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Sociedade

A bissexualidade na Coreia do Sul e a invisibilidade na mídia coreana

Quando falamos em LGBT, dificilmente lembramos dos significados das outras letras além do G. Lésbicas, trans e bissexuais são invisibilizados dentro do próprio movimento. Porém, quando falamos especificamente em bissexualidade as coisas parecem complicar, já que a ideia que uma pessoa possa sentir atração por mais de um gênero, nos parece estranha. Há uma série de estereótipos sobre pessoas bis, sempre se apontadas como alguém que está numa “fase e/ou experimentação” ou que possui “homossexualidade/heterossexualidade enrustida”.

Hoje (23 de setembro) no Dia Internacional da Visibilidade Bisexual, a KoreaIN quer trazer a discussão para seu publico e ver como um país de viés conservador como a Coreia do Sul lida com o assunto.

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Bissexual em coreano é “yangseongaeja” (양성애자) e se no ocidente parece difícil, na Coreia do Sul o assunto se torna quase inexistente, para se ter uma ideia, apenas em 2013 surgiu estudos sobre a bissexualidade masculina.

Portanto, é difícil ver artistas assumidamente bissexuais ou personagens desta orientação retratados na mídia. Uma exceção ocorreu no K-drama, “The Good Wife”. A personagem Kim Dan da cantora Nana (After School) quando anunciada ser bissexual não teve uma boa reação do público. Mas aos poucos o feedback foi mudando, Nana comentou: “Esta é a primeira vez que recebo tantos bons comentários e reações sobre minha carreira, por isso estou honestamente atônita”. O remake coreano trata a bissexualidade de modo mais modesto que a série original dos EUA, qual foi um ponto elogiado. Quanto a orientação da personagem a cantora falou: “Eu sabia desde o início que minha personagem é bissexual, e isso não me sobrecarregava. Na verdade, pensei que seria mais refrescante, já que não havia esse papel em dramas coreanos antes.”

A personagem da cantora Nana no k-drama The Good Wife é bissexual.

Com representação tão escassa, é ainda mais difícil para um artista se assumir bi, mas alguns já deram algumas pistas. (NOTA: Não se pode afirmar que estes artistas realmente são bissexuais, trata-se de especulação) Durante a promoção japonesa do álbum Danger, o cantor Suga do grupo BTS falou do seu tipo ideal, e em suas palavras: “Eu foco na personalidade e atmosfera. Eu não tenho um tipo ideal e não está limitado a uma garota”.

Suga (BTS) poderia ser bissexual?

Na época da Parada LGBT na Coreia do Sul, a integrante do SNSD, Taeyeon, em apoio desenhou em seu instagram stories a Bandeira Bissexual, que possui as cores azul, roxo e rosa e representam homens (azul) e mulheres (rosa). Outras vezes ela demonstrou apoio à comunidade LGBT, mas dessa vez em particular ela escolheu justamente as cores bi, o que gerou boatos.

Instagram Stories da integrante Taeyeon no Dia da Parada LGBT.

 

Na politica não há qualquer avanço, pois sua base está pautada, infelizmente, em noções erradas de normalidade heterossexual. Apesar do progresso a ser feito ao considerar que há gays militares, por exemplo, não qualquer consideração que esses “gays” sejam em realidade bissexuais. E mesmo quando falamos em reuniões da comunidade LGBT, gays e lésbicas são bem divididos, quase rivalizando e seus espaços não se misturam.

Mas isto não quer dizer que nada esteja mudando, este ano a Coreia do Sul recebeu em Busan sua primeira parada de Orgulho Bissexual. O Centro Coreano de Cultura e Direitos da Minoridade Sexual (KSCRC) realizou o evento em prol da bi-visibilidade. Sua representante Candy Yun afirmou: “A Coréia teve desfiles de Orgulho desde o ano 2000, e há vários anos indivíduos e organizações começaram a trazer diversas bandeiras de orgulho para os desfiles, mas nunca temos uma bandeira bissexual. Então, decidimos trazê-lo para promover a bi-visibilidade”. A bandeira Bi utilizada no Festival de Cultura Queer de Busan possuia 10 metros de comprimento.

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E sobre o papel de personagens bis na mídia ela comentou: “Há poucos casos em que pessoas bissexuais são representadas na TV e, mesmo que seja, muitas vezes é descrita como uma pessoa confusa”, e completa: “A falsa representação na mídia apenas reforça os preconceitos negativos contra pessoas bissexuais”.

Na Parada LGBT da Coreia do Sul varias bandeiras de Orgulho começaram a ter espaço, mas a bandeira Bi ainda não é vista.

É muito importante entender que a bi-apagação é um fato na Coreia do Sul, no Brasil e no mundo e como a própria Yun disse: “O casamento do mesmo sexo, a discriminação e a estigmatização das minorias sexuais também são comuns às pessoas bissexuais”. Faça sua parte e Be Proud!

NOTA: Há também a panssexualidade, pessoas que sentem atração por pessoas independente do gênero e não se limitam a forma binária destes, incluindo pessoas não-binaria e agêneros, por exemplo. A panssexualidade então vem como um termo político e inclusivo. Porém é importante frisar que é equivocado dizer que a bissexualidade se limite a atração de homens e mulheres, esta se refere a atração por dois ou mais gêneros e não necessariamente feminino e masculino. Fato é que são pessoas que não se incluem na ideia de monossexualidade. São diversas as orientações que fazem parte desse espectro, como polissexuais, queer, fluid, etc.

Por Amanda Soares
Fonte: Soompi, Quora, dCollection, SBS
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