos como também no preço da venda de tais imóveis. Em Taiwan, por exemplo, 68% dos compradores de casa consideram a aplicação do Feng Shui importante na construção de um imóvel. Fatores ruins do Feng Shui, como “um prédio de frente para a estrada”, proximidade de viadutos e ruas sem saída tiveram impactos negativos economicamente nos preços de imóveis como escritórios, residências e lojas de Taiwan. Os imóveis comerciais de mais alto valor nestas áreas foram os mais afetados por estes fatores. Já em Singapura, dois praticantes de Feng Shui e dois gerentes de instalações concordaram que os princípios do Feng Shui influenciaram significativamente o gerenciamento de instalações quando referente à limpeza exterior e à limpeza de estradas e pavimentos.

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5)
Imagens: Grantec, Casa Abril, HomeIT
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