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Sociedade

Tragédia de Sewol: Naufrágio de balsa completa 10 anos

Neste dia 16 de abril, a Coreia do Sul relembra as vítimas do naufrágio da balsa Sewol que culminou na morte de 304 pessoas. A maioria das vítimas eram estudantes do Ensino Médio que estavam indo para a ilha de Jeju em uma excursão escolar.

Os 10 anos da tragédia será marcado por homenagens nas escolas pelo país. A Secretaria de Educação de Seul distribuiu cartilhas para as escolas públicas com instruções de atividades para homenagear as vítimas do naufrágio, incluindo a montagem de memoriais e escrita de cartas aos que partiram tão prematuramente na tragédia.

Além das homenagens, as autoridades também planejam atividades voltadas para a prevenção de novas tragédias como esta. Após o desastre, o 16 de abril foi nomeado como o “Dia Nacional da Segurança” para conscientizar os cidadãos sobre a importância da segurança pública.

Apesar de já ter se passado uma década desde a tragédia, algumas perguntas permanecem sem resposta até hoje. Uma delas diz respeito à causa exata do naufrágio. Mesmo não tendo um motivo-chave, as investigações apontaram que uma série de fatores contribuíram para a tragédia.


16 de abril de 2014

Naquela quarta-feira, dia 16 de abril de 2014, 459 pessoas deixaram Incheon rumo à ilha de Jeju, um trajeto de cerca de 450 quilômetros. A embarcação começou a afundar por volta das 8:55 da manhã pelo horário local na costa da ilha de Jindo, a cerca de 130 quilômetros do seu destino final.

As primeiras vítimas identificadas foram Park Ji Young, de 22 anos, que era funcionária da empresa da balsa, e Jung Cha Woong, uma das 204 estudantes que perderam a vida na tragédia.

As operações de resgate foram feitas pela Marinha e pela Guarda Costeira, além de contar com a ajuda da força aérea e do Exército. Até mesmo um navio da Marinha estadunidense se juntou à força-tarefa para resgatar as vítimas.

Inicialmente, notícias informaram que 368 pessoas haviam sido resgatadas com vida. Porém, autoridades informaram que o número havia sido calculado erroneamente. A ajuda chegou à balsa por volta de 9:30 da manhã, cerca de meia hora após a embarcação fazer uma chamada de emergência. As operações ainda foram atrapalhadas pela forte correnteza no mar do local onde o naufrágio ocorreu.


As primeiras informações

Créditos: Yonhap

As primeiras notícias que chegaram à mídia sul-coreana ainda no dia 16 diziam que muitos passageiros pularam ao mar após um anúncio feito na embarcação informando que a balsa afundaria. A energia da balsa foi cortada enquanto naufragava, levando a especulações de que muitos passageiros tenham ficado presos dentro da embarcação.

Um dos funcionários que trabalhou no resgate disse em entrevista: “Uma busca foi conduzida em um raio de 5 quilômetros, mas nenhum resgate foi realizado. Considerando a temperatura da água, profundidade e o tempo, qualquer um preso dentro [da embarcação] tem poucas chances de ter sobrevivido“. O local do naufrágio tem 45 metros de profundidade e a água chegava a 12º Celsius.

As suspeitas iniciais sobre a causa do naufrágio indicaram diversas suspeitas. Passageiros sugeriram que a balsa teria atingido um coral próximo das 9:00. Alguns dos resgatados especularam que a região estava sob uma espessa névoa que poderia ter atrapalhado a visualização da tripulação, mas a agência meteorológica sul-coreana informou que a área estava com uma zona de visibilidade de cerca de 20 quilômetros.

A embarcação também teria mudado sua rota para compensar o tempo de viagem após ter atrasado sua partida por causa das condições climáticas. A Chonghaejin Marine Company, empresa que era responsável pela embarcação, negou que o desvio tenha sido significativo e informou que estava se preparando para recuperar a balsa.

Além de todos estes fatores, a balsa havia passado por uma vistoria de segurança em fevereiro e nenhuma irregularidade foi identificada.


O que se sabe 10 anos e 3 investigações depois

Apesar de uma década ter se passado desde o naufrágio, muitas pontas permanecem soltas na trama que culminou na tragédia.

Para retirar a balsa do oceano foram necessários quase três anos. As mais de 6000 toneladas de destroços foram levadas ao porto de Mokpo em abril de 2017 e autoridades puderam, enfim, iniciar a busca dos 9 corpos das vítimas que permaneciam desaparecidas.

Ao longo desta década, três investigações falharam em descobrir as causas do naufrágio. O que se aponta é que não houve, de fato, um motivo específico, mas uma série de fatores que contribuíram para a tragédia.

Falhas nas estruturas de controle da balsa e sobrecarga da quantidade de carga transportada no dia do acidente foram dois destes fatores. A MV Sewol foi construída em 1994 e adquirida pela Chonghaejin Marine Company em 2012. Após a compra, a empresa fez diversas modificações na estrutura da balsa, aumentando consideravelmente o peso da embarcação.

A Sewol estava apta para carregar até 987 toneladas de carga, mas no dia do desastre haviam 2.214 toneladas na embarcação. Dentre estes, 185 carros que pesavam sozinhos 584 toneladas e não estavam bem presos durante o transporte.

O excesso de peso e uma falha no sistema de controles durante uma curva abrupta fez com que parte da carga levada na balsa fosse deslocada para um lado da embarcação, fazendo com que ela pendesse para um lado e, 101 minutos depois, naufragasse completamente.

Outro fator agravante foi humano. As investigações conduzidas indicaram diversas falhas na ação dos tripulantes e do Capitão Lee Joon Seok que poderiam ter evitado mais mortes na tragédia. Lee foi um dos sobreviventes do naufrágio após abandonar a balsa e está atualmente preso.

Das 9 vítimas remanescentes, 5 permanecem desaparecidas:

  • Nam Hyeon Cheol (16 anos);
  • Park Yeong In (16 anos);
  • Yang Seung Jin (57 anos);
  • Kwon Jae Geun (48 anos);
  • Kwon Hyeok Gyu (6 anos).

Nam e Park estão entre os 204 estudantes mortos na tragédia enquanto Yang era professor. Kwon Jae Geun e Kwon Hyeok Gyu eram pai e filho.

A tragédia de Sewol foi o segundo maior desastre náutico na história da Coreia do Sul, perdendo apenas para o naufrágio do Namyoung-ho, ocorrido em 1972, que tirou mais de 320 vítimas com um número estimado de 323 a 326.

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5)
Imagens: Newsis e Yonhap
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Greyce Oliveira

    Cearense de Fortaleza, é metade uma humana normal professora de Inglês e metade ELF(a) precisando (talvez) de tratamento para parar de falar no Super Junior toda hora.

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