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História K-drama

Conheça “Joia no Palácio”, K-drama sobre a primeira médica da Dinastia Joseon

Supostamente, Jang Geum foi a primeira mulher médica na história coreana. Ela foi mencionada pelo menos dez vezes nos Anais da Dinastia Joseon, que conta que o rei Jungjong ficou satisfeito com o seu conhecimento médico e confiou nela para cuidar da família real. Seu ano de nascimento e morte são desconhecidos e, embora haja pouca informação sobre ela, é considerada uma pessoa muito importante na história coreana.

De acordo com os Anais da Dinastia Joseon, Jang Geum trabalhava na cozinha real em frente ao Jagyeonggeon de Gyeongbokgung. A cozinha não existe mais, mas os documentos afirmam que era ali que ela preparava refeições para o rei e a rainha. Na medicina tradicional coreana, a alimentação é uma parte principal do tratamento e isto explica porque as refeições foram tão importantes no tratamento do rei Jungjong. Os pratos de Janggeum foram transmitidos de geração em geração como “culinária da corte real”. Como as refeições reais eram preparadas com os melhores ingredientes de toda a Coreia, elas representavam os alimentos mais finos e raros e eram caracterizadas por uma apresentação elaborada.


Joia no Palácio (Dae Jang Geum)

Estrelado por Lee Young Ae, Ji Jin Hee, Hong Ri Na e Im Ho, dirigido por Lee Byung Hoon (The Flower in Prisoni) e escrito por Kim Young Hyun (Arthdal ​​Chronicles, Six Flying Dragons e Queen Seon Deok), Joia no Palácio (Dae Jang Geum) foi ao ar na MBC entre 15 de setembro de 2003 e 23 de março de 2004 (atualmente está disponível no Brasil na plataforma de streaming Viki) e conta a história de Jang Geum em 54 episódios.

Ambientada durante a época da Dinastia Joseon, há cerca de 500 anos, quando a Coreia ostentava uma estrutura social rígida, hierárquica e dominada por homens, Joia no Palácio é baseado na história verdadeira sobre a lendária Jang Geum, que se tornou a primeira médica real suprema de seus tempos.

Apesar de sua condição precária como uma mulher de baixa classe numa sociedade machista, ela superou uma série de discriminações sociais e chegou a ser cozinheira real, foi expulsa do palácio, mas mais tarde se tornou uma médica real e, posteriormente, a médica responsável pelo rei. Ela até mesmo recebeu do rei o título de “A Grande Jang Geum”.

O K-drama aborda a história de sua vida complicada, mostrando seus sucessos e fracassos, e também sua história de amor. E, ao contrário dos dramas históricos tradicionais que se concentram nas lutas de poder entre o rei, a rainha, as concubinas e os nobres, a trama se concentrou em revelar as várias angústias e conflitos dos plebeus, incluindo cozinheiros, empregadas, criados, guardas, jardineiros e médicos, juntamente com a história do palácio.

Durante sua exibição, o drama obteve a maior audiência, 57,8%, na Coreia do Sul e, além de ser popular localmente, era adorado no exterior e também liderou a febre da Hallyu.

No começo de 2025, foi noticiado que um novo drama sobre Jang Geum, The Righteous Woman, Dae Jang Geum, começará a ser filmado em outubro e contará com a participação de Lee Young Ae, que deu vida ao personagem de Jang Geum em Joia no Palácio.


Jang Geum na historiografia coreana

As menções à Jang Geum nos registros se iniciam em março de 1515, no décimo ano do reinado do Rei Jungjong. Ela é mencionada como uma uinyeo, uma médica mulher especializada no tratamento de mulheres durante a dinastia Joseon. Elas eram geralmente da classe dos plebeus e, por um tempo, especialmente durante o reinado de Yeonsangun, eram convidadas para festas reais e basicamente agiam como kisaeng (mulheres que faziam entretenimento). Isso mudou no início do reinado de Jungjong. Na época, havia tabus sociais contra médicos homens administrarem tratamento a mulheres. 

