A mixtape D-2 de Agust D – nome escolhido por Suga para suas produções solos – foi envolvida em uma polêmica pouco mais de uma semana após o seu lançamento.
Antes disso, na tarde de ontem, vários meios de comunicação voltados para a cultura coreana noticiaram que D-2 havia conquistado uma posição histórica na parada britânica, chegando em sétimo lugar junto a artistas renomados como Dua Lipa e Harry Styles.
Com isso, Suga tornou-se o primeiro solista coreano a conquistar uma posição no Top 10 da parada de álbuns. No ranking de singles, Daechwita ficou na 68ª posição.
As comemorações, porém, não duraram muito. Na noite de ontem (horário brasileiro), o nome de Yoongi apareceu nos trending topics mundiais junto a outro que, inicialmente, não teria relação com KPOP.
A polêmica começou quando fãs notaram que na abertura de What do you think? – terceira música do álbum – havia uma voz masculina e que se tratava do trecho de um discurso de Jim Jones.
No trecho específico, Jones fala “Embora você esteja morto, você viverá, e aquele que vive e crê nunca morrerá“, no entanto, a música de Suga fala supostamente sobre suas conquistas e estilo de vida.
Algumas hipóteses sobre a música foram levantadas e fãs puseram em xeque se o próprio Suga teria colocado o discurso de Jones na faixa, já que outros produtores aparecem citados no álbum. A dúvida foi posta de lado quando alguns internautas reviveram um trecho do documentário Bring The Soul (lançado ano passado), em que mostra Suga produzindo a faixa.
예술,, 아rrr트,,, 유노? 창작의 고통으로 완성된 구름이ㅠㅠㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋ첨에 당연히 곡작업하는 줄 알고 정국이 오구오구ㅠㅠ 했다가 귀여워서 오구오궄ㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋ pic.twitter.com/tsXRqhjaa8
— 휘뚜루마뚜루💃🕺 (@_nojam_nolife) October 9, 2019
Quem foi Jim Jones?
Jim Jones foi um pastor americano que tornou-se líder de um culto fanático denominado Templo do Povo. Nos anos 70, Jones mudou-se para a Guiana, onde montou uma comunidade rural autossustentável com seus seguidores. Mais de 900 pessoas chegaram a morar no local que foi batizado de Jonestown.
Após denúncias de abusos aos habitantes de Jonestown, o congressista Leo Ryan decidiu ir até a comunidade para investigar. Ryan e sua delegação chegaram a comunidade em 15 de novembro e foram muito bem recebidos por Jones na ocasião.
AVISO DE GATILHO!
Três dias depois, Ryan foi atacado com uma faca por um dos membros da seita e fugiu da comunidade. Junto dele, além da comitiva que o acompanhava, estavam 15 membros de Jonestown que desejavam abandonar o local. Em um primeiro momento, Jones não se opôs a vontade dos desertores, mas, quando o grupo chegou à pista de pouso de onde deixariam a região, seguranças armados da comunidade – chamados Brigada Vermelha – chegaram ao local e começaram a atirar contra o grupo que embarcava naquele momento. Ao mesmo tempo, um dos supostos desertores, chamado Larry Layton, também sacou uma arma e atirou contra os que já haviam embarcado.
Horas depois da chacina, 909 habitantes de Jonestown – entre eles 304 crianças – morreram de envenenamento por cianeto. Investigações concluíram que Jones havia convencido o grupo a beber suco envenenado sob o argumento que a comunidade seria invadida por conspiradores que matariam e torturariam os moradores e o suicídio era a única saída para que morressem com alguma dignidade. Jones também se matou na mesma ocasião, com um tiro na cabeça. A tragédia ficou conhecida como “A Última Noite Branca”, já que o líder havia feito simulações de suicídios coletivos que foram chamadas de “Noites Brancas”.
O planejamento e execução do suicídio coletivo foram gravados em uma fita que mais tarde foi encontrada pelo FBI. O massacre de Jonestown foi a segunda maior tragédia da história norte-americana atrás apenas do ataque de 11 de setembro de 2001.
A visão comunista de Jones o fez um admirador de Kim Il-sung, primeiro fundador da Coreia do Norte e avô de Kim Jong-un, chegando a criticar os Estados Unidos por serem contrários ao ditador. Ele também chegou a adotar 3 crianças coreano-americanas e incentivou seus seguidores a adotarem órfãos da guerra entre as Coreias.
Jones como referência
Tanto Jim Jones quanto Jonestown já foram citados em diversas produções, como filmes e documentários. Na música, nomes como Frank Zappa, Foo Fighters e Post Malone já fizeram referências ao líder cultista. Lana Del Rey também buscou inspiração em Jones para o clipe de Freak, no qual aparece bebendo suco e com atrizes vestindo roupas brancas.
Ainda não se sabe o porquê do discurso ter sido incluído na faixa de Suga. A Big Hit tampouco se posicionou sobre a polêmica. Continuaremos acompanhando o caso para buscar atualizações.
Fontes: (1), (2), (3), (4)
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