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Cotidiano

Suicídio é a principal causa de morte entre sul-coreanos com 40 anos

Em 2024, pela primeira vez na Coreia do Sul, o suicídio foi a principal causa de morte entre pessoas na faixa dos 40 anos — especialmente homens, que apresentam mais que o dobro das taxas de suicídio das mulheres.

Segundo o Ministério de Dados e Estatísticas, de todas as mortes nessa faixa demográfica, o suicídio representou 26%, com 2.817 casos — o equivalente a 36,2 pessoas por 100.000 pessoas. O câncer ficou em segundo lugar, com 24,5% e 2.659 mortes, enquanto a doença hepática foi a terceira causa mais comum de óbito, com 946 mortes, representando 8,7%. Doenças cardíacas e cardiovasculares ficaram em quarto e quinto lugar, respectivamente.

Até 2023, o suicídio era a segunda principal causa de morte nessa faixa etária. Essa inversão parece indicar que os esforços da sociedade para a prevenção do suicídio são insuficientes nesse grupo etário.

O suicídio continua sendo a principal causa de morte entre pessoas de 10 a 39 anos — e agora também entre pessoas na faixa dos 40 anos. Apesar das alegações de esforços “abrangentes” para reduzir as altíssimas taxas de suicídio entre os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a crise persiste.

Especialistas dizem que as pessoas na faixa dos 40 anos, como principais provedoras de suas famílias, se veem como a geração “sanduíche”, arcando com um fardo financeiro “duplo” de sustentar pais economicamente inativos e criar filhos. Isso gera angústia e insegurança, pois observam a aposentadoria involuntária dos que estão na faixa dos 50 anos, e reflete no número relativamente grande de trabalhadores autônomos na faixa dos 40 e 50 anos.

O Ministério de Dados e Estatísticas também informou que a renda mensal média dos chefes de família autônomos na faixa dos 40 anos foi de 1,07 milhão de wons (R$3.754,27) no terceiro trimestre de 2024, uma queda de 13,1% em relação ao mesmo período de 2023. Essa foi a maior queda desde o início da coleta de dados, em 2006.

De acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pela Findjob, uma plataforma de busca de empregos, a insegurança no emprego foi considerada mais grave entre os funcionários na faixa dos 40 anos, com 89,3% dos entrevistados nessa faixa etária relatando ansiedade em relação aos seus empregos, número ligeiramente superior aos 88,3% entre os entrevistados com 50 anos ou mais.

Alguns especialistas afirmaram que as dificuldades econômicas implacáveis ​​desde a juventude até a idade adulta podem ter contribuído para o aumento das taxas de suicídio na faixa dos 40 anos.

Ao entrarem na meia-idade, por volta dos 40 anos, a pressão financeira não resolvida é ainda mais agravada pelo fardo de sustentar as famílias e pagar os empréstimos imobiliários. O preconceito etário no ambiente de trabalho, aliado ao sistema de salários máximos e às demissões precoces, também mina a autoeficácia. Quando esses elementos se sobrepõem em um mercado de trabalho acelerado, criam um ciclo de esgotamento e depressão que pode levar a pensamentos suicidas.

Embora a pressão econômica afete ambos os sexos, ela pode ser especialmente devastadora para os homens. As estatísticas sobre suicídio comprovam isso. De acordo com o Ministério de Dados e Estatísticas, 51,1 em cada 100.000 homens na faixa dos 40 anos morreram por suicídio no ano passado. O número para mulheres nessa faixa etária foi de 20,9 por 100.000 — menos da metade da taxa de seus pares masculinos.

Especialistas argumentam que “restaurar a resiliência social e estrutural” é crucial, observando que as escolhas e os casos dessas pessoas não devem ser tratados como “questões individuais”. Além disso, os serviços de saúde mental deveriam ser mais acessíveis nos fins de semana e à noite, visto que as pessoas na faixa dos 40 anos geralmente estão em seus escritórios ou locais de trabalho durante a semana.

Além de tornar os serviços de saúde mental mais acessíveis, o estigma social que desencoraja as pessoas a procurarem ajuda profissional e médica deve ser erradicado.

De acordo com uma pesquisa de 2024 realizada pelo Centro Nacional de Saúde Mental, 221 homens na faixa dos 40 anos relataram ter recebido terapia ou aconselhamento psicológico para manter seu bem-estar mental. Essa faixa etária apresentou o segundo menor índice de aceitação de aconselhamento entre todos os grupos etários. Já entre os homens na faixa dos 20 anos, o índice foi bem maior: 21% dos 195 entrevistados afirmaram ter buscado ajuda profissional.

A pesquisa de 2024 mostrou que as mulheres na faixa dos 40 anos são comparativamente mais abertas a buscar ajuda profissional, com 9,8% das 235 entrevistadas respondendo que já o fizeram.

No ano passado, a taxa de suicídio na Coreia do Sul — 29,1 mortes por 100 mil habitantes — atingiu o nível mais alto em 13 anos. Após uma leve queda para 25,2 mortes por 100 mil habitantes em 2022, o índice voltou a subir por dois anos consecutivos.

O número da Coreia do Sul é maior do que o de outros países da OCDE, cuja média no ano passado foi de 10,7 mortes por 100 mil habitantes.

A alta taxa de suicídio na Coreia do Sul gerou alarme após disparar de 13,2 mortes por 100.000 habitantes em 1997 para 18,6 em 1998 — consequência da crise financeira de 1997. Em 2003, a taxa chegou a 22,7, e o país mantém desde então a maior taxa da OCDE.

Especialistas apontam que as duas crises crônicas da Coreia — baixas taxas de natalidade e altas taxas de suicídio — derivam da mesma base: a satisfação com a vida e que é preciso convencer os sul-coreanos de que a vida vale a pena ser vivida. E isso não pode ser resolvido apenas com políticas ou incentivos, é preciso entender como os sul-coreanos se percebem e ajudá-los a valorizar suas próprias vidas.

Se você precisa ou conhece alguém que precise de ajuda, procure o CVV. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br.

Fonte: (1)
Imagem: Life Insurance Social Responsibility Foundation
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