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[LISTA] Conheça seis lendas e mitos coreanos

Lendas e mitos são narrativas fantásticas muito particulares de cada cultura, mas algumas ganharam popularidade ao redor do mundo, sendo difundidas através de filmes, séries e até jogos. A cultura coreana é recheada dessas narrativas, e cada uma oferece um rico panorama da cultura e história da península, abrangendo desde a criação do mundo e do povo coreano até criaturas fantásticas e espíritos.

Cada mito reflete valores e dilemas sociais e possui muitas influências do xamanismo, budismo, taoísmo e confucionismo, sendo historicamente transmitido por contadores de histórias e representações artísticas.

Existem inúmeras histórias mitológicas coreanas, como a famosa raposa de nove caudas que já foi base para diversos K-dramas, e todas podem ser fantásticas, mas existem algumas que são especiais e valem a pena conhecer um pouco mais, por isso a KoreaIN trouxe seis para você conhecer. 


도깨비 – Dokkaebi

Dokkaebi são criaturas míticas, espíritos sobrenaturais que nascem da energia de objetos inanimados antigos (como bambus, capacetes ou até estátuas). Frequentemente chamados de goblins ou trolls coreanos, eles não são nem puramente bons nem puramente maus, e são conhecidos pela natureza brincalhona e travessa.

Dokkaebi são ilustrados com chifres, pelos rebeldes, olhos grandes e um sorriso arteiro, costumam usar trajes tradicionais coreanos, com sapatos grandes ou chapéus espalhafatosos. A aparência dos Dokkaebi costuma ser mais divertida do que assustadora, refletindo seu papel como trapaceiro.

Geralmente, os Dokkaebi carregam itens mágicos, como o “Dokkaebi Bangmangi” (uma clava que pode conjurar objetos) e o “Dokkaebi Gamtu” (um chapéu que concede invisibilidade). Como são travessos, adoram jogos e charadas e frequentemente desafiam humanos, pregando peças como um lembrete de sua superioridade, porém sua fraqueza gira em torno de serem enganados por humanos espertos.

Em muitas histórias esses seres parecem testar a moral das pessoas, castigando os desrespeitosos e recompensando os gentis, trazendo ensinamentos ou até prosperidade. Já em algumas regiões, os Dokkaebi são vistos como protetores da natureza, se alinhando com a cultura coreana com relação à harmonia com o meio ambiente.

A figura do Dokkaebi foi apresentada em alguns K-dramas famosos, como Goblin (2016) e O Conto de Nokdu (2019).


구미호 – Gumiho

Frequentemente descrito como “raposa de nove caudas”, o Gumiho é uma criatura que pode se transformar em uma mulher sedutora, escondendo o rabo e as orelhas de raposa, para atrair e devorar seres humanos, especialmente fígados ou almas. Ao contrário de suas versões chinesa e japonesa, na tradição coreana, muitas vezes ela é vista como perigosa e malévola, raramente benevolente. 

O Gumiho tem uma moralidade ambígua, pois suas intenções variam grandemente. Em algumas histórias, é descrito como uma criatura perigosa que caça humanos, já em outras, é um espírito protetor. E, de acordo com a lenda, as nove caudas simbolizam a sabedoria ancestral, o grande poder do Gumiho — e cada cauda representa cem anos de vida, reforçando sua força.

Alguns mitos dizem que o Gumiho pode se tornar humano após viver mil anos sem matar, mostrando a luta entre os instintos animalescos e a busca pela humanidade. Em versões contemporâneas, há a figura do samdugumi, uma gumiho imortal e parasitária, que renasce e usa magia sombria.

Atualmente, com a difusão de séries e filmes coreanos, como Meu Colega de Quarto é um Gumiho ou a A Lenda do Nove Caudas, a criatura é descrita de maneira mais simpática ou complexa.


해태 – Haetae (Haechi)

Haetae é uma criatura mítica com corpo de um leão com chifres e escamas, conhecida por seu julgamento e capacidade de apagar incêndios e desastres naturais, além de ter um grande senso de justiça.

Esta criatura tem um chifre na testa e às vezes é retratada com sinos no pescoço. No entanto, apesar do chifre conceder imenso poder, pode ser seu calcanhar de Aquiles, pois se quebrado, a força das Haetae diminui, tornandas sujeitas ao mal que buscam afastar.

