Parece que foi ontem, mas já faz 10 anos desde que o quarteto de vozeirões do MAMAMOO debutou na Coreia do Sul. Ao contrário de muitos grupos de empresas pequenas, o MAMAMOO não chegou tímido, e fez cada vez mais barulho até se estabelecer como um dos grupos mais icônicos do cenário musical.
Neste aniversário que é um verdadeiro marco que poucos conseguem alcançar, vamos dar uma volta no tempo, lembrando um pouco dos dez anos de carreira do MAMAMOO.
A formação do grupo fora dos padrões
Antes do MAMAMOO ser o MAMAMOO, Solar, Moonbyul, Wheein e Hwasa tiveram diferentes trajetórias. Solar fez mais de 50 audições sem sucesso, mas no fim foi descoberta depois de participar de um evento em que ela cantou para ganhar um brinde. Moonbyul fez audição como vocalista, mas acabou mudando para rapper por sugestão da Solar, e desde então sempre fez seus raps nas músicas. Wheein foi trainee da MBK Entertainment antes de mudar para a RBW. E Hwasa costumava gravar os vocais de guia para as músicas do 4Minute. Wheein e Hwasa também já eram amigas desde o ensino médio e Moonbyul e Wheein quase debutaram juntas em outra agência. O resultado é um quarteto cheio de personalidades que se deram muito bem juntas.
A Rainbow Bridge World (RBW), na época chamada de WA Entertainment, reuniu as quatro como o primeiro grupo feminino da empresa, com o intuito de fazer um grupo com um som que pudesse ser familiar a pessoas de todos os tipos, como a primeira palavra de um bebê. Por isso o nome do grupo MAMAMOO e a famosa introdução da música de debut “Mama, Mama, Moo”. Apesar disso, a música do grupo nunca teve nada de infantil e foi capaz de impressionar a todos com a maturidade desde o debut.
O debut com celebração do passado
Antes do debut, no início de 2014, o MAMAMOO mostrou o poder dos vocais com músicas em colaboração com vários artistas, como Bumkey, K.Will, Wheesung, e o duo Geeks. E então, em 18 de junho de 2014, lançaram o primeiro mini álbum, Hello, com a música de debut “Mr. Ambiguous”. A música tinha um estilo mais vintage, que marcou o debut do grupo tanto no som quanto no visual. Parte do MV é em preto e branco e tem cenas que lembram programas de TV musicais da metade do século passado.
O MV teve participação de pessoas famosas, incluindo os artistas que colaboraram com elas nos singles pré-debut. No meio do clipe ainda tem uma pegadinha do grupo com Baek Ji Young, cantora famosa que atua como produtora na história do MV, criticando elas por não cantarem ao vivo, que pegou o grupo de surpresa e rendeu uma cena autêntica no vídeo. O debut chegou a alguns fãs da música coreana, surpresos com as harmonias do grupo logo de cara.
Em 21 de novembro do mesmo ano, elas voltaram para o primeiro comeback, com o mini álbum Piano Man. O estilo foi similar ao debut, retrô e com ritmo de jazz e o MV tinha um ar de filme antigo com cenários elegantes, também com uma participação especial de Gongchan (B1A4). No final daquele ano, o MAMAMOO ficou entre os 10 girlgroups com mais vendas digitais, e ganhou o prêmio de melhor novo artista na Gaon Chart Music Awards e no Seoul Success Awards, começando a mostrar seu sucesso.
A virada de estilo e de sucesso
O começo de 2015 veio com a primeira participação delas no Immortal Songs 2, programa que deu muita visibilidade ao grupo por causa das habilidades vocais e de transformar músicas icônicas em novas — no caso, a música escolhida foi “Wait a Minute” de Joo Hyun Mi. O primeiro semestre daquele ano também teve um single em colaboração com a cantora eSNa chamado “Aah Oop!” — eSNa é uma cantora-compositora da mesma agência e que ajudou a compor as músicas dos dois primeiros álbuns do MAMAMOO, além de “Aah Oop!”.
A música cheia de poder feminino e muita diversão precedeu o lançamento no novo EP na data do primeiro aniversário: “Um Oh Ah Yeh”. A faixa bem alegre (e com muito mais cor) chamou ainda mais atenção pelo seu MV. Uma história hilária com 3 integrantes passando por transformações visuais, duas delas atuando como homens, com direito a um quase triângulo amoroso com Solar indo atrás de Moonbyul enquanto o personagem da Hwasa tenta conquistar a Solar. Nas performances musicais, sempre cantando ao vivo, elas faziam gracinhas em determinadas partes da música tornando cada apresentação única, uma tradição que repetiram em outras músicas depois. A música foi o primeiro grande sucesso comercial delas, com um top 3 na Gaon, e deu indícios de um futuro (próximo) ainda mais brilhante. Foi nessa mesma época que o fandom, MooMoo, ganhou a lightstick oficial em forma de rabanete por ser outro significado para “Moo” em coreano,
No mesmo ano elas fizeram o primeiro fanmeeting, esgotado em 1 minuto, e também mais duas participações no Immortal Songs 2, inclusive a primeira vitória lá. No começo do ano seguinte, o primeiro show solo delas na Coreia esgotou os 7000 ingressos em menos de 1 minuto. E eis que em 26 de fevereiro de 2016, após alguns pré-lançamentos, elas lançam o primeiro álbum completo, Melting, com a faixa-título: “You’re the Best”. Foi com essa música que o grupo ganhou não apenas a primeira vitória em um programa musical, como várias outras — foram 8 ao todo, de Inkigayo ao Music Bank. Foram também dezenas de indicações em premiações de final de ano e algumas vitórias de melhor música.
