O grupo se apresentou na última sexta-feira (17) no Terra SP e mostrou a intimidade única entre os integrantes e o público brasileiro
Receber o KARD no Brasil pela quinta vez é tão confortável quanto levar um amigo de infância para casa. Aquele que já chama os seus pais de tios, tem uma toalha e um pijama guardados no fundo do armário e você nem precisa pedir desculpa pela bagunça. Este é um ponto essencial: o KARD conhece a bagunça que os brasileiros fazem e até entram na brincadeira. E a parada em São Paulo da “Where to Now Tour” é mais uma prova disso.
Na coletiva de imprensa, feita apenas algumas horas antes do tão aguardado encontro, Somin reconheceu este vínculo especial:
“No início a gente era apenas muito grato com essa nomeação [de brasileiros honorários], mas hoje em dia acho que podemos mesmo nos considerar brasileiros honorários.”
E considerando que a primeira passagem dos 4 pelo Brasil aconteceu lá em 2017, este título pode mesmo ser dado a eles. Eles vieram antes mesmo do debut oficial, que ainda incluiu algumas cenas dessa visita no MV de “Hola Hola”.
Agora, depois de justificar o CPF deles, chegou a hora do show. Que começou com a apresentação de “Tell My Momma” pela primeira vez em terras tupiniquins. Desde o começo o KARD se mostrou extremamente confortável, com o público cantando e gritando apaixonadamente. Depois mostraram “Ring the Alarm” e fizeram uma pausa para dar aquele tão esperado “oi” para o Brasil. Ainda perguntaram ao público sobre o status de brasileiros honorários, que foi respondido imediatamente com um SIM em coro, como se fosse um programa de auditório das emissoras de TV.
A segunda parte foi dedicada ao início da carreira, apresentando “Oh NaNa” e “Hola Hola” com a facilidade de um grupo que, em primeiro lugar, ama as próprias músicas e, em segundo lugar, passou os últimos 8 anos performando. Também deram espaço para os lançamentos mais recentes, como “Waste My Time” e “Detox”. Esta última, lançada em dezembro do ano passado, está sendo apresentada pela primeira vez nesta perna da “Where to Now Tour” e tem um significado especial para os integrantes, segundo Jiwoo:
“É um álbum que foi trabalhado pensando que muitas pessoas poderiam sentir, nesse momento da vida, um certo vazio dentro de cada um. Então ele foi criado pensando em tentar abraçar e consolar esse sentimento em quem escuta.”
Em um novo intervalo, os 4 arriscaram no português. BM fez um vapo, Somin pediu para a gente gritar e J.Seph falou que “o pai tá on”. De todos, a única que teve dificuldade foi a Jiwoo, que disse que, cada vez que o público gritava encorajando, ia ficando mais difícil de falar. Mesmo assim, soltou um “estava com saudades” meio baixinho e envergonhado, que conquistou todo mundo da plateia.
O show teve um tempinho dedicado ao trabalho solo do BM, que apresentou “Nectar”, “Loyalty” e “Motion”, com o público engajado, cantando junto até o fim e reagindo à performance sensual. Este também foi o momento que começou a intensa relação entre o artista e suas garrafas d’água. Segundo o extenso trabalho investigativo da KoreaIN, desse momento até o fim do show, o conteúdo de pelo menos 5 garrafas foram jogados no público da pista premium.
E tem uma passagem da coletiva de imprensa que pode explicar essa euforia contagiante do BM durante o show:
“Meu pai é daqui de São Paulo. Ele é uma pessoa bastante liberal, feliz, engraçada e tanto no aeroporto quanto no show, ou toda vez que me deparo com os fãs brasileiros aqui no Brasil, eu consigo perceber o porquê do meu pai ser assim. Eu acabo ficando assim também quando me encontro com fãs brasileiros.”
Quando o grupo volta completo está com roupas novas e preparado para uma nova parte do show, com músicas mais vibrantes, coreografias fortes e muita energia. É assim em “SPIN”. Em novas pausas, eles compartilharam algumas memórias antigas, como a Somin falando que na última vez eles comeram tanto churrasco que ficou difícil de lidar com isso depois. Também falaram do brigadeiro, com o BM flertando com todo mundo quando falou que quando se casar precisa ser com alguém que consiga fazer brigadeiro.
Ele também soltou um comentário bem engraçado: disse que depois de um certo nível de barulho, os in ears, aqueles fones de ouvido usados nas apresentações, param de transmitir esses sons. Então ele só conseguia ver todo público movendo a boca em conjunto, mas nada de áudio.
Depois chegou a vez de performar com muita presença de palco “Boombox” e “SHIMMY SHIMMY”. BM ainda tirou o casaco e mostrou todo o resultado dos seus treinos, chegando a levantar a regata e mostrar o tanquinho. O J.Seph tirou a jaqueta meio envergonhado. A Jiwoo fechou o casaco. E a Somin, que estava apenas de regata e calça, tirou o sapato.
Agora chegou numa parte um pouco sensível. Para esta parte da turnê na América Latina, o KARD preparou algumas músicas populares para apresentar para nós. Todas em espanhol. Talvez tenha sido o momento menos engajado do público, não por ressentimento, mas porque são músicas que não fazem tanto sucesso no Brasil, sendo o único país que não fala essa língua.
BM cantou “Dákiti”, do Bad Bunny, e a Somin arrasou no cover de “Sin Pijama”, da Becky G. A Jiwoo mostrou seu poder com “Me Gustan Mayores”, do Bad Bunny e da Becky G, e o J.Seph apresentou uma música do rapper Trueno, que já mostrou antes no canal do grupo. Ainda tiveram 2 apresentações em duplas: Somin e BM escolheram “China”, de Anuel AA, e Jiwoo e J.Seph fecharam o bloco com “Con altura”, de ROSALÍA e J Balvin.
O grupo ainda sorteou 4 álbuns autografados para o público, usando os bilhetes que foram entregues na entrada do evento pela equipe. Cada um tirou um papelzinho de uma Ecobag e dizia o número sorteado. O sortudo começava a gritar enquanto as pessoas do lado usavam as lanternas dos próprios celulares para iluminar e permitir um momento de interação entre ele e os artistas, que mandavam beijos animados.
Seguiram cantando “GUNSHOT” e então chegou o momento da despedida. O destaque ficou por conta de J.Seph, que começou falando: “Da primeira vez que ouvimos KARD eu te amo…” e o público não deixou ele terminar, puxando um coro em uníssono. Depois ele conseguiu finalizar:
“Em 2017 quando a gente ouviu KARD eu te amo pela primeira vez, a gente nem sabia o que significava isso. Mas hoje esta é uma frase que a gente esperou para ouvir. Eu me senti em casa. Parece que eu voltei para casa.”
As últimas apresentações foram “ICKY” e “Cake”. E no final ainda teve um encore onde eles apresentaram “Dímelo”, “RED MOON” e “Dumb Litty” de um jeito desprendido, confortável e intimista, antes de encerrar a noite.
O J.Seph falou mais cedo que “São Paulo é São Paulo”. E os Hidden Kards que estavam no Terra SP no dia 17 podem confirmar: o KARD é o KARD.
Imagens: Daniele Fernandes Não retirar sem os devidos créditos.