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[ENTREVISTA] Bella Chiang fala sobre novo filme “A Menina e o Dragão” e a importância da representatividade asiática no Brasil

Na próxima quinta-feira (19) estreia a incrível animação A Menina e o Dragão em todos os cinemas do Brasil. Produzido pela Imagem Filmes e inspirado pelo livro de Carole Wilkinson, a história é ambientada na China Imperial, durante um período em que dragões são caçados e aprisionados pelos homens, após uma era de harmonia. 

Apesar das adversidades, uma jovem órfã chamada Ping desenvolve uma improvável amizade com a última das criaturas místicas e decide ajudá-la. Perseguida pelo Imperador, a dupla embarca numa épica jornada, repleta de aventura, magia e amizade. Ping precisa buscar dentro de si um poder adormecido para conseguir salvar os dragões e proteger aqueles que ama.

A escolhida para dar voz a personagem principal do filme no Brasil foi Bella Chiang, atriz conhecida por seus trabalhos em As Aventuras de Poliana e Escola de Gênios e, para celebrar este grande projeto, ela nos contou um pouco sobre o processo de dublagem e a importância da representatividade asiática em nosso país. 



KoreaIN: A estreia de “A Menina e o Dragão” está finalmente chegando. Você pode nos falar um pouco sobre Ping, sua personagem? 

Bella: Eu adoro a Ping, sou até um pouco suspeita pra dizer. Ela é super corajosa, super destemida, aventureira, ela vai pisar o pé e falar “é aqui que eu vou ficar e não vou deixar ninguém me impedir”. Ela é super teimosa, que nem eu. (risos)

KoreaIN: Como foi receber a notícia de que você faria parte deste projeto e o que você achou do resultado final?

Bella: Eu lembro até hoje. Eu estava fazendo pipoca na cozinha e minha mãe estava no escritório. Ela veio correndo e gritando pra me falar que tinha chegado um e-mail da Imagem Filmes perguntando se eu gostaria de fazer a Ping. Foi uma das melhores noites. É um marco muito importante na minha carreira. Para mim também, protagonizar, me ver assim. Não me ver, né? Mas ouvir minha voz no cinema, eu estou muito ansiosa.

KoreaIN: E teve alguma história ou momento marcante que aconteceu durante as filmagens que você possa nos contar?

Bella: Foram dois dias intensos de gravação. Horas no estúdio. Mas, eu acho que o mais legal e o mais difícil também, que eu achei super engraçado, é que… não vou dar spoiler, mas existe uma cena que eu tinha que gritar muito alto. Só que, gritar alto dentro de um cubículo, você acha que você vai ensurdecer as pessoas que estão te ouvindo. Eu estava morrendo de medo. E o meu diretor falava “grita, tá tudo bem, ninguém vai ficar surdo”. Aí, vai lá, eu gritar. Gente, eu morria de rir depois. Foi extremamente engraçado. Uma das minhas cenas preferidas, assim, lá dentro do estúdio. Me marcou bastante, porque foi hilário.

KoreaIN: Dublar não é uma tarefa fácil e este não foi seu primeiro trabalho nessa área. Você já imaginava seguir este caminho antes? Como você decidiu que também gostaria de tentar esta carreira? 

Bella: É uma história até curiosa. Eu já fiz um curso durante um ano de dublagem, quando eu tinha 10, 11 anos. E aí, eu deixei cadastro, para caso aparecesse alguma oportunidade, eles podiam me chamar, né? Mas isso nunca aconteceu. Daí, ano passado, um amigo falou “olha, posso te indicar? Porque surgiu um trabalho que eles estão procurando por mulheres asiáticas”. Eu fiz o teste, acabei passando, e foi ali onde eu entrei. A partir disso, começaram a surgir novos testes.

Este filme, por exemplo, tem um teor chinês. Então, eles vão procurar alguma dubladora que seja asiática. O que é muito importante, porque é uma representatividade asiática, que eu acho muito válida, aqui no Brasil. E aí, com isso, eu fiz um filme ano passado, que já estreou na Netflix. Eu fiz a participação em Divertidamente 2, também, que era a Grace, a personagem, que também era asiática. E agora, chegamos aqui com a Ping dos cinemas, e eu estou muito feliz.