Sub-units, outros estilos e mensagens de amor-próprio
Com o sucesso já abrindo as portas, o grupo diversificou com músicas de vários estilos, sem perder a identidade. Em agosto de 2016, lançaram as primeiras músicas de sub-units: “Angel”, das vocalistas Solar e WheeIn, e “Dab Dab”, das rappers Moonbyul e Hwasa. Logo em seguida, o álbum Memory veio com as canções “New York”, uma música alegre e leve como os fãs já conheciam bem, e então, quebrando as expectativas, “Décalcomanie”, faixa-título do comeback. “Décalcomanie” é uma música mais melodramática e até sensual na letra e na melodia. O MV tem cores mais escuras e lembra um filme clássico romântico, um pouco da cinematografia inspirada do debut, mas com ares bem mais maduros.
Como um grupo, o MAMAMOO sempre advocou por mensagens de amor-próprio, especialmente por serem um grupo fora do padrão da indústria coreana. As quatro são relativamente baixas, e brincaram com isso na música “Taller Than You (1cm)”. Solar debutou “velha” para os padrões, com 24 anos e o grupo, especialmente Hwasa, era chamada de “a cima do peso” até durante audições passadas.
Muitos diziam que elas não teriam sucesso por não corresponderem ao padrão de beleza sul-coreano. Além de falarem publicamente sobre gostarem de si mesmas como são, elas lançaram uma música cheia de confiança, “Yes I Am”, do EP Purple. A mensagem chegou com clareza ao público e elas bateram o recorde de maior número de ouvintes únicos em 24h no Melon para um girlgroup na época, sem contar com as, agora comuns para elas, vitórias nos programas musicais.
Quatro estações, quatro cores e sucesso nos quatro cantos do mundo
O ano de 2018 marcou o início de uma nova era com o projeto “Quatro estações, quatro cores”, com um álbum focado em uma estação do ano e em uma das integrantes, com direito a um solo no álbum, e seguindo seu seus estilos e suas cores correspondentes, desejando mostrar um lado mais pessoal e maduro.
Após uma “prévia” com “Paint Me”, uma música lenta e melancólica com MV ressaltando as cores de cada uma, o projeto começou com Yellow Flower, focado na Hwasa e na primavera com a música “Starry Night”. A música é alegre, mas calma, e a coreografia inclui linguagem de sinais na dança do refrão. Depois veio Red Moon, da Moonbyul, com a música “Egotistic”, com ritmo latino e cheio de calor do verão.
Um tempo depois elas lançaram o álbum Blue;S, da Solar, com a música de outono “Wind Flower”. O tema volta à natureza com uma música tranquila e muito gostosinha de ouvir. E para fechar com chave de ouro, o álbum White Wind representa o inverno e a WheeIn, com a música principal sendo “gogobebe”, uma faixa bem animada e colorida.
Esse período também foi a era de conquista do mundo. Em 2018 lançaram o primeiro álbum japonês, com a versão de “Décalcomanie” no idioma local e a música original “You Don’t Know Me”. E em outubro do mesmo ano cruzaram oceanos e fizeram o primeiro (e até então único) show do grupo no Brasil.
A coroação no Queendom e os projetos individuais
Em 2019, o MAMAMOO participou da primeira temporada do Queendom, um reality competitivo que colocou artistas femininas de todos os tipos, de rookies a veteranas, para disputar com covers umas das outras, versões novas de hits antigos e canções inéditas. Ao final do programa, o MAMAMOO foi consagrado vencedor e explodiu ainda mais em sucesso com o comeback seguinte, “Hip”, do álbum Reality in Black. A música fala sobre trazerem e serem tendências, o que era uma grande realidade com a fama que o grupo passou a ter, agora mais do que nunca. Até hoje, o MV para a música tem mais de 400 milhões de visualizações.