Em 4 de abril de 1515, alguns oficiais de menor escalão da corte peticionaram ao rei para punir as médicas que cuidaram da recentemente falecida Rainha Janggyeong, que morreu ao dar à luz o futuro Rei Injong. Jang Geum é mencionada nesta passagem. No dia seguinte, é documentado que o Rei Jungjong deu crédito a Jang Geum por salvar a vida de Injong. O rei reconheceu que os oficiais da corte queriam que ele a punisse porque a rainha morreu, mas se recusou a punir e também recompensá-la. 

Em setembro de 1522, no décimo sétimo ano do Rei Jungjong, a Rainha Mãe, Jeonghyeon, estava sofrendo de um resfriado forte e paralisia. Ela foi tratada pelos médicos reais, Ha Jong-hae e Kim Soon-mong, e pelas damas da corte real, Shin-bi e Jang Geum. A rainha se recuperou completamente e o Rei Jungjong ficou satisfeito, recompensando as duas com 10 sacas de arroz e 10 sacas de feijão. 

Em janeiro de 1525, Dae Jang Geum é mencionada pela primeira vez com “Dae” (que significa grande) na frente do seu nome. Aqui é onde alguns historiadores coreanos se perguntam se a Jang Geum mencionada aqui é a mesma das menções anteriores nas crônicas. 

Em todo caso, ela foi autorizada a cuidar do rei, e fez um trabalho tão bom que foi vista como mais habilidosa do que outras uinyeo.

Em março de 1533, está escrito que o rei estava doente, sofrendo de abscesso supurado por muitos meses e havia se recuperado em grande parte de sua doença. Os médicos reais e alguns altos funcionários foram elogiados e recompensados — e entre eles estava Dae Jang Geum, que recebeu 15 sacas de arroz e feijão, além de 10 peças de trajes reais e cerimoniais. 

Em fevereiro de 1544, no trigésimo nono ano do Rei Jungjong, está escrito que o rei já estava sofrendo de um resfriado, mas piorou depois de participar de um seminário. O seminário em questão era o Gyeongyeon, no qual os funcionários discutiam história e filosofia confuciana com o rei. O rei instruiu seus médicos reais, assim como Dae Jang Geum, a encontrar uma prescrição para sua doença. Poucos dias depois, o rei se recuperou e recompensou os médicos reais e sua equipe. Está documentado que Dae Jang Geum recebeu cinco sacas de arroz e feijão, o que é mais do que alguns outros oficiais receberam. Este é o último momento em que “Dae” foi usado ao falar sobre Jang Geum

Ainda em 1544, em 9 de novembro há um registro de uma conversa entre altos funcionários e Jang Geum sobre a saúde do rei — ela mencionou que ele adormeceu lendo os Três Clássicos e novamente enquanto lia os Cinco Clássicos. Isso é interessante porque sugere que ela pode ter estado com o rei em seus aposentos. O Rei Jungjong estava novamente doente e constipado.

No dia seguinte, 10 de novembro, o Rei Jungjong comentou que ainda estava constipado e que Jang Geum conhecia todos os seus sintomas, o que significa que ela seria a pessoa com quem os médicos deveriam discutir qual prescrição oferecer a seguir. Dias depois, em 13 de novembro, está escrito que o rei se recuperou e que deu folga a todos os oficiais médicos que o ajudaram. Jungjong mencionou que Jang Geum o visitou pela manhã e que lhe disse que não estava mais constipado e que sentia um alívio tremendo. Os registros também mencionam uma bebida especial prescrita por Jang Geum que deveria ser consumida se o rei estivesse com sede. Esta foi a última vez que ela foi mencionada nos registros da Dinastia Joseon. Além disso, como podemos ver, quase todo evento na vida de um rei, banal ou não, foi documentado, até mesmo seus movimentos intestinais. 

Sabendo de todas essas menções históricas, é importante destacar que o Rei Jungjong tinha consideração por Jang Geum. É incomum nos registros da Dinastia Joseon encontrar qualquer menção a uma médica mulher — e é ainda mais atípico se for uma médica que cuidava de um rei. Jungjong pode ter encontrado em Jang Geum alguém que não estava jogando o jogo político e realmente ouvia e cuidava dele. 

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7)

Imagem: MBC
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  • Beulla Silva

    Mineira, jornalista, Libriana no mundo da Lua que é viciada em GOT7, Monsta X, Astro, Itzy, gatos, K-Drama, café, literatura e culinária coreana!!

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