KoreaIN: Acho que, no final do dia, todos esses esforços e talentos formam a Bella Chiang que o público ama e admira tanto. Falando um pouco sobre cada um deles: primeiramente, você se tornou uma peça icônica na TV com produções como “Poliana Moça” e “Escola de Gênios”. Como foi e o que você pensou quando percebeu o enorme apoio do público nesses papéis?

Bella: É muito legal, porque em ambos esses projetos, eu era a única menina asiática. A única. Eu tenho descendência taiwanesa, eu sou mestiça, meu pai é taiwanês e minha mãe é brasileira. Então, eu sou um mix dessas duas culturas juntas.

Em “Escola de Gênios”, se vocês perceberem o elenco, cada um tem um perfil diferente. E aí, foi muito emocionante quando eu passei, foi o meu primeiro grande trabalho e eu tinha acabado de fazer 11 anos, então, foi muito importante. Mas nessa época, por exemplo, eu ainda não entendi o que era representar ali toda aquela cultura asiática. Aí, em “Poliana Moça” eu me senti muito bem, porque ali eu conseguia expressar o que eles queriam que eu expressasse da cultura oriental.

Eu sou taiwanesa, como eu disse pra vocês, mas a Song, que era minha personagem em “Poliana Moça”, ela era coreana. Por mais que eu seja taiwanesa, eu represento ali todo aquele lado asiático. Então, foi um marco muito importante e eu pretendo continuar marcando a presença de todas as mulheres asiáticas. 

KoreaIN: E entre todos os seus personagens, sejam na dublagem ou na TV, com qual deles você se identifica mais? Aquele que você olha e pensa “ai, eu sou meio assim”. 

Bella: Olha, todos os personagens eu tive uma coisa que eu falei “me identifico”. Por exemplo, a Margot, ela era detetive e muito vingativa. Nossa, que personagem vingativa, e eu sou muito vingativa, tenho que mudar isso, inclusive.

Aí a Ping, por exemplo, é extremamente teimosa. E assim, eu também tenho que mudar isso em mim, porque eu sou muito teimosa. A Song, eu acho que a paixão de dançar, e foi uma coisa que a própria personagem me ensinou.

KoreaIN: Ainda pensando sobre esse ramo artístico: tem algum outro tipo de papel ou personagem em que você gostaria de se desafiar algum dia?

Bella: Eu tenho muitos sonhos como atriz, de realmente interpretar pessoas diferentes. Toda essa magia dessa profissão é realmente ser quem você não é. Então, eu acho isso muito curioso. Eu gostaria muito de interpretar um papel que passa por diversas situações diferentes que eu nunca passei. Gente, eu adoraria fazer uma comédia romântica. Filme de ação…

KoreaIN: Você falou em comédia romântica. Você já teve alguma experiência assistindo K-dramas ou há algo que você gosta nessa relação com a cultura coreana na TV?

Bella: Eu nunca assisti realmente um dorama. Porém, a minha mãe já viu todos os possíveis em todas as plataformas. E vira e mexe eu tô com ela, então começo a assistir junto. Só que, assim, eu nunca termino, sabe? Teve uma vez que, se eu não me engano, que era um dorama do holograma. E aí eu perdi a série inteira, mas eu assisti o final, e aí eu falei poxa, essa seria uma série que eu super assistiria, mas eu já sei o final.

Às vezes eu tô no TikTok, e aí ele já sabe que eu gosto de trechos de dorama. E aí vira e mexe, aparece um trecho também. E aí vai lá eu, assista parte 1, pesquisa lá parte 2 do dorama, tal, tal. Mas, gente, eu tenho que aceitar e assistir porque é muito fofo. É sério, eu adoro. 

KoreaIN: E hoje você se tornou uma verdadeira influência e inspiração para as meninas com ascendência asiática no Brasil. Sabemos que, muitas vezes, há maiores obstáculos e até mesmo uma dificuldade em autoaceitação vinda através de certos tipos de preconceito. Como foi esse caminho para você? 