Ao mesmo tempo, as integrantes ganharam reconhecimento individual com as atividades solo. Primeiro, em 2019, a maknae Hwasa debutou solo oficialmente com “Twit”, um hit estrondoso que rendeu a ela vários prêmios, inclusive de artista do ano. Ela também ganhou fama na TV ao entrar para o elenco fixo do programa I Live Alone. Em seguida, Moonbyul lançou seu solo, Dark Side of the Moon, com a música “Eclipse”. A música mostra de fato um novo lado da cantora, mais obscuro e inspirado pelo rock, entrando no top 5 de álbuns solos femininos mais vendidos. Ela ainda lançou um repackage meses depois e teve seu primeiro show solo transmitido on-line em maio de 2020, que fez tanto sucesso que rendeu mais de 1,5 milhão de reais só em vendas on-line.
O debut solo da Solar foi o single álbum “Spit it Out”, uma música cheia de rebeldia e atitude, focando no carisma tanto quanto no canto da vocalista. Ela também entrou no elenco fixo de alguns programas de variedade e como jurada de competição, que renderam a ela prêmios de entretenimento. Wheein já tinha lançado uma música digital solo em 2018 e outro single em 2019, mas seu debut solo oficial foi em 2021, com o EP Redd e a música “Water Color”. Ela lançou a música primeiro em coreano, mas também fez uma versão totalmente em inglês. Com isso, o MAMAMOO virou apenas o segundo grupo coreano, após o 2NE1, em que todos as integrantes têm uma música solo no ranking de músicas digitais da Billboard.
Os desafios da carreira mesmo no sucesso
O MAMAMOO estava em um dos maiores ápices da carreira pouco antes do início da pandemia de COVID-19 e, como muitos artistas, precisou enfrentar novos desafios. Além de todos os cuidados, os shows esgotados em arenas foram substituídos por apresentações on-line. Elas lançaram mais uma música de amor-próprio, “Wanna Be Myself”, em setembro de 2020, trazendo um pouco mais de simplicidade, mas muita qualidade como sempre.
No mês seguinte, com o comeback oficial, vieram duas músicas diferentes, mas bem complementares. A primeira foi “Dingga”, uma música animada justamente sobre o isolamento social na pandemia e a vontade de festejar quando voltasse a ser possível. Por outro lado, a faixa principal “Aya” tem inspirações mais globais e um som mais sensual e provocante para conquistar qualquer ouvinte, quase um “filho” de “Egotistic” com “Hip”.
O MAMAMOO do presente e do futuro
Nos últimos anos, o grupo passou por mudanças no seu funcionamento, como é normal em qualquer grupo de longa data. As integrantes ficaram mais focadas em suas atividades solo, em alguns casos com outras agências, mas sem deixar o MAMAMOO de lado. Em meio a vários boatos em relação aos contratos e a famosa maldição dos 7 anos de disband de grupos, elas mostraram que ainda estavam presentes com a música “Where Are We Now”, do mini álbum WAW, que ficou em primeiro lugar no iTunes de 21 países no lançamento.
O grupo ainda lançou um álbum reunindo todos os hits em um lugar só, com I Say Mamamoo: The Best, e uma música nova, “Mumumumuch”, que conta todo o amor do grupo por alguém, quase uma carta de amor para os fãs. Em 2022, lançaram mais uma música nova, “Illella”, uma música animada que pega ritmos latinos e o poder do hip hop. A faixa do mini álbum Mic On é o comeback mais recente do grupo, mas não quer dizer que elas estejam paradas.
O MAMAMOO também explorou novas possibilidades com uma nova sub-unit, o MAMAMOO+, formado por Solar e Moonbyul. O debut do duo foi em 2022 com a música “Better”, mas desde então elas já lançaram diversos outros comebacks, como “GGBB”, “LLL” e, mais recentemente, “Chico Malo”. Sem contar que as quatro estão brilhando como podem.
Solar se aventurou no mundo da atuação em musicais, estreando em Mata Hari em 2022, e aumentou sua presença na TV com OSTs e como jurada de competições musicais, além de se manter lançando novas músicas como “Honey” e “Colors”, elogiada por ser inteiramente coreografada com Vogue. Ela ainda vai fazer uma turnê mundial solo.
Wheein lançou novos solos, como o mini álbum Whee e a música “Make Me Happy”, e também é outra integrante que começou a sua primeira turnê mundial solo.
Moonbyul lançou um talkshow próprio, Studio Moon Night, estreando a carreira de apresentadora, participou e ganhou a competição de canto The Second World, teve seus comebacks “Lunatic”, “C.I.T.T”, “Touchin&Movin” e “Think About”, e continua marcando seu nome como a artista coreana mais creditada em músicas, com mais de 100 faixas.
Hwasa esteve em projetos como o Refund Sisters, com Uhm Junghwa, Lee Hyori e Jessi, fez colaborações com Loco, PSY e Epik High, lançou mais hits como “María”, “I’m a B” e “I Love My Body”, e continua presente em programas de variedades.
Nesses 10 anos do MAMAMOO e além, uma coisa é certa: não vamos parar de ver essas mulheres poderosas por aí tão cedo.
Por Paula Bastos Araripe
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Imagens: RBW
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