Eventos especiais, fanbases fortes, versões de músicas lançadas especialmente para o público chinês, a presença de integrantes chineses em grupos de K-pop… A China, um dos maiores mercados musicais da Ásia, também se destacou como um dos principais consumidores de K-pop e K-dramas ao longo dos anos.
Entretanto, há quase uma década, o país não recebe mais eventos ou até mesmo dramas sul-coreanos, vivendo uma espécie de banimento cultural. Este cenário, contudo, pode mudar nos próximos anos.
Como começou o banimento cultural?
Ainda que, até hoje, não seja reconhecido de forma oficial, acredita-se que o banimento cultural sul-coreano na China ocorre desde 2016 — ano em que o governo da Coreia do Sul permitiu que o exército dos Estados Unidos utilizasse o THAAD.
Sigla para Terminal High Altitude Area Defence, trata-se de um poderoso sistema de radares e interceptores antimísseis. É o único capaz de combater e destruir mísseis de curto e médio alcance, dentro ou fora da atmosfera, na última fase da descida, ou seja, ao se aproximar do alvo.
Para a Coreia do Sul, isto teria sido visto como uma tentativa de restringir o poder chinês na região. Como retaliação, o governo chinês proibiu que grupos artísticos se apresentassem na Coreia do Sul, enquanto grupos sul-coreanos também foram barrados de se apresentar na China. Além disso, o consumo de carros, cosméticos e outros produtos sul-coreanos também diminuiu no país. Desde então, estima-se que o banimento tenha gerado perdas de quase US$ 16 milhões aos cofres sul-coreanos.
O que mudou?
De lá para cá, o cenário político e econômico mundial mudou. Os Estados Unidos, por exemplo, vêm impondo políticas tarifárias duras e, muitas vezes, imprevisíveis aos produtos chineses e de diversos outros parceiros comerciais. Portanto, o retorno dos eventos e produtos seria uma forma da China reforçar relações com seus parceiros regionais. Além disso, estimular a volta desses eventos é também uma maneira de aumentar o consumo dentro do próprio país. Afinal, o incentivo a eventos culturais — incluindo apresentações de artistas estrangeiros — movimenta os setores de turismo, hospitalidade e o comércio local.
Por enquanto, já temos eventos individuais de grupos anunciados no país e até mesmo uma edição do Dream Concert, o evento de K-pop mais antigo da Coreia, programado para o dia 26 de setembro de 2025 em um estádio em Hainan, com capacidade para 40 mil pessoas. São sinais de que as relações entre Coreia do Sul e China estão se transformando.
Imagem: alexis84 via iStock
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