Bella: Desde pequena, eu não entendia de fato, que eu era asiática. Eu olhava pra TV e eu achava que eu era que nem as pessoas que eu estava assistindo. Só que aí, a partir de um tempo, eu comecei a perceber que não. Eu estava trabalhando como modelo e aí, comecei a receber muito não.

As pessoas vinham e falavam pra minha mãe “a sua filha é linda, realmente uma beleza muito exótica mas, infelizmente, o perfil dela não deixa a gente pegar ela pra fazer esse trabalho”. E aí é muito difícil, né? Essa representatividade é um espaço que a gente ainda tá lutando pra conseguir. Eu, com outras muitas mulheres asiáticas, fico feliz que existam meninas por aí que me acompanham e realmente me tomam como uma inspiração, porque eu acho que é muito importante, a gente realmente precisa se apoiar. Eu já sofri muito, seja de preconceitos, que hoje eu vejo que são preconceitos, mas na época, é aquela piada, aquela brincadeira que fazem com você, e você não quer ser aquela pessoa chata, sabe? E aí você só vai dar risada.

E hoje se eu receber algum comentário do tipo, eu tenho certeza que eu vou bater o pé e eu vou dizer “não, não é assim, deixa eu te explicar”. Então, é um espaço que a gente tá lutando e vamos continuar lutando. No meu meio, eu espero que esse meio aumente cada vez mais, porque essa representatividade é muito importante pra nós, e é realmente uma conquista. Por mais que seja difícil, é uma coisa muito essencial e necessária.

KoreaIN: Voltando a “A Menina e o Dragão”, o enredo do filme é sobre uma amizade inseparável que transforma a vida de Ping. Quando falamos de amizade e rede de apoio, quem são as primeiras pessoas que aparecem na sua cabeça hoje?

Bella: É com certeza a minha família. A minha mãe, principalmente, que me acompanha em absolutamente tudo. Ela não precisava, mas ela abdicou da própria vida dela pra poder estar comigo, pra poder me apoiar. Os meus pais sempre me apoiaram muito. Eles são pessoas que eu sei que, se eu olhar pro lado, vão estar sempre comigo. A minha irmã, super sincera, que dói na alma, mas ela também tá sempre lá torcendo por mim e acreditando no meu potencial.

KoreaIN: Tirando a Ping, quem se tornou seu personagem favorito do filme?

Bella: Tirando a Ping, Yang Yang, o ratinho. Gente, eu dava muita risada. Muita risada. Durante todo o filme inteiro, tá sempre ele fazendo alguma coisa. Prestem atenção, toda vez que aparecer uma cena, procura onde o Yang Yang tá, que ele vai estar fazendo alguma coisa. Eu não sei nem explicar. É muito fofinho e tá sempre com fome.

KoreaIN: E de que forma você acha que o filme vai tocar o coração dos espectadores brasileiros?

Bella: Aproveitando que a gente falou de representatividade asiática, eu acho que a Ping tá representando todas as mulheres. Ela é aquela pessoa que vai bater o pé e ela vai dizer quem ela é. Ela não vai deixar ninguém falar pra ela o que ela sente, ou falar o que ela pode ou não fazer. Então eu acho que é uma mensagem muito importante.

Quando eu assisti o filme pela primeira vez, foi o que mais me pegou. Porque não importa tamanho, não importa idade, não importa altura. O que importa é você acreditar no seu próprio potencial, é você acreditar em si mesma.

KoreaIN: Por último, você pode mandar um recado para os seguidores da KoreaIN e para todo o público que está super ansioso com “A Menina e o Dragão”? 

Bella: Eu espero que vocês gostem muito, muito, muito deste filme. Representa bastante a cultura chinesa, ainda que seja a cultura chinesa misturada com a espanhola — porque o diretor é espanhol — mas o filme está super homogêneo, está super aventureiro. A mensagem que o filme passa é simplesmente linda, a trilha sonora está incrível, a história está demais.

Eu espero que vocês realmente curtam muito e eu tenho certeza que vai tocar no coraçãozinho de vocês.


Confira o trailer do filme:

Imagem: Bella Chiang via Instagram
Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Thainá Doble

    Radialista apaixonada pelo mundo pop, culturas novas e Monsta X

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