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Esporte

Por que a Coreia do Sul domina o tiro com arco?

Nestes Jogos Olímpicos, Paris teve a chance de ver o espetáculo que a Coreia do Sul nos traz a cada 4 anos quando se trata do tiro com arco.

Além da equipe mista, o time masculino, composto por Kim Woojin, Kim Jedeok e Lee Wooseok, e a equipe feminina, formada por Lim Sihyeon, Nam Suhyeon e Jeon Hunyoung, conseguiram medalhas de ouro nas disputas em grupo. Enquanto esta foi a terceira medalha conquistada pelos homens, o time feminino seguiu invicto na prova desde que as disputas em grupos foram implementadas nas Olimpíadas de Seul, em 1988

Segundo a ESPN, a arqueira Lim Sihyeon reconheceu que a Coreia estava enfrentando uma competição mais forte neste ano, mas continuaria a defender sua posição: “Mesmo que outros países tenham progredido, tentaremos manter nosso lugar”, disse ela. Apesar de não serem invictos, a equipe masculina também demonstrou um excelente desempenho com o passar das Olimpíadas, ganhando 7 de 10 competições. 

As explicações de como os sul-coreanos conseguem ser tão bons na arquearia podem vir da história, da biologia ou da competitividade tão acirrada — dizem que é mais difícil vencer os próprios coreanos do que as outras seleções. 

Durante os Jogos Olímpicos de 2012, a agência britânica Reuters trouxe diversas teorias sobre o talento coreano no arco e flecha. Uma delas relata que a habilidade vem do uso constante dos “pauzinhos”, conhecido na Coreia como jeotgarak. Aparentemente, esse hábito deixaria os dedos treinados e mais ágeis, mas é facilmente desmentido pelo fato de vários países usarem o utensílio e não chegarem perto da quantidade de vitórias da Coreia do Sul. Mas se não é daí, de onde vem tamanha habilidade? 

Especialistas dizem que essa aptidão vem da junção de fundamentos, anos de prática e a competitividade extrema. Segundo o World Achery, a federação internacional de tiro com arco, clubes ligados à escola primária são os responsáveis por apresentar o esporte, disponibilizar equipamentos e dar aulas para as crianças interessadas. Por toda a Coreia do Sul há cerca de 100 clubes de arquearia, onde por volta de 900 crianças praticam o esporte.

Desses 900, uma margem de 60% continua no clube do ensino médio e, na fase da universidade, o clube fica com uma média de 150 arqueiros. Os times universitários competem com equipes associadas a equipes profissionais. “Apenas uma diferença muito tênue separa a maioria dos atletas [de arco e flecha] na Coreia do Sul, que passam por um processo de seleção justo. Passamos por um processo de seleção multinível internamente e vencemos grandes concorrentes para nos tornarmos membros da equipe nacional e competir nas Olimpíadas. Acho que é por isso que a Coreia é tão boa”, disse a atleta Kang Chaeyoung nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021.

A Korea Archery Association (KAA), patrocinada pela Hyundai Motor Group, é uma assembleia atlética modelo na Coreia do Sul. Um plano de longo prazo foi anunciado pela KAA, em 2013, para incluir jovens atletas com grande potencial na equipe nacional. Neste mesmo ano, 10 arqueiros adolescentes foram selecionados para receber equipamentos e também praticar com os profissionais. 

Se podemos dizer uma diferença entre o sistema esportivo coreano e o europeu é que, segundo o World Archery, os coreanos escolhem um esporte e focam unicamente nele, treinando de segunda a sexta, por três a quatro horas por dia depois da escola. Já na Europa, os clubes extracurriculares são mais diversificados, e os jovens acabam experimentando muitos esportes ao invés de focarem em um só.

Algo que conseguimos perceber é que não tem fórmula mágica, mas talvez um pouquinho de sorte? Os arqueiros coreanos têm um ritmo insano de treino e foco para manter o nível, o que faz as vitórias muito merecidas. Porém, é inevitável pensar que eles têm um pouco de sorte por ter um sistema atlético que permite que progridam na arquearia. 

Fonte: (1), (2), (3), (4), (5), (6)

Imagens: World Archery – reprodução

Não retirar sem os devidos créditos.

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  • Gabriela Oliveira

    Jornalista de 25 anos com um pé na hallyu e o outro na escuridão.

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