Sua origem não é bem explicada nas histórias, porém, alguns dizem que estão interligadas aos espíritos da terra. Acredita-se que quando o mundo era jovem e o caos reinava, os deuses sábios criaram as Haetae para servir como um farol de esperança e ordem, estando presos ao dever de proteger.

Atualmente, se for à Coreia, poderá ver diversas estátuas de Haetae em portões palacianos e históricos, geralmente para evitar incêndios e calamidades.


삼족오 – Samjoko

Samjoko, ou o “corvo de três pernas“, é um pássaro que representa o sol e ganhou notoriedade em Goguryeo (antigo reino coreano), também se tornando um símbolo da realeza, com máximo poder, acima do dragão e da fênix.

De acordo com a história, as três pernas do corvo representam os raios solares, e sua imagem aparecia em estandartes militares e brasões reais, frequentemente usado como um totem de poder e controle.

Esta criatura não é exclusiva da mitologia coreana, existem outras histórias de pássaros de três pernas, semelhantes, que podem ser encontrados nas mitologias chinesa e japonesa.

Em 2002, durante a Copa do Mundo FIFA de 2002, realizada na Coreia do Sul e no Japão, o Samjoko se tornou o mascote, representando o espírito indomável do povo coreano. Além disso, é frequentemente associado força e orgulho nacional na Coreia moderna.


불가사리 – Bulgasari

É uma figura do folclore coreano retratada como uma criatura gigante que consome metal, com uma força impossível de deter. Também é descrito como um monstro quimérico, tendo um corpo semelhante a uma mistura entre um urso e um pangolim, revestido de placas de metal, lembrando escamas.

Uma das versões da história conta que a criatura foi criada através de um ritual mágico por uma monge budista em um período de perseguição, no qual teria criado uma pequena criatura com arroz e agulhas, que cresceu alimentando-se de ferro e aço. Outra história de sua criação é que um serralheiro o teria criado para defender pessoas oprimidas contra governantes corruptos ou invasores. Entretanto, uma vez liberada, a fome infinita da criatura por metal tornou-a impossível de controlar, levando a um caos não intencional.

O Bulgasari é quase impossível de ser derrotado convencionalmente, pois consome tudo o que é feito de metal, desde armas até caminhão, se tornando mais forte e indestrutível a cada mordida, além da força inestimável que possui devido ao consumo do ferro e a armadura metálica.

A criatura também é rica em simbolismo, sendo comparado com um justiceiro popular, pois sua fome incontrolável destaca os perigos de conceder poder excessivo sem limitações, além de mostrar como a ganância sem restrições leva à autodestruição.

Esta lenda foi adaptada no filme norte-coreano Pulgasari (1985), em que a criatura serve aos camponeses na luta, mas acaba saindo de controle.


설문대할망 – Seolmundae Halmang

A lenda de Seolmundae Halmang está enraizada na história e cultura da Ilha de Jeju. Segundo o folclore, ela seria a deusa criadora da Ilha, figura central da mitologia xamânica, sendo frequentemente descrita como uma entidade gigante que formou a ilha reunindo terra na sua saia e espalhando-a no mar, criando mais de 360 pequenos vulcões e montes, como o Hallasan, o pico mais alto de Jeju.

Alguns mitos contam que Seolmundae morreu tragicamente (em um pântano ou afogada), e seus filhos se transformaram em rochas espalhadas pela ilha, deixando uma marca permanente na terra.

Esta deusa também é reverenciada como a protetora de Jeju, pois muitos acreditam que ela tenha protegido os habitantes da Ilha de desastres naturais e possíveis ameaças, por isso ela simboliza a identidade única da Ilha e a harmonia entre a vida humana e a natureza.

Os moradores de Jeju realizam anualmente um festival com o nome da deusa, onde oferecem comida, orações e apresentações para buscar bênçãos e mais proteção. O festival reforça a identidade do povo de Jeju como descendentes da deusa e preserva a memória cultural da Ilha.

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5), (6)
Imagens: Adobe Stock, Flickr, Jeju Tourism Organization
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  • Raquel Athaide

    Sou jornalista apaixonada por escrever sobre gastronomia, turismo, música e cultura.

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