A Coreia é independente do Japão há 80 anos, período que teve início em 1910, com a anexação de da Coreia pelo Japão, e é marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e a rendição japonesa, em 15 de agosto de 1945.
A data é celebrada como o “dia da libertação”, sendo considerado um símbolo da reconquista da soberania e identidade nacional. E, como forma de mostrar tanto o domínio do Japão sobre o país quanto o processo de independência, muitos filmes coreanos abordam esse período histórico em suas narrativas.
Essas produções retratam a resistência e a luta pela independência, alguns mais focados diretamente na luta contra a ocupação japonesa, outros apresentando o impacto da colonização no cotidiano e na cultura, como o cinema e o rádio. Se achou interessante a abordagem desses filmes, confira a lista que a KoreaIN preparou.
Spring on the Korean Peninsula (1941)
Spring on the Korean Peninsula é um drama romântico sobre o cinema em tempos de ocupação (período de domínio do Japão sobre a Coreia), e acompanha a produção de uma adaptação de “Chunhyangjeon” (um dos mais famosos contos folclóricos de amor da Coreia).
O longa mostra dificuldades financeiras, disputas no set e dilemas morais diante da influência japonesa e levanta questões sutis sobre colaboração, ambiguidade e identidade nacional. Além de estar ambientado em plena ocupação, também se destaca por derrubar os oficiais com uma trama que reflexiona sobre integridade e renovação simbólica, utilizando elementos como a primavera, que representa a renovação moral e nacional.
O filme marca a estreia do diretor Lee Byeong-il nos cinemas, apresentando um raro exemplar remanescente do cinema colonial coreano, agora restaurado e preservado.
Viva Freedom! (Jayu Manse, 1946)
Viva Freedom! foi um dos primeiros filmes produzidos após a independência coreana e oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Registrado da Coreia em 2007.
O longa, dirigido por Choi In-kyu, mostra a fuga de um ativista da prisão e retrata sua participação na luta final contra a opressão japonesa, culminando na libertação da Coreia após os bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki.
Narrando a jornada de Choi Han-jung, que consegue escapar da prisão após ser preso por realizar atividades de resistência, o filme conta como o protagonista se esconde com aliados e tenta estimular uma insurreição armada contra a polícia militar japonesa. No meio do conflito, recebe ajuda de Mi-hyang, amante de um oficial colaboracionista, e da enfermeira Hye-ja, que o auxilia durante sua recuperação no hospital.
Radio Dayz (2008)
Com uma comédia romântica ambientada nos anos 1930, durante o domínio japonês na Coreia, Radio Dayz mostra os bastidores da primeira estação de rádio coreana (a JODK), usada para transmitir propaganda japonesa. O filme conta a história de Lloyd Park, um jovem produtor, que é contratado para produzir a primeira novela radiofônica do país, “The Flames of Love”, que exalta o império japonês, mesmo estando amplamente desinteressado. É quando entra K, um ativista que enxerga na novela uma forma de espalhar a resistência, ainda que suas ações sejam tão desajeitadas quanto bem-intencionadas.
O longa explora com ironia e leveza a colaboração forçada ou conveniente com autoridades coloniais, um tipo de resistência sutil através da linguagem e da comédia.
MAL-MO-E: The Secret Mission (2019)
MAL-MO-E: The Secret Mission, lançado em 2019 e dirigido por Eom Yu-na, é uma comédia dramática histórica sobre preservação linguística. O filme venceu o Prêmio do Público no Festival do Filme Coreano em Paris no mesmo ano do lançamento.
O longa, situado na Coreia dos anos 1940, relata a missão secreta de preservar a língua coreana, que era proibida na educação formal, por meio da criação de um dicionário. Então, Kim Pan-su, um criminoso analfabeto, cruza o caminho de Ryu Jeong-hwan, membro de uma sociedade dedicada a esse projeto. Apesar da desconfiança inicial, Pan-su se junta ao grupo, aprende a ler e escrever e passa a entender que as palavras são símbolos de identidade nacional e esperança de independência.
Harbin (2024)
Harbin é um thriller histórico de espionagem. Baseado em eventos reais de 1909, o longa refaz um dos momentos mais decisivos da resistência coreana, o assassinato de Itō Hirobumi, primeiro-ministro japonês e residente-geral da Coreia, cometido por Ahn Jung-geun em Harbin, na China. A narrativa acompanha um grupo de lutadores pela independência em uma missão arriscada para libertar a Coreia do domínio japonês e mostra certa tensão, carregada de dilemas morais, com traições e espionagem.
O filme foi gravado em três países, Coreia do Sul, Letônia e Mongólia em condições severas com temperaturas chegando a 40 °C. Mas o esforço compensou, pois a trama estreou no Festival de Toronto e superou 3 milhões de espectadores em 9 dias, com ótima bilheteria.
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Imagens: Lotte Cultureworks, CJ Entertainment, Sidus Pictures, Dongshin film Co